
Camila Neris – acadêmica do 6° semestre de Relações Internacionais da Unama
A era da pós-modernidade, que corresponde ao período atual, tem por característica a crescente participação das tecnologias na vida cotidiana da sociedade, transformando as formas de se comunicar e se relacionar. Não obstante, a educação e a relação professor-estudante também tem passado por alterações devido a inclusão de tecnologias e evidenciam a necessidade de adaptar o ensino para atender a uma nova realidade.
Segundo Giddens (2004), hoje, as consequências da modernidade estão mais universalizadas e radicalizadas que antes, isso significa dizer que diferente de outros momentos da história da humanidade, as inovações tecnológicas têm um poder cada vez maior de impactar um número de pessoas considerável. Desta forma, a popularização do celular, computador, e a própria internet trouxe modificações em todos os aspectos da sociedade, inaugurando o chamado ciberespaço. É neste local onde ocorre boa parte da socialização, inclusive de aspectos políticos, mobilização para causas importantes e trocas entre diversos públicos.
Nesse sentido, o acesso às tecnologias torna-se fundamental para o desenvolvimento da cidadania, de modo que urge a inclusão destas na educação dos estudantes, pois “se o funcionamento da sociedade e suas práticas sociais mudaram, as competências e capacidades dos cidadãos não podem mais ser as mesmas” (…). Esta constatação se faz valer através da inclusão da “cultura digital” na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a qual entende que cabe à escola e aos professores o dever de integrar os alunos à nova realidade e familiarizá-los com as ferramentas atuais.
Historicamente a figura do professor ocupou um papel de monopolizador do conhecimento que deveria ser transferido para a classe, e os alunos desempenhavam um papel passivo. No entanto, hoje vemos que isto não mais se aplica uma vez que o amplo acesso às informações e ao ciberespaço que os estudantes são incluídos desde sua infância os proporciona uma variedade de informações à sua disposição. Desta forma, a função do professor é alterada, se tornando mediador da aprendizagem e cabe a eles o desafio de estimular o pensamento crítico e inserir os alunos de maneira consciente no mundo digital. Para Strey e Kapitanski (2011, p. 55) “o progresso e as inovações tecnológicas provocam mudanças rápidas no modo de vida da sociedade, nas formas de educar e aprender, nas concepções de ensino e nas qualificações”.
Apesar das transformações presenciadas na sociedade e a necessidade de reformulação dos métodos de ensino, é válido ressaltar que a revolução tecnológica não atinge uniformemente todas as classes sociais, provocando a exclusão de uma parcela da população. Ademais, constitui-se como desafio para a efetivação do ensino digital a falta de familiaridade que os docentes apresentam, pois muitos advém de uma geração anterior que não cresceu inserida no contexto tecnológico, de modo que carecem de formação digital formal (para que estejam aptos a dialogar com os seus alunos) e dos recursos necessários (SANTOS, 2021).
Portanto, é notável a transição pela qual passa o papel do professor em sala de aula devido aos avanços e popularização da tecnologia, que no entanto, mantém a função principal deles, que segundo Paulo Freire (1979) é de contribuir para a construção de uma sociedade pensante. Há ainda a urgência da democratização do acesso ao ciberespaço e ferramentas tecnológicas para que assim todos possam exercer a plena cidadania.
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo; TORRES, Carlos Alberto; NOVOA, Carlos Alberto Torres. Diálogo com Paulo Freire. Edições Loyola, 1979.
GIDDENS, Anthony; SUTTON, Philip W. Conceitos essenciais da sociologia. SciELO-Editora UNESP, 2017.
SANTOS, Willian Lima et al. Cultura digital e BNCC: contradições e desafios para a prática docente Digital culture and BNCC: contradictions and challenges for teaching practice. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 6, p. 55908-55921, 2021.
STREY, M. N e KAPITANSKI, R. C. Educação & Internet. São Leopoldo, Sinodal, 2011.
