Fabiana Barros, acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais

O passaporte musical dessa semana é sobre o fenômeno mundial da música pop, Taylor Swift, que ao longo dos anos cresceu e se desenvolveu na indústria musical, expandindo seu alcance e politizando sua presença no cenário em questão.

Taylor Alison Swift nasceu em 13 de dezembro de 1989 e é cantora, compositora e atriz estadunidense, que iniciou a carreira na música country no ano de 2006, e mudou para a música pop em 2014 (Taylor Swift Brasil). Dessa forma, desde o início dos anos 2000 a artista ocupou espaço e se tornou um dos maiores ícones da indústria.

Sendo uma artista que ascendeu em meio a música country, um gênero formado majoritariamente por um público de direita conservador que rejeita a inclusão de minorias sociais, Taylor Swift optou por se distanciar de questões políticas (Silva, 2020), assim, não se posicionando sobre assuntos que gerassem rejeição por grande parte de seu público. No entanto, ao ter a percepção de que a indústria em que se encontrava era controlada por figuras masculinas, a artista começou a se pronunciar sobre os sexismos presentes no cenário em que atua.

As letras das músicas de Taylor são como um diário pessoal, pois a maioria das obras relata as suas experiências amorosas, contendo letras de declaração ou até mesmo decepções nas relações românticas. Por conta disso, algumas matérias de veículos midiáticos passaram a reduzir os feitos da artista a seus relacionamentos românticos expostos nas músicas, disseminando discursos sexistas em desaprovação ao fato da cantora ter assumido compromisso com diferentes pessoas ao longo dos anos (Silva, 2020).

Assim, em  2014 a cantora passou a questionar as críticas direcionadas às suas músicas autorais, colocando em pauta questões de gênero e como são utilizadas para descredibilizar as composições baseadas em experiências pessoais de uma perspectiva feminina (Taylor Swift Brasil).

A partir disso, Taylor inicia uma jornada na qual adere causas sociais e influencia seus ouvintes, um exemplo disso, é que após não ter se manifestado sobre as eleições para a presidência dos Estados Unidos em 2016, a cantora demonstrou arrependimento e passou a influenciar seus ouvintes pelas redes sociais, os incentivando a se registrarem e votarem em candidatos que apoiassem a defesa dos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+. Além de ter se pronunciado a favor do movimento Black Lives Matter e a importância das eleições de 2020 como um momento decisório (Silva, 2020).

Junto a isso, tem-se as músicas “The Man” e “You Need To Calm Down” lançadas pela cantora em 2019, contendo a primeira uma letra que expõe as desvantagens encontradas por mulheres no cotidiano (Souza, 2019), com um vídeoclipe que critica a disparidade do tratamento que homens e mulheres recebem em meio a sociedade. Enquanto “You Need To Calm Down” critica o preconceito direcionado à comunidade LGBTQIA+ (Silva, 2020).

É possível relacionar as atitudes e posicionamentos de Taylor Swift com a teoria feminista interseccional e a aplicação nas Relações Internacionais, uma vez que, para a feminista negra Bell Hooks (2019 apud Silva, 2022), não existe a libertação do machismo enquanto não houver a superação do racismo, lgbtfobia, entre outras formas de dominação, ou seja, é preciso repensar o feminismo para além das mulheres brancas e compreender as opressões que atingem diferentes grupos minoritários. 

Dessa forma, a evolução do pensamento feminista de Taylor Swift é relevante para a disseminação do movimento na indústria cultural, pois como uma feminista branca foi necessário não apenas defender seu próprio lugar de fala, como também promover a escuta e compreensão de outras mulheres que são atingidas por outros tipos de opressão (Holanda, 2018, p. 148 apud Silva, 2020).

REFERÊNCIAS

SILVA, J. B. B. DA. Por uma teoria feminista radical e libertadora. Revista Estudos Feministas, v. 30, n. 1, 11 fev. 2022.

SILVA, M. P. Mad woman: o feminismo pop de Taylor Swift. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Disponível em: https://repositorio.usp.br/directbitstream/af30fbbe-212a-4271-94af-8ae68b3d61a4/tc4493-mariana-silva-mad.pdf.

SOUZA J. Taylor Swift e a prova de que nenhuma mulher está à salvo do silenciamento. Editora Intrínseca. Disponível em: <https://intrinseca.com.br/blog/2019/11/taylor-swift-e-a-prova-de-que-nenhuma-mulher-esta-a-salvo-do-silenciamento/&gt;. 

TAYLOR SWIFT BRASIL. Taylor fala sobre feminismo e nova fase para o The Guardian. Disponível em: <https://taylorswift.com.br/taylor-fala-sobre-feminismo-e-nova-fase-para-o-the-guardian/>. TAYLOR SWIFT BRASIL. Biografia. Disponível em: <https://taylorswift.com.br/biografia/&gt;.