
Brenna da Silva Dias
acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Uma das figuras mais importantes no ativismo e na política brasileira especialmente na defesa dos direitos das comunidades LGBTQ+ e das pessoas negras. Erika Hilton é a primeira travesti negra a ser eleita deputada.
Nascida em 9 de dezembro de 1992 em Franco da Rocha, Erika Santos Silva cresceu na periferia de Francisco Morato. Com uma adolescência conturbada, aos 14 anos foi viver em Itu com tios evangélicos que a enviaram à igreja para que fosse “curada” da transsexualidade. No ano seguinte foi expulsa de casa por conta de sua identidade de gênero e foi viver nas ruas, sem amparo, Erika entrou para protistuição para sobreviver. Anos depois restabeleceu relações com sua mãe e voltou a morar com ela, e foi só então que voltou para os estudos e finalizou o ensino médio. Na faculdade, cursou pedagogia na Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, foi aí que conheceu e entrou no movimento estudantil, fundando um cursinho pré-vestibular para mulheres trans e travestis. (EBiografia, 2022)
Seu primeiro embate público ocorreu em 2015 contra uma uma empresa de ônibus que não aceitou imprimir seu nome social em sua passagem. Depois de grande mobilização online pelo direito de pessoas trans ao nome social, Hilton teve sucesso. A partir daí a ativista se filiou ao PSOL para lutar a favor dos direitos das pessoas LGBTQI+.
Em 2016 Erika se candidatou como vereadora de Itu, contudo não se elegeu. Em 2018 passou a integrar a Bancada Ativista e se candidatou para Assembleia Legislativa em São Paulo, e conseguiu se eleger. Durante a sua campanha na Bancada Ativista, Hilton recebeu diversos ataques transfóbicos, diversos e-mails ameaçando sua vida e até mesmo um muro pichado com a frase “Travesti eleita morta” foi mandado para deputada. (EL PAÍS, 2021)
Em 2020 Erika se candidata como Deputada do Estado de São Paulo e vence, sendo a mulher mais votada em território nacional, e sendo a primeira travesti negra a ocupar tal cargo. Logo após, foi nomeada presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Vereadores de São Paulo.
No ano seguinte, Hilton foi perseguida dentro da Câmara Municipal de São Paulo por um homem mascarado que portava símbolos religiosos, a vereadora prestou queixa. Ainda em janeiro do mesmo ano, Erika protocolou uma ação contra 50 pessoas suspeitas de fazer ameaças transfóbicas e racistas contra ela na internet. (G1, 2022)
Em 2022 Erika esteve a frente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Violência Contra Pessoas Trans e Travestis, o projeto sugere a adoção de medidas de inclusão e combate à violência nas áreas da saúde, segurança pública, educação e empregabilidade, a proposta foi aprovada por unanimidade. (CARTA CAPITAL, 2022).
É possível relacionar a vereadora e ativista Erika Hilton a Teoria Queer das Relações Internacionais. A teoria Queer busca desconstruir conceitos já estabelecidos de Estado, soberania, poder, economia e segurança ao contestar, por instância, a heteronormatividade e as relações conflitivas entre agência pessoal, que consiste na reflexão de cada indivíduo sobre suas ações e estrutura estatal, que corresponde a estrutura de formação de um estado e o funcionamento desta para a manutenção do poder (THIEL, 2017).
Erika constantemente ainda é alvo de ataques transfóbicos e preconceituosos. Contudo, com sua força e senso de justiça está sendo uma voz fundamental para desconstruir e romper o preconceito arraigado no Brasil, ajudando a construir um país mais justo e igualitário para a comunidade LGBTQIA+ que por tanto tempo teve sua voz e direitos ignorados e negligenciados.
REFERÊNCIAS
HIEL, Markus. Queer Theory. In: MCGLICHEY, S.; WALTERS, R.; SCHEINPFLUG, C. (org.) International Relations Theory. Bristol: E-International Relations Publishing, 2017.
AIDAR, L. Erika Hilton, EBIOGRAFIA. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/erika_hilton/>. Acesso em: 1 oct. 2023.
OLIVEIRA, J. Erika Hilton, uma ativista negra e trans, no lado oposto de Bolsonaro, EL PAÍS. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2021-04-02/erika-hilton-uma-ativista-negra-e-trans-no-lado-oposto-de-bolsonaro.html>
. Acesso em: 1 oct. 2023.
CÉSAR, C. Relatório da CPI da Violência contra Trans e Travestis é aprovado por unanimidade em SP, CARTA CAPITAL. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/politica/relatorio-da-cpi-da-violencia-contra-trans-e-travestis-e-aprovado-por-unanimidade-em-sp/>. Acesso em: 1 oct. 2023.
Vereadora Erika Hilton registra boletim de ocorrência por ameaça após ser perseguida dentro da Câmara de SP, G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/01/28/vereadora-erika-hilton-registra-boletim-de-ocorrencia-por-ameaca-apos-ser-perseguida-dentro-da-camara-de-sp.ghtml>. Acesso em: 1 oct. 2023.
