Amanda Olegário, acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Ficha Técnica:

Ano: 2005

Diretor: George Lucas 

Distribuidora: 20th Century Fox/Walt Disney Studios

Gênero: Ficção Científica

País de origem: Estados Unidos

O filme Star Wars: A Vingança dos Sith, lançado em 2005, é o sexto filme da aclamada série Star Wars e o terceiro em ordem cronológica. A trama se desenrola três anos após o início das Guerras Clônicas, com os Cavaleiros Jedi liderando uma luta desesperada contra as forças Separatistas, em toda a galáxia. O Conselho Jedi atribui a missão de eliminar o temido General Grievous, líder do Exército Separatista, ao Mestre Jedi Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor). Enquanto isso, o Cavaleiro Jedi Anakin Skywalker (Hayden Christensen) fica cada vez mais próximo de Palpatine (Ian McDiarmid), que é tanto o Supremo Chanceler da República Galáctica, quanto um Lorde Sith, em segredo. Essa relação aprofundada entre Anakin e Palpatine coloca em risco a Ordem Jedi, a República e até mesmo a própria trajetória de Anakin.

No Episódio III, Palpatine, consolidado no poder, utiliza estratégias legais para tomar o controle do Senado, derrotar os Jedi e declarar a transição para um governo militarista e autoritário, enquanto secretamente, fomenta o conflito e a guerra civil ao aproveitar-se da burocracia e da ganância da Federação do Comércio, seus aliados. A democracia enfraquece, e o povo aplaude a transformação, refletindo a ideia de que “é assim que a liberdade morre, com um estrondoso aplauso”, expressada pela fala da personagem Padmé Amidala (Natalie Portman). O golpe de Estado ocorre legalmente, apoiado pela concessão de plenos poderes pelo Senado, justificado pela necessidade de proteger os habitantes da galáxia de uma guerra civil (Silva et al, 2022)

No desfecho do filme, Palpatine quase elimina todos os seus inimigos e aliados inconvenientes, com a ajuda de seu novo aprendiz Darth Vader, ordena o assassinato dos membros da Federação Comercial e executa a Ordem 66, resultando na destruição da maioria dos Jedi, acusados sem julgamento ou chance de defesa. Ele se proclama como o próprio Senado, estabelecendo seu poder. Yoda e Obi-Wan, como sobreviventes, partem para o exílio, aguardando o momento oportuno para o retorno dos Jedi, cuja missão sempre foi trazer paz e esperança à galáxia (Silva et al, 2022). 

Com base nisso, podemos relacionar o filme com a Teoria Pós-Moderna de Relações Internacionais, a partir da perspectiva de Michel Foucault sobre poder e discurso. O autor enfatiza que a comunicação, como uma forma de influenciar os outros, está intrinsecamente ligada ao poder. Ele vê a distinção entre força (coerção) e poder (consenso) como uma máscara que encobre o poder presente na sociedade (Love, 1989).

Além disso, Foucault destaca que o discurso dos direitos, da mesma forma que o discurso da verdade, serve para esconder o poder subjacente e revela que o direito tem suas raízes na dominação. Ele substitui o problema da dominação e subjugação, pelo problema da soberania e obediência. Da mesma forma, argumenta que o discurso democrático e o poder disciplinar estão estreitamente ligados, sugerindo que a democracia pode ser uma forma de exercício do poder disciplinar (Love, 1989). 

Em várias cenas do filme, vemos como a comunicação desempenha um papel fundamental na política da galáxia, e como Palpatine usa a comunicação para manipular e influenciar outros personagens, como o jedi Anakin Skywalker, o qual é persuadido a se juntar ao Lado Negro da Força e torna-se Darth Vader, demonstrando a execução do poder disciplinar. Ademais, o vilão do filme disfarça suas verdadeiras intenções por trás de uma fachada de sabedoria e justiça, semelhante ao que Foucault descreve como uma máscara que esconde o poder, levando o público a acreditar que ele é um líder justo e sábio, enquanto secretamente busca o poder absoluto.

A ascensão de Palpatine ao poder e sua transformação da República em um Império Galáctico militarizado, ilustram como o discurso dos direitos e da democracia podem mascarar a dominação e a busca pelo poder autoritário. O personagem se utiliza de estratégias legais para consolidar seu domínio sobre a galáxia, mostrando como o discurso democrático pode ser manipulado para alcançar objetivos autoritários.

Dessa forma, a obra cinematográfica de George Lucas oferece uma reflexão sobre a fragilidade das democracias e o potencial para a ascensão de governos autoritários por meios lícitos, mostrando como o poder político pode ser exercido de maneiras complexas e manipuladoras dentro do Sistema Internacional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO DA SILVA, M. L.; PONTES RIBEIRO, J. M.; PEREIRA, R. dos S. A Saga Star Wars e a Política: Discussões e Possibilidades de Conceitos-Imagens da Saga para o Ensino de Filosofia: Star Wars And Politics: Discussions and Possibilities of Saga Concepts-Images for Teaching Philosophy. Revista Contexto & Educação[S. l.], v. 37, n. 116, p. 239–257, 2022. DOI: 10.21527/2179-1309.2022.116.11742. Disponível em: https://revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/view/11742.

LOVE, N. S. (1989). Foucault & Habermas on Discourse & Democracy. Polity, 22(2), 269–293. doi:10.2307/3234835 

RABELO, P. Resenha | A Vingança dos Sith – Sociedade Jedi. Disponível em: <https://sociedadejedi.com.br/2015/11/19/resenha-a-vinganca-dos-sith/&gt;. Acesso em: 8 nov. 2023.

STAR Wars: Episódio III – A vingança dos Sith. Direção e produção: George Lucas. Estados Unidos: Lucasfilm, 2005.