Maria Eduarda Diniz – acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A Ganha Pão ( Breadwinner, na versão original) é um filme de drama canadiano-hiberno-luxemburguês de 2017 dirigido e escrito por Nora Twomey, Anita Doron e Deborah Ellis. O longa conta a história de Parvana, uma jovem que vive no Afeganistão governado pelas forças do Talibã. Quando seu pai é preso de maneira injusta, ela precisa se disfarçar de menino para trabalhar e garantir o sustento de sua família.
A Ganha Pão é um filme triste porque conta uma história fictícia que traduz milhares de histórias reais de meninas como Parvana. O filme, além de abordar o cotidiano da menina que tem que se vestir de menino para trabalhar, mostra as conseqüências de uma terra em guerra. Logo no inicio do longa, de maneira bem didática, é apresentado ao telespectador o histórico de paz e guerra que se sucedeu na região, com impérios sempre indo para retirar da terra e matar quem quisessem matar, e como isso impediu que o Afeganistão se desenvolvesse de forma completa. Depois, com o golpe de estado e a guerra civil, o Talibã veio para “compor a ordem”, e isso resultou na completa subjugação das mulheres, consideradas apenas para a procriação.
Com traços leves, simples e quase infantis, a animação apresenta uma delicadeza na forma de contar a história. Focando no dia a dia da menina, desde a prisão do seu pai até sua nova vida como um menino; há um vislumbre da vida naquela região, com a guerra sempre ameaçando destruir o chão sob os pés de todos, com um governo de fanáticos sempre ameaçando aqueles que não seguissem as regras estabelecidas, com uma sociedade sem grande acesso a educação e jovens meninos se alistando ao Talibã esperando glórias, apenas para desejar fugir da guerra quando ela, inexoravelmente, veio novamente.
O filme é um retrato muito humano das dores daqueles que são obrigados a serem silenciados. Para Parvana, a liberdade só seria alcançada se ela fosse um menino, e o mesmo acontece com muitas meninas afegãs que passam pelo mesmo processo que ela. Ainda no clima do dia da mulher, esse filme lembra da luta que ainda continua porque para muitas meninas e mulheres, a liberdade e a sobrevivência ainda não chegaram.
