Julia Castro, acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais

Ficha Técnica:

Ano: 2006

Diretor (a): David Frankel

Distribuição: 20th Century Fox

Gênero: Comédia, Drama

País de Origem: Estados Unidos

Baseado no livro homônimo de Lauren Weisberger, publicado em 2003, a adaptação cinematográfica conta a história de Andrea Sachs, uma jovem que conquistou um emprego na conceituada revista de moda Runway, passando a trabalhar como assistente da editora-chefe, a autoritária Miranda Priestly. Apesar de obter um cargo cobiçado, Andrea se depara com o estresse de ter que lidar com as demandas excessivas de Miranda.  

A trama inicia mostrando o cotidiano da jornalista recém formada Andrea Sachs, que diferente de outras mulheres, não veste roupas de alta-costura, mas deseja colaborar em revistas. Mesmo não sonhando com o mundo da moda, ela consegue uma vaga como assistente pessoal de Miranda Priestly, principal executiva da Revista Runway, trabalho esse que “milhares de meninas matariam para ter”. Nos primeiros dias de trabalho, Andy sofre críticas em relação as suas roupas e não se dá bem com seus colegas de trabalho, principalmente com a assistente sênior de Miranda, Emily Charlton.

Após uma reunião em que Miranda a repreende na frente de toda a equipe, Andrea vai desabafar com o diretor de arte Nigel para ajudá-la a se adaptar aos padrões da empresa. Depois da conversa, Andy muda totalmente seu estilo e surpreende os colegas de trabalho, inclusive Miranda, que percebendo a mudança na aparência e no comprometimento da jovem, começa a lhe dar mais responsabilidades e tarefas difíceis para realizar. Andy se esforça para cumprir todas as exigências de Miranda, o que prejudica seu relacionamento com o noivo, Nate. Devido a sua dedicação e mudança, Miranda passa admirá-la e Andrea torna-se seu braço direito.

É possível analisar “O Diabo Veste Prada” sob a ótica da teoria marxista das Relações Internacionais. Em sua obra “O Capital”, Marx sintetiza que o funcionamento da economia capitalista é baseado na exploração do trabalhador assalariado, tornando ele propriedade do capital (MARX, 2013). No filme, a crueldade de Miranda com seus assistentes e concorrentes reflete o jogo das grandes corporações e a forma como elas exercem seu poder, para gerar grandes lucros. Este poder é centralizado na revista “Runway”, especializada em moda, que atende os interesses da burguesia, detentora da propriedade das grandes mídias.

Dessa forma, podemos concluir que o longa-metragem é mais que apenas uma comédia hollywoodiana, apresentando uma discussão sobre abuso de poder e como líderes podem criar um ambiente de trabalho tóxico para seus funcionários. Mesmo não sendo o foco principal do filme, o espectador é constantemente lembrado da diferença de classe e poder entre o capitalista e o trabalhador, enfatizando as divisões que são criadas pelo dinheiro e pelas posses materialistas.

REFERÊNCIAS:

ARAÚJO, Amanda. Pensamentos Internacionalistas – Karl Marx. 2021. Disponível em: https://internacionaldaamazonia.com/2021/03/08/pensamentos-internacionalistas-karl-marx/

BALBOA, Joice. Resenha: O diabo veste Prada (2006). 2011. Disponível em: https://objethos.wordpress.com/2011/09/21/resenha-o-diabo-veste-prada-2006/

GERALDO, Cloves. ”O Diabo Veste Prada’‘: O Poder da Mídia. 2006. Disponível em: https://vermelho.org.br/coluna/o-diabo-veste-pradao-poder-da-midia/

MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política. Livro I: O processo de produção do capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.