Carol Nascimento – internacionalista formada em Relações Internacionais pela Unama

O campo de estudo das Relações Internacionais, ainda que relativamente novo, sofreu diversas transformações durante sua existência, com mudanças de tendências e agendas, sendo acompanhado pelo Sistema Internacional e os diversos agentes que o compõem. Desde o século XX, debates acerca da política ambiental internacional e governança global ambiental (PORTER, BROWN, 1991) já ocupavam a mesa de grandes discussões internacionais, assim como abordagens organizacionais, regimes internacionais e governança global a fim analisar o problema da gestão coletiva do meio ambiente (KEOHANE, 2001).

Recentemente, a região Norte, mais especificamente Belém do Pará, tem sido palco para diversos eventos internacionais que chamaram a atenção do mundo, como, o Diálogos Amazônicos e a Cúpula da Amazônia, ambos em agosto deste ano. Além disso, a capital paraense se prepara para receber a COP 30, em 2025, evento de maior relevância para discussões climáticas no mundo. O protagonismo da região Amazônica segue se fortalecendo no cenário internacional, tendo sido inclusive mencionado pelo presidente Lula durante seu discurso na 78º Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. “O mundo inteiro sempre falou da Amazônia. Agora, a Amazônia está falando por si. Sediamos, há um mês, a Cúpula de Belém, no coração da Amazônia, e lançamos nova agenda de colaboração entre os países que fazem parte daquele bioma”. (LULA, 2023).

Com este contexto, o profissional de Relações Internacionais se torna não apenas relevante, mas extremamente fundamental para a compreensão de tais temáticas e de como elas reverberam no Sistema Internacional. E, é claro, que os profissionais de RI da região possuem vantagem competitiva significativa neste cenário, uma vez que estão no epicentro dessas discussões e em uma localização geograficamente estratégica para gerar conhecimento relacionado à região Amazônica. Os internacionalistas da Amazônia podem desempenhar um papel direto na Diplomacia Ambiental, no Desenvolvimento Sustentável, nas Questões Indígenas e dos Povos Tradicionais, bem como na gestão das fronteiras da região.

O curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia, por exemplo, prepara seus acadêmicos para a temática desde a concepção da matriz curricular, que traz disciplinas estratégicas e aprofundadas, como, por exemplo, “Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente”, “Antropologia, Cultura e Civilização dos Povos” e “Questões Regionais e Ambiente Internacional”, além de trazer eventos relevantes com participação de especialistas para discutir e discorrer sobre as temáticas.

Conforme afirmou Lula ainda na abertura da 78ª Assembleia Geral, “retomamos uma robusta e renovada agenda amazônica”, e este desafio requer a competência e expertise de profissionais que estejam inseridos na realidade local e que tenham a capacidade técnica de debater e produzir conhecimento a ser difundido nacional e internacionalmente para e sobre a Amazônia.

REFERÊNCIAS

PORTER, Gareth & BROWN, Janet. Global environmental politics. Boulder: Westview, 1991, p. 208

KEOHANE, Robert. “Governance in a partially globalized world: presidential address, American Political Science Association, 2000.” In: American Political Science Review (APSR) 95, 1, March 2001, p. 11Veja o discurso de Lula na Assembleia-Geral da ONU em quatro pontos (cnnbrasil.com.br)