Pedro Henrique de Aviz – acadêmico do 6° semestre de Relações Internacionais da Unama

Com o avanço das novas tecnologias de comunicação a troca de informações se torna cada vez mais imediatista e dinâmica tanto em nível regional quanto em nível internacional, isso por sua vez é bastante usado pelas mídias internacionais, em especial a ocidental, que utiliza-se de sua influência mundial e usa a mídia como ferramenta de controle e poder em detrimento de regiões emergentes como, por exemplo, o Oriente médio.

Dessa forma, é possível observar a parcialidade da mídia ocidental durante a cobertura de diversos conflitos internacionais como entre Rússia e Ucrânia por exemplo, em que vários veículos da mídia ocidental se mostraram surpresos para com o surgimento e avanço do conflito armado entre as duas regiões, e um deles foi a  rede de notícias estadunidense CBS News que em uma de suas reportagens o correspondente Charlie D’Agata afirmou que a escalada do conflito entre as regiões não era esperada pela população ucraniana “ser europeia” e “civilizada” fazendo uma comparação negativa com Iraque e Afeganistão (Brasil de Fato, 2022).

Ademais, outro exemplo ainda mais recente é o conflito entre Israel e Palestina, em que com os recentes ataques entre as regiões a mídia ocidental realizou uma maçante cobertura jornalística que teve enfoque e apoio quase total em Israel, Estado esse que vem estreitando laços com os EUA e possui apoio quase total do ocidente devido a manipulação midiática, e praticamente normalizou todo o horror e genocídio que a Palestina vem enfrentando por conta do controle isralense em seu terrtório (DIPLOMATIQUE, 2023).

Desse modo, o autor Eytan Gilboa, professor norte-americano de ciência política em Harvard, traz para o campo de estudo das Relações Internacionais o conceito de diplomacia midiática, o qual afirma que os Estados utilizam-se da mídia para construir suas diversas políticas dentro do sistema internacional, sendo utilizada para promover Estados que utilizam esse recurso que pode disseminar e reter certas informações e auxilia na busca pelo poder e estabilidade dentro do sistema internacional contemporâneo marcado pela globalização e tecnologias modernas (BURITY, 2015).

Em adição, Gilboa afirma que a diplomacia midiática pode ser analisada em três vertentes: a diplomacia pública que busca estreitar laços com outros países e assim promover a construção da imagem de determinado Estado em territórios estrangeiros através da mídia; a diplomacia na mídia se destaca pela utilização de negociações através de conferências de imprensa e estabelece a ligação entre o Estados e atores não estatais; e por fim a diplomacia feita pela mídia em que se reconhece a mídia como um ator independente nas Relações Internacionais, agindo diretamente na dinâmica e no sistema internacional (GILBOA, 2001).

Assim, é possível aplicar a linha teórica da diplomacia midiática suas vertentes de análise com os acontecimentos recentes, em que o ocidente se utiliza de recursos midiáticos para se favorecer no sistema internacional, manipulando cuidadosamente as informações que reverberam nos veículos de comunicação da mídia e influenciam na construção de preconceitos e intolerância no pensamento da população global, sendo vistos como “salvadores” e “civilizados” enquanto que o Oriente Médio é visto como  “atrasado”, “bárbaro” e “desumanizado” e muitos acontecimentos catastróficos, muitas vezes influenciadas pelo ocidente, são sutilmente normalizados gerando a desinformação e alienação sobre a região.

Referências:

BURITY, Caroline Rangel Travassos. Mídia e Relações Internacionais: o conceito de Diplomacia Midiática. Diálogos Internacionais, 2015.

GILBOA, Eytan. Diplomacy in the media age: Three models of uses and effects. Routledge. Londres, 2001.

MÍDIA ocidental age como supremacista e dissemina preconceito em cobertura da guerra. Brasil de Fato, 2022. Disponível em: < https://www.brasildefato.com.br/2022/02/28/midia-ocidental-age-como-supremacista-e-dissemina-preconceito-em-cobertura-da-guerra&gt; Acesso em 15 de novembro de 2023.

OJEDA, IGOR. A contribuição da mídia para o ciclo de violência. Diplomatique. São Paulo, 2023. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/a-contribuicao-da-midia-para-o-ciclo-de-violencia/&gt;. Acesso em 15 de novembro de 2023.