
Cristine Oliveira, acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais
Ficha técnica:
Ano: 2015
Diretor: Tedd Haynes
Distribuidora: Mares Filmes
Gênero: Romance. Drama.
Países de origem: Estados Unidos
Indicado a seis categorias do Oscar 2016, “Carol” é um romance envolvente que se passa na década de 50, em Nova Iorque, e apresenta a história de Therese, uma jovem aspirante a fotógrafa, e Carol, uma mulher madura passando por um processo de divórcio desgastante. A obra explora a beleza do amor entre as protagonistas e o peso de viver essa história em uma sociedade patriarcal e heteronormativa.
A narrativa que entrelaça as duas inicia dias antes do Natal, quando Carol vai à loja de brinquedos onde Therese trabalha em busca de um presente para sua filha. O encontro entre as protagonistas é eletrizante, mesmo com pouco diálogo percebe-se claramente o interesse mútuo entre elas. A partir desse momento, levadas pela paixão intensa, as duas se aproximam e iniciam um romance desafiando as normas da sociedade.
Carol Aird é uma mulher mais velha, mãe e casada, tudo que se esperava de uma mulher nos anos 50. Por outro lado, Therese Belivet, é uma jovem de origem humilde, sem família, que sonha em ser fotógrafa. Apesar das realidades distintas, ambas compartilham a incerteza em relação ao futuro, agravada pelas expectativas colocadas sobre as mulheres da época.
Em meio a esse cenário Carol enfrenta um processo doloroso de divórcio contra Harge, seu marido controlador. Harge utiliza a filha deles como uma espécie de peão manter Carol aprisionada em um relacionamento desgastante que não condiz com sua identidade. Paralelamente, Therese não possui uma perspectiva concreta do futuro. Ela não sabe se leva a diante o seu interesse pela fotografia e faz disso sua profissão, assim como hesita em continuar o relacionamento com seu namorado.
A relação entre as protagonistas cresce, mostrando uma fascinante jornada de autoconhecimento que provoca mudanças significativas nas relações ao seu redor. Esse processo ocorre em meio aos julgamentos de uma sociedade que condenava abertamente o relacionamento entre mulheres lésbicas, colocando em risco a continuidade desse amor proibido.
Dessa maneira, o longa metragem “Carol” converge com a Teoria queer das Relações Internacionais, a qual discute como a heteronormatividade e a cis-normatividade moldam as relações entre os Estados e os agentes internacionais. Eve Kosofsky Sedgwick, em sua obra denominada “Epistemologia do armário” (2007) discute sobre a forma que o “armário” é utilizado como um mecanismo de controle que cércea a vida de gays e lésbicas, criando uma estrutura hierarquizada que privilegia heterossexuais.
Por conseguinte, pode-se inferir que “Carol” permite uma reflexão profunda acerca marginalização de pessoas LGBTQIA+ na sociedade. O longa demonstra como as relações sociais são moldadas a partir da sexualidade das personagens principais, revelando as estruturas de poder agem no controle de indivíduos queer. Sendo assim, a obra oferece uma linda história de amor entre duas mulheres, contribuindo para a ampliação do debate nas Relações Internacionais.
Referências:
SEDGWICK, E. K. A epistemologia do armário. Cadernos Pagu [online]., n. 28, 2007, pp. 19-54. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-83332007000100003.
