Grabriela Grosso – 7° Semestre de RI

Luciana Neves – 7° Semestre de RI

Os debates acerca da criação de um Estado judeu surgiram no início do século XX, com a insurgência de grupos sionistas, um movimento político e religioso que surgiu no final do século XIX na Europa. Sua definição geral significa o movimento nacional pelo retorno do povo judeu à sua pátria e pela retomada da soberania judaica na Terra de Israel (MOREIRA; MASCARENHAS; GONÇALVES; GABRIELA; SILVA; SOUSA, 2022).

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a exposição dos horrores sofridos pelos judeus, a comunidade internacional se mostrou mais favorável à ideia de criação do Estado de Israel, sob o pretexto de reparação entre o Ocidente e os judeus. O Estado de Israel foi estabelecido em uma votação realizada em 1947 para a partição do território. Com a vitória dos sionistas e o seu estabelecimento no território, palestinos foram expulsos de suas terras e se tornaram refugiados do dia para a noite.

Nos últimos anos, os desdobramentos do conflito têm sido marcados por uma crescente polarização e violência. O aumento dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, a construção do muro de separação e a expansão das políticas de ocupação têm gerado críticas internacionais e aprofundado o sentimento de injustiça entre os palestinos.

O construtivismo enfatiza que o mundo está em constante movimento e passível de transformações. As ordens sociais internacionais se modificam devido a mecanismos como as transações dentro de comunidades de prática, que contribuem para a constituição de uma cognição social.

Alexander Wendt, ao elaborar essa teoria, destacou que os Estados desempenham um papel central. Para ele, a anarquia é o que os Estados fazem dela, ou seja, suas ações e interações determinam o tipo de sistema que emerge. Quando os Estados têm boas relações, eles buscam a cooperação, enquanto quando se deparam com um adversário, eles recorrem ao balanceamento de poder (SARFATI 2005, p. 264). Wendt também introduziu a ideia de que os Estados têm identidades. Essas identidades são entendimentos e expectativas associados a papéis específicos e relativamente estáveis entre si.

Por um lado, Israel se vê como o legítimo Estado judeu, com base em fundamentos ideológicos e históricos. A ideia de um “lar judeu” na Palestina remonta a interpretações bíblicas e ao movimento sionista do século XX. Essa identidade e propósito de autoafirmação levaram Israel a buscar a conquista e o domínio do território palestino. Por outro lado, os palestinos também têm uma identidade construída em torno de sua luta pela autodeterminação e pelo direito de retornar às terras de onde foram expulsos.

Essas identidades e interesses divergentes moldam as interações entre Israel e Palestina, criando um ciclo de confronto e falta de cooperação. A construção social dessas identidades e a forma como os atores percebem a estrutura anárquica do sistema internacional influenciam suas ações e estratégias.

Com o crescimento exponencial das mídias e redes sociais, a interação humana passou a se ajustar, assim como o sistema internacional passou a ser moldado através delas. Estar em constante acesso a internet pode ser benéfico para a busca e absorção de conhecimento, pesquisas, socialização, trabalho e lazer. Segundo o Centro Regional de Estudos para o desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), 84,1% das residências do país possuem acesso à internet.

           Embora a circulação de informações seja acelerada no âmbito virtual, nem sempre as fontes são confiáveis ou passam a mensagem correta aos internautas, que facilmente podem ser manipulados e confundidos. E a relação das mídias sociais com as Relações Internacionais, parte diretamente da interação humana e como esta transpassa o mundo off-line para o mundo real, causando diferentes reações em massas e que podem vir a influenciar conflitos bélicos.  

Nos últimos 5 anos foi possível analisar o sistema interno social do Brasil perante os períodos de eleição presidencial. Este fenômeno das mídias sociais como maior meio de comunicação na era contemporânea foi de fato um aliado aos candidatos políticos, mas também no auxílio de distribuição de falsas informações, que quando até verdadeiras, são apresentadas de modo a chocar o público e moldar opiniões controversas.

Atualmente as mídias digitais distribuem conteúdos de maneira rápida com algoritmos inteligentes que se baseiam naquilo que você mais interage ou em vídeos assistidos até o final. O Tiktok é uma plataforma digital disposta em aplicativos e web browsers, de publicação de vídeos e fotos que vão de 15 a 10 minutos de duração, criada inicialmente na China com o nome de Douyin, foi comprada em 2017 pelo aplicativo Musical.ly e posteriormente recebeu o nome conhecido atualmente como Tiktok (Infobase). Tendo como maior público-alvo usuários entre 13 e 24 anos de idade, se confirmando como a marca de rede social mais valiosa do mundo (Forbes, 2023).

