
Ana Mel Grimath – 7° semestre de Relações Internacionais da Unama
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) surge em 1949, no período pós Segunda Guerra e início da Guerra Fria, com a bipolaridade entre Estados Unidos e União Soviética. Hoje composta por 31 países membros, a OTAN tem como ponto base, por meios políticos e militares, garantir a liberdade e a segurança de seus membros, de acordo com o seu tratado assinado (NATO, 2023).
Mais especificamente, a OTAN nasce como um grupo de aliados, encabeçado pelos Estados Unidos, com o objetivo de conter a expansão da União Soviética, já que suas ideologias ameaçavam os ideais estadunidenses. Baseando-se na Carta das Nações Unidas, que estabeleceu a necessidade de resolver as disputas internacionais de forma pacífica, os membros da OTAN enfatizam essa ideia, mas que em casos de ataque armado direto a algum de seus membros o artigo 5° do tratado será colocado em prática, ou seja, o exercício da autodefesa defendido no artigo 51 da Carta das Nações Unidos será efetivado. Assim como Rodrigues e Pegado (2015) afirmaram, “a OTAN é a face militar do Plano Marshall”.
Em conjunto à criação da OTAN, no mesmo período a Escola de Copenhague surge, com a realidade do sistema internacional (S.I) ainda muito pautado na teoria realista das Relações Internacionais, no qual a política de segurança associava-se exclusivamente a questões militares, ligando a uma natureza bélica e conflituosa do S.I.
Barry Buzan, teórico do tema, desenvolveu uma teoria na qual incluía como ameaça não apenas o setor militar, mas também os setores como economia, política societal e ambiental, mantendo o Estado como ator principal (Tanno, 2003).
Com a incapacidade do realismo em prever o que aconteceria após o fim da Guerra Fria, já que o realismo contava vantagem em relação às outras teorias com sua capacidade de fazer previsões, as novas abordagens teóricas foram ganhando espaço, como a teoria construtivista crítica e a pós-moderna. Anos mais tarde ao desenvolvimento das ideias de Buzan, a instituição sofreu mudanças com o livro de Ole Waever, “Security: a New Frameworkfor Analysis” de (1998), que marcou a ampliação dos temas dentro da discussão de segurança.
Nesse sentido, face ao contexto teórico e histórico mencionado anteriormente, a OTAN exerce um papel fundamental na política europeia, uma vez que a Organização está presente em vários dos conflitos que acontecem na região. Motivada, principalmente, pela ideologia disseminada pelos estadunidenses que consistia no objetivo de extinguir o comunismo, e consequentemente a União Soviética, os EUA criaram essa estratégia como forma de aumentar sua hegemonia no S.I. Pela semelhança de políticas e objetivos, a Europa Ocidental, que também temia a expansão do comunismo, adere à organização.
O último caso de conflito de maior destaque na Europa foi a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que se estabeleceu justamente pela proximidade da Ucrânia à OTAN. Pelo fato do surgimento da organização está diretamente ligado a queda da URSS é inevitável que qualquer movimentação voltada para a organização resulte em conflito.
Sendo assim, a teoria da segurança da Escola de Copenhague, nesse caso, explica perfeitamente as motivações tanto do surgimento da OTAN quanto da sua presença nos conflitos europeus, assim como as consequências dessa aproximação.
Referências:
HECK, Ana Laura, et al. Atuação da OTAN em conflitos do século XXI: análise da crise da Ucrânia em 2014 na cobertura Web da teleSUR. I Semana Acadêmica de Relações Internacionais e Integração da UNILA, 2016.
O que é a OTAN. OTAN, 2024. Disponível em: https://www.nato.int/nato-welcome/index.html. Acesso em: 18 de Fevereiro de 2024.
RODRIGUES, Clara G. D.; PEGADO, Natália E. da Cunha. A mudança do papel da OTAN no Pós- Guerra Fria: um estudo sobre a força internacional de assistência para segurança (ISAF). In: XX Seminário de Pesquisa do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA). Rio Grande do Norte, 2015.
TANNO, Grace. A contribuição da Escola de Copenhague aos estudos de Segurança Internacional. Contexto Internacional. Rio de Janeiro, vol 25, nº 1, p. 47-80, Janeiro/Junho 2003.
WÆVER, Ole. Security: a new framework for analyses. Lynne Rienner Publishers. Londres, 1998.
