
Brenna da Silva Dias
acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Ícone da cultura paraense, o rei do carimbó, Pinduca é uma figura de extrema importância quando se trata da música regional e da valorização das tradições culturais da região. Sua contribuição para a cultura paraense, principalmente para o ritmo carimbó, é inegável, além disso sua importância não se restringe apenas ao meio musical.
Nascido em 4 de julho de 1937, em Igarapé-Miri, interior do Pará, Aurino Quirino Gonçalves já possuía influência da música desde o início de sua vida, seu pai era professor de música e foi com ele que o cantor aprendeu as primeiras notas musicais. O artista possui 13 irmãos, 9 homens e 4 mulheres, alguns até seguiram carreira musical profissional.
Pinduca iniciou sua carreira aos 14 anos, tocando pandeiro nas celebrações da festa de Nossa Senhora do Rosário na vila de Maiauatá, Igarapé-Miri. Durante a alvorada que dava início aos festejos às 5 horas da manhã, Pinduca inovou ao levantar-se e dançar enquanto tocava suas maracas. Essa atitude surpreendente atraiu a atenção do público, resultando em um grande sucesso para sua apresentação. Esse evento marcou o começo da carreira promissora de Pinduca e sua influência na música regional e nacional. (PINDUCA, 2013)
Aos 16 anos ele se mudou para Abaetetuba, onde participou da Orquestra Brasil. Logo após parte para a Capital, Belém onde participou da Orquestra de Orlando Pereira, como baterista, nessa época considerado um dos melhores baterista do Pará. Alistou-se no Exército, e seguiu carreira na Polícia Militar até chegar a Tenente Mestre da Banda de Música da PM.
Em 1957 Pinduca, ainda Aurino cria sua própria banda, durante esse período, enquanto preparava a decoração dos chapéus de palha para uma apresentação de quadrilha em uma festa junina, ele deu nomes caipiras aos chapéus, como Tio Bené e Nhô Zé. Embora seu apelido original fosse Noca, sua identidade mudou quando um dos chapéus foi escolhido com o nome Pinduca por Aurino Quirino. A partir desse momento, Aurino, anteriormente conhecido como Noca, passou a ser conhecido como Pinduca. (PINDUCA, 2022)
Em 1973 seu primeiro disco foi gravado e lançado, a sonoridade diferente adicionada ao carimbó fez grande sucesso e o álbum “Carimbó e Sirimbó do Pinduca” vendeu cerca de 15.000 mil cópias.(PINDUCA, 2013)
Pinduca o ritmo do carimbó, inspirado em suas experiências em bandas de baile e influenciado pela Jovem Guarda e pela música caribenha. Ele introduziu instrumentos elétricos e um grande naipe de metais, absorvendo ritmos da América Central. Isso resultou em críticas de mestres veteranos do carimbó, que o acusaram de desvirtuar as raízes originais do gênero, levando ao surgimento do termo “carimbó elétrico” para descrever sua música.
O cantor também foi responsável por popularizar o ritmo da lambada, ele foi o pioneiro na gravação do subgênero da lambada em seu quinto álbum, “No Embalo do Carimbó e Sirimbó Vol. 5” (1976). Essa música instrumental, intitulada “Lambada,” misturou elementos do Pará (carimbó e siriá) com influências latinas da cumbia colombiana e do merengue dominicano. Sua inovação contribuiu para a difusão desse gênero musical. (PINDUCA, 2022)
É possível relacionar o cantor Pinduca e a sua importância para a perpetuação do carimbó na cultura nortista com a virada estética das Relações Internacionais. A expressão se refere a uma abordagem teórica que enfatiza a importância das dimensões estéticas, como a arte, a cultura, moda e a estética visual, na análise e compreensão das Relações Internacionais. O autor Roland Bleiker argumenta que as dimensões estéticas possuem um impacto significativo na política, podendo até mesmo afetar as relações internacionais (BLEIKER, 2018).
A importância da reformulação do ritmo paraense feito por Pinduca trouxe grande reconhecimento interno, aproximando o jovem com as raízes paraense, e externamente, levando a cultura nortista para o Brasil e o mundo.
Em 2005 ele recebeu o prêmio de Ordem do Mérito Cultural e em 2017 sua importância foi reconhecida internacionalmente através do prêmio de Grammy Latino daquele ano.
Referencias:
Pinduca, 2013. Last.fm. Disponível em: <https://www.last.fm/pt/music/Pinduca/+wiki>. Acesso em: 18 set. 2023.
BLEIKER, Roland. Mapping Visual Global Politics. 2018
PINDUCA. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2022. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa640890/pinduca. Acesso em: 17 de setembro de 2023
