
Daiany Lima Duarte – 2° semestre de Relações Internacionais da Unama.
Em sua obra, Sarfati parte das “Origens do campo de Relações Internacionais” falando sobre 1919, um ano muito importante pois temos a criação da primeira cadeira de Relações Internacionais. Após esse momento, o autor cita a Primeira Guerra Mundial e sua similaridade com a atualidade pois muito do que se estava perguntando e tentando alcançar uma resposta ainda perpetua nos dias atuais como no caso Rússia x Ucrânia, Israel x Palestina e dentre outros conflitos/guerras.
O autor também compartilha questionamentos que muitos internacionalistas – e não internacionalistas – fazem acerca do que seria estudar e ser um profissional na área. O fato desse campo ter se tornado independente em 1919 significa que antes disso as organizações, corporações e segurança internacional não entraram em conflito? Não, sempre houve.
Mas o que havia era uma mesclagem desse campo em outros, tomo como exemplo o campo de Economia, antes, os especialistas nessa área achavam que tinham respaldo o suficiente para falar sobre as grandes crises que acometem o sistema internacional, mas ele não poderia falar sobre as políticas sociais, as relações dos Estados para com outros ou até mesmo intermediar um conflito pois sua área limitava-se somente ao quesito econômico. Assim vale pra Direito e tantos outros.
É possível um internacionalista faqlar sobre economia, mas é impossível um economista falar sobre as relações internacionais, usando apenas suas ferramentas teóricas econômicas.
Esse campo obteve uma influência de diversos outros, como o próprio campo econômico, político e das ciências sociais pois, como o próprio autor diz: “É impossível estudar as Relações Internacionais contemporâneas sem antes passar por aqueles que compõem sua pré-história”, ou seja, é impossível querer entender o que faz com que muitos Estados optam por uma guerra sem antes não ter lido A Guerra Do Peloponeso de Tucídides, O Príncipe de Maquiavel para entender o comportamento de muitos representantes desses Estados ou até mesmo O Manifesto do Partido Comunista para compreender as lutas sociais que acontecem por todo o globo.
E é isso o que diferencia Relações Internacionais para os demais campos, a teoria. As teorias apresentadas e discutidas são específicas do nosso campo, são teorias que são independentes das ciências sociais e que nos ajudam a compreender o mundo.
Em “O que é e para que serve uma teoria?”, Sarfati detalha que são teorias que vão desde empíricas até as constitutivas, perpassando por Smith, Hollis, Waltz e Wight. Essas teorias têm como finalidade responder às mais diversas realidades que existem no mundo. Não há como falar sobre a realidade africana utilizando uma perspectiva norte-americana.
Além disso, Sarfati nos leva a pensar sobre “O que é realidade?” Utilizando o filme Matrix para tentar explicar o que seria essa realidade, mas após isso, há uma foto de uma pessoa e ele nos pergunta o que estamos vendo, o que nos leva a prestar atenção nos discursos referentes a foto.
Quando falamos sobre as realidades do mundo, é necessário utilizar a ótica anti-imperialista. Os discursos imperialistas e de viés inteiramente ideológico da grande elite internacional estarão no caminho dos futuros internacionalistas, ora, toda vez que estes forem olhar uma foto de uma pessoa árabe, por exemplo, irão pensar que essa faz parte de um grupo “terrorista” e não de um grupo de resistência contra um Estado que financia o governo de seu país a pratica um genocídio com seu povo somente por ser uma retórica muito utilizada por países do alto escalão? É para isso que há as teorias.
Dessa forma, a partir do que discute Sarfati, é possível afirmar que as análises realizadas por profissionais devem ser necessariamente resultados das aproximações dos fatos com as ferramentas teóricas de modo a permitir que o olhar seja profundo, fundamentado e crítico.
Sem teoria não se faz ciência.
Referência
SARFATI, Gilberto.Teoria das Relações Internacionais,2006.
