
Mikhail Alexander – Acadêmico do 5 semestre de Relações Internacionais da Unama.
Para entendermos a atual transição de poder, é necessário fazer um recorte histórico, mais especificamente, entre 1800 e 1860. Nesse período, o mundo estava prestes a eclodir em alguns dos fatos mais importantes para a humanidade, mas o principal foco, é a produção de bens mundial. Cerca de metade dela, era produzida na Ásia, que possuía metade da população mundial, no entanto, no século seguinte, o cenário já não era mais o mesmo, e isso ocorreu principalmente por conta da intensificação da Revolução Industrial, o que direcionou o foco do mundo para Europa e Estados Unidos, elevando-se a centro dominante.
Em primeira instância, é essencial o entendimento de dois conceitos bases abordados pelo teórico Joseph Nye. O primeiro, que é desenvolvido melhor no livro ‘’Soft Power: The Means To Success In World Politics’’, nos traz incialmente o conceito de poder, que é ‘’A capacidade de você conseguir o que quer” (NYE, 2004, p. 1). Há muitos séculos, os Estados entram em conflito por poder, contudo, nas últimas décadas, novas abordagens surgiram e originaram o Soft Power, que é “A capacidade de obter resultados, e se necessário, influenciar para alcançar seus objetivos” (NYE, 2002, p. 30). É inegável que a influência norte americana é muito forte em todo o globo terrestre, boa parte dessa influência vem do final da segunda guerra mundial, onde para mostrar seu poder militar, os EUA bombardearam duas cidades japonesas cheias de inocentes com armas nucleares, e mostrou seu poder econômico emprestando dinheiro para países europeus se recuperarem do conflito.
Outro marco foi a vitória dos Estados Unidos no fim da Guerra fria, solidificando a globalização do capitalismo e o mantendo como principal sistema econômico. Com isso, se teve uma estruturação dos EUA como país que rege o sistema internacional. Atualmente, conseguimos observar uma transição de poder e um impacto maior do soft power. Desde o fim dos anos 90, a China vem em uma ascensão avassaladora, oque acabou por gerar desconforto no sistema internacional.
Por outro lado, nota-se que desde a grande crise de 2008, a hegemonia norte-americana vem perdendo força, enquanto a Ásia vem estruturando cada vez mais. Trazendo para a atualidade, conseguimos ver isso na prática. O Conflito Rússia X Ucrania, abalou e mexeu na estrutura dos países,quando voltou-se a ter EUA de um lado, e Rússia de outro. Nesse momento, houve um enorme investimento estadunidense no conflito, e somado a isso, um enfraquecimento do dólar, pois, as séries de embargos feitos a Rússia, fizeram com que as relações comerciais, começassem a serem feitas em outras moedas fora do dólar. Não somente isso, mas enquanto os EUA estavam preocupados em investir no conflito, a China proporcionou eventos de integrações entre os principais países asiáticos. (UOL, 2023)
Por conseguinte, a balança do poder começa a enfraquecer de um lado, e se fortalece em outro, um continente que outrora, era considerado o centro do mundo, está voltando a ter sua devida influência exercida na proporção certa. Torna-se, assim, cada vez mais real, as projeções econômicas feitas por Goldman Sachs, em que, até 2027, a China passaria os Estados Unidos, como maior economia do mundo.
Portanto, pode-se observar que, mais uma vez, o mundo está passando por mudanças significativas em sua estrutura, nos direcionamentos possivelmente para uma Ásia que represente o centro do globo.
REFERÊNCIAS:
NYE, Joseph Samuel Jr. The Paradox of American Power: Why the World’ Only Superpower Can’t Go It Alone. Oxford University Press, 2002.
Keohane, R. O., & Nye, J. S. (1977). Poder e Interdependência: A política mundial em transição. Editora da Unesp. Nye, J. S. (2004). Soft Power: The Means to Success in World Politics. PublicAffairs
Xi Jinping celebra “nova era” nas relações da China com Ásia Central. UOL. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2023/05/18/china-recebe-lideres-da-asia-central-em-cupula-para-fortalecer-alianca-regional.htm>. Acesso em: 25 jun. 2023.
