
Eva da Costa de Oliveira – acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da Unama
É inquestionável a importância da sociedade civil em uma democracia. As mobilizações sociais têm o poder de impactar diretamente nas decisões dos atores estatais, além de influenciar a conscientização global em situações de injustiça social e violação dos direitos humanos (Tenheri; Garcez, 2022). Desse modo, a visibilidade ocasionada pelos protestos pró-palestina exerce uma importante função ao pressionar e sensibilizar a comunidade internacional por justiça e solidariedade. Além disso, os manifestantes pró-palestinos foram às ruas não apenas para pedir o fim do conflito, mas também para dar vozes às vítimas da guerra e conscientizar a sociedade sobre as fatalidades ocasionadas durante o confronto.
Nesse contexto, as atuais manifestações também denunciam os crimes internacionais de guerra cometidos no decorrer do conflito e pressionam as organizações e os líderes mundiais para intervirem contra essas violações. Dessa forma, em decorrência de tais pressões por parte da população, diversas forças internacionais passaram a se posicionar repudiando os atos de extrema violência e promovendo discursos que fomentam os direitos humanos e a paz. Como exemplo, tem-se a cúpula extraordinária do grupo BRICS, que, recentemente, manifestou repúdio aos ataques, pedindo por ajuda humanitária imediata e pela proteção dos civis. (Exame, 2023).
Ademais, além de pressionar a comunidade internacional por meio de protestos e campanhas de conscientização, a sociedade civil mostra-se engajada em fornecer assistência humanitária, com ações de doações de alimentos e materiais médicos (Cruz Vermelha, 2023). Esse trabalho humanitário é essencial, pois visa minimizar o sofrimento das vítimas e de alguma forma preservar a dignidade humana (Oxfam, 2021).
Portanto, para executar essas ações, a internet certamente é uma ferramenta necessária nas organizações de campanhas, auxiliando ainda mais no aumento da visibilidade da causa, além de atrair novos ativistas e pressionar as autoridades internacionais (Stephan, 2014). Em vista disso, pode-se constatar que, na atual conjuntura, a sociedade não depende mais de meios de comunicação tradicionais para ter acesso à informação, uma vez que o ciberespaço disponibiliza uma vasta quantidade de conteúdos que se propagam rapidamente.
Diante disso, entende-se a importância e o papel solidário que as manifestações possuem, além da influência que causam nas políticas internacionais. Dessa maneira, é possível refletir apartir da vertente construtivista de Alexander Wendt, um dos maiores acadêmicos construtivistas no campo das Relações Internacionais, pondera que agentes sociais são necessários em uma sociedade estatal, pois estes conduzem seus interesses por meio da figura do Estado (Tenheri; Garcez, 2022).
Para mais, conforme Culpi (2012):
O construtivismo confere importância à questão democrática, ao passo que a participação cidadã revela-se fundamental na construção de identidades que orientam a integração regional e as decisões de suas instituições, no âmbito da criação de políticas comunitárias (p.38, 2012).
Logo, Alexander Wendt defende que as interações sociais e percepções coletivas moldam as identidades e os interesses dos atores, que são construídos socialmente. (Adler, 1999). Ou seja, a participação da sociedade civil em discussões políticas, é um meio de interação que contribui para a construção de uma identidade coletiva.
Conclui-se, portanto, que a sociedade civil, através dessas interações, tem alcançado notável visibilidade para os crimes de guerra cometidos por Israel, influenciando as organizações internacionais a agirem a favor de causas justas, priorizando os direitos humanos e a paz. Além disso, as manifestações buscam, sobretudo, expressar solidariedade e apoio ao povo palestino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Atos de apoio aos palestinos reúnem milhares em várias partes do mundo. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-11/atos-de-apoio-aos-palestinos-reunem-milhares-em-varias-partes-do-mundo Acesso em: 23 nov. 2023
Crescem no mundo manifestações pró-Palestina e pelo fim da guerra. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-11/crescem-no-mundo-manifestacoes-pro-palestina-e-pelo-fim-da-guerra
CULPI, Ludmila Andrzejewski. A participação da Sociedade Civil nas instituições comunitárias do MERCOSUL (1991–2010). Revista Eletrônica de Ciência Política, v. 3, n. 1-2, 2012.
FERNANDES, B. H., Sabrina. Israel não vai cumprir acordos nem descolonizar a si mesmo – o mundo precisa agir. Disponível em: <https://www.intercept.com.br/2023/10/27/israel-nao-vai-cumprir-acordos-nem-se-descolonizar-mundo-precisa-agir>. Acesso em: 23 nov. 2023.
HUBERMAN, B.; FERNANDES, S., Israel não vai cumprir acordos nem descolonizar a si mesmo – o mundo precisa agir <https://www.intercept.com.br/2023/10/27/israel-nao-vai-cumprir-acordos-nem-se-descolonizar-mundo-precisa-agir>. Acesso em: 23 nov. 2023.
Líderes dos Brics pedem cessar-fogo imediato em Gaza. Disponível em: <https://exame.com/mundo/lideres-dos-brics-pedem-cessar-fogo-imediato-em-gaza/>. Acesso em: 27 nov. 2023.
LIMA, E. Palestina e Israel: A contribuição da mídia para o ciclo de violência. Disponível em: https://diplomatique.org.br/a-contribuicao-da-midia-para-o-ciclo-de-violencia
PAIVA, P., Marcha por Palestina livre em Washington foi a maior da história: ‘EUA financiam genocídio <https://www.brasildefato.com.br/2023/11/06/marcha-por-palestina-livre-em-washington-foi-a-maior-da-historia-eua-financiam-genocidio>.
STEPHAN, Claudia. Novas Mídias e Relações Internacionais: Mobilização e Ativismo Político para a Causa Palestina na Internet.
TENHERI, LAURIÊ CAROLINE; GARCEZ, GABRIELA SOLDANO. DEMOCRACIA E DIREITOS HUMANOS: UMA RELAÇÃO INTRÍNSECA. LEOPOLDIANUM, v. 48, n. 136, 2022.
WENDT, Alexander. A perspectiva construtivista das Relações Internacionais, 2012. 2012.
XAVIER, C. Protestos pressionam governos árabes a agir em defesa da Palestina. Disponível em: https://vermelho.org.br/2023/10/24/protestos-pressionam-governos-arabes-a-agir-em-defesa-da-palestina/