De acordo com a (BBC, 2023), os algoritmos do Tiktok e outras redes sociais tendem a radicalizar a opinião pública, pois este inclina-se a guiar os usuários para linhas de conteúdo que reforçam as opniões e preconceitos existentes, acerca do conflito atual entre o Estado de Israel e a população Palestina que vive na área da Cisjordânia e Faixa de Gaza. Segundo Marianna Spring (BBC, 2023, pág. 1) “Isso é relevante porque as conversas nas redes sociais podem moldar a opinião pública e normalizar retóricas que extrapolam para o off-line, em protestos e além”. Até a data atual de dezembro de 2023, foram gerados cerca de 1 bilhão de publicações com a hashtagistandwithpalestine”, em tradução livre significa “eu apoio a Palestina”, enquanto cerca de 265 milhões de visualizações foram captadas com a hashtagistandwithisrael”. Recentemente os Estados Unidos estão acusando o Tiktok em relação ao favorecimento de hashtags pró Palestina, mais precisamente republicanos que culpam a China pela escolha de algoritmos que mobilizam a sociedade civil a ter mais acesso a conteúdos que são a favor do povo palestino (Público, 2023), segundo os Congressistas Republicanos os números de visualizações de hashtags com iniciativas “freepalestine” ou “libertem a Palestina”, estão dramaticamente maiores que os números de conteúdos de apoio ao Estado de Israel, que é aliado do governo democrático dos Estados Unidos desde a crianção do Estado de Israel em 1947.

Com a revolução digital e a ascensão do meio cibernético, é possível afirmar que os aparelhos eletrônicos e as redes de interação social passaram a fazer parte do cotidiano do ser humano, se extendendo a momentos de lazer e trabalho, onde podemos acessar e dialogar com qualquer outro internauta com acesso à internet.

Portanto é importante ressaltar que o ambiente virtual pode dispor de diferentes considerações acerca de conflitos armados, assim como dispõe sobre assuntos corriqueiros cotidianos. A problemática envolvida são os riscos que as informações exibem, assim como a forma que são veiculadas e propagadas, uma vez que publicado na internet, nunca mais será apagado e este fator pode ser crucial para o desenvolvimento das relações no sistema internacional e apoios a conflitos bélicos que causam a morte de milhares de pessoas inocentes na Faixa de Gaza.

No caso do conflito recente entre Israel e Palestina, podemos perceber um favorecimento numérico alarmante em relação ao crescimento e favorecimento de conteúdo que são a favor da ocupação da Palestina, apoiando o Estado de Israel, que coincidentemente recebe apoio direto da maior potência mundial, os Estados Unidos da América.

REFERÊNCIAS

MOREIRA, Brenda; MASCARENHAS, Geovanna Mihai; GONÇALVES, João Pedro; GABRIELA, Larissa; SILVA, Paula Carolina Diniz; SOUSA, Thais Soares Castro de. A política externa norte-americana e a criação do estado de Israel. 2022. São Paulo.

SARFATI, Gilberto. Teorias de relações internacionais. 2005. São Paulo: Editora Saraiva.

CETIC. Centro Regional de Estudos para o desenvolvimento da Sociedade da Informação. A4 – Domicílios com acesso à Internet. 2023. Disponível em:https://data.cetic.br/explore/?pesquisa_id=1&unidade=Domicílios. Acesso em: 01/12/2023.

INFOBASE. TikTok: a rede social da geração Z. Disponível em: https://infobase.com.br/infografico-tik-tok-rede-social-da- geracao/#:~:text=Criada%20na%20China%2C%20a%20rede,entre%2013%20e %2024%20anos. Acesso em: 04/12/2023.

FORBES. TikTok é a marca de rede social mais valiosa do mundo em 2023. 2023. Disponível em: https://forbes.com.br/forbes-money/2023/01/tiktok-e-a- marca-de-rede-social-mais-valiosas-do-mundo-em-2023. Acesso em: 02/12/2023.

BBC. Conflito Israel-Hamas: como algoritmos do TikTok e de outras redes sociais radicalizam opinião pública. 2023. Publicado por Marianna Spring. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c1w297e7w8qo. Acesso em: 04/12/2023.