
Cristine Oliveira, acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais
Ficha técnica:
Ano: 2009
Diretor P. J. Hogan
Distribuidora: Walt Disney Pictures
Gênero: Comédia. Romance.
Países de origem: Estados Unidos
A comédia romântica “Os delírios de consumo de Becky Bloom”, baseada no livro homônimo de Sophie Kinsella, apresenta a história de Rebecca Bloomwood, uma jornalista que sonha em trabalhar em uma revista de moda renomada, no entanto, a jovem possui um vício em compras que a leva à uma jornada cômica e emocionante.
A história é contada a partir do ponto de vista da protagonista, a apresentação da personagem inicia em torno da sua forte ligação com artigos de moda. Desde criança, Becky é obcecada por compras, bombardeada a todo momento com propagandas e vitrines chamativas, ela descobre um verdadeiro vício e logo se torna um problema, a partir do momento em que ela começa a se endividar. Em busca de solucionar as dívidas e empréstimos, ela decide atender à uma entrevista de emprego na revista de moda, a qual sempre sonhou trabalhar, porém, nem tudo sai como esperado e ela tenta uma vaga em uma revista de questões econômicas, mas também não obtém sucesso.
Em um ato de desespero, Becky consegue trabalhar na revista do ramo econômico, e passa a escrever uma coluna chamada “Garota da Echarpe Verde”, aproximando o público geral à questões econômicas, falando sobre o que ela tem familiaridade, o mundo das compras. Rebecca rapidamente recebe reconhecimento pelo seu trabalho e se torna um sucesso, contudo, apesar de seu desempenho na área profissional, as dívidas continuam e o vício também, o que leva a protagonista à tomar decisões inusitadas, que afetam diversos aspectos de sua vida.
A partir das temáticas abordadas no filme, pode-se traçar um paralelo com a Teoria Crítica das Relações Internacionais, a qual questiona as estruturas de poder, os interesses e discursos presentes nas relações globais. Para o teórico Theodor Adorno (2002), a cultura de massa e a indústria cultural são resultados do sistema capitalista, de modo que, o objetivo desses mecanismos seja formatar a sociedade de acordo com os interesses e ideologias que sustentam o próprio sistema e perpetuam o domínio das classes dominantes. Dessa maneira, Becky Bloom, pode ser interpretada como um retrato dessa cultura de massa, visto que os desejos e sonhos da personagem são manipulados pelas propagandas que a cercam, demostrando como as grandes marcas de luxo, apresentadas no filme, influenciam no modo de vida dos indivíduos, atrelando aos produtos status e emoções, para a criação de uma cultura pautada no consumo.
Em síntese, a obra “Os delírios de consumo de Becky Bloom”, apresenta importante reflexão acerca do consumismo exacerbado, que sob a perspectiva de Adorno, pode ser entendido como consequência da indústria cultural estabelecida pelo sistema capitalista. Logo, o filme, além de entreter o espectador, permite um olhar analítico a partir da Teoria Crítica das Relações Internacionais.
Referências:
ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002
