
Julia Castro, acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais
Ficha Técnica:
Ano: 2012
Diretor (a): Pablo Larrain
Distribuição: BF Distribuición
Gênero: Drama, Histórico
País de Origem: Chile
Baseado na peça “El Plebiscito” de Antonio Skármeta e o indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, o filme se passa em 1988 no Chile, durante o referendo que decidiria a continuidade ou não de Augusto Pinochet no poder. Contratado pelo governo, o publicitário René Saavedra decide coordenar uma polêmica campanha baseada na fé e na felicidade, concentrando-se em um “futuro melhor” para o Chile, em vez do passado violento que o país viveu.
A trama narra a história de René Saavedra, um publicitário de uma importante empresa chilena, que é contratado pelo governo para organizar a campanha publicitária do “No” (Não), que se tivesse maioria dos votos da população chilena, colocaria fim na ditadura de Augusto Pinochet, que já durava 15 anos e abriria espaço para eleições. Para complicar as coisas, o seu chefe, Lucho Gúzman, lidera a equipe do “Si” (Sim). Mesmo não sendo muito politizado, René aceita criar a campanha do “não” por causa de seu pai, que foi preso durante a ditadura. Ao mesmo tempo em que trabalha na campanha, com risco de sofrer repressão do governo, caso o “sim” ganhasse, ele cuida do filho e tenta se reaproximar da ex-esposa, Verónica, uma militante de esquerda.
A campanha do “Sim” retrata o mandato de Pinochet como um sucesso econômico, modernizando o país e introduzindo novas tecnologias nas casas, já o movimento do “Não” se concentra em conscientizar a população sobre as atrocidades cometidas pelo governo durante o regime, exibindo imagens de tanques, bombardeios e relatos de prisioneiros torturados pelos militares. Para o publicitário René, o problema é que essa abordagem negativa geraria medo e impotência, pois muitos queriam o fim do regime, mas a pesada repressão tiraria a vontade de muitas pessoas de ir às ruas pedir o fim do governo. Os coordenadores políticos da campanha a favor do “não” conseguiram mostrar que o povo chileno podia acabar com a ditadura de Pinochet usando uma mensagem de esperança e otimismo.
A partir das temáticas abordadas, podemos relacionar o longa-metragem com a Teoria Neoliberal das Relações Internacionais, através do conceito de Soft-Power, cunhado pelo teórico Joseph Nye. O “Poder Brando” é a habilidade de modelar os desejos do outro, em vez de coagir, através do apelo e da atração, sendo a propaganda a forma mais comum dele ser exercido. Nye afirma que a sedução é sempre mais eficaz do que a coerção, e que muitos valores como democracia, direitos humanos e oportunidades individuais são profundamente sedutores (NYE, 2004). No filme, apesar de sofrer críticas de militantes enfurecidos, René insiste numa propaganda centrada na felicidade, sintetizada na figura do arco íris em torno do “No”, que representou os partidos políticos contra a ditadura.
Dessa forma, conclui-se que a obra cinematográfica é fundamental para entendermos a importância de que podemos realizar grandes mudanças através de mensagens e propagandas positivas, além de mostrar parte dos acontecimentos que cooperaram para a derrubada da ditadura chilena. O filme conseguiu, com maestria, passar a sua mensagem.
REFERÊNCIAS:
NYE, Joseph S. Soft Power: The Means to Success in World Politics. New York: Public Affairs, 2004.
Por que assistir o filme chileno “No”. Históriazine. 2020. Disponível em: https://www.historiazine.com/2020/10/por-que-assistir-o-filme-chileno-no.html
RUTHE, Aline. Soft Power e Hard Power: entenda a diferença. Politize. 2022. Disponível em: https://www.politize.com.br/soft-power-hard-power/
TINOCO, Dré. Review – No (2012). Cultura Pop a Rigor. 2013. Disponível em: https://www.culturapoprigor.com.br/2013/10/review-no.html
