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Rayana Yukari Fachinetti Inomato – Internacionalista
Em Novembro os cidadãos dos Estados Unidos irão às urnas para escolher entre o incumbente Joe Biden e o ex-presidente Donald Trump. Nesse sentido, é importante destacar que apesar de os EUA serem um país democrático, o fator econômico é decisivo para influenciar o andamento das eleições. Sendo assim, é imprescindível discorrer sobre a forma como o poder econômico desempenha um papel central na disputa pelo comando da maior potência do sistema internacional contemporâneo.
Primeiramente, é de nota que as eleições dos EUA são fortemente marcadas pela influência de grandes grupos econômicos. Em 2020, os democratas contaram com uma vantagem financeira em relação aos republicanos que se mostrou essencial para a eleição de Biden e para a construção de seu apoio no legislativo (OPEN SECRETS, 2021). Neste ano, atrair a maior quantidade de doações, especialmente de grandes agentes do mercado, voltará a ser fundamental para o sucesso da campanha de um candidato, uma vez que isso possibilita a compra de maior visibilidade na mídia e a circulação de mais anúncios.
Além disso, as doações direcionam-se para candidatos cujas plataformas eleitorais convergem com os interesses de seus doadores. Sendo assim, políticos tendem a priorizar a defesa de pautas do mercado para atrair o financiamento de agentes com maior poder econômico em detrimento de pautas defendidas por pequenos doadores.
Ademais, a existência de grandes empresas de comunicação também é instrumental no andamento das eleições, em especial, as redes sociais. Contendo algoritmos que direcionam o conteúdo para o usuário, as redes sociais são uma ferramenta indispensável para uma campanha eleitoral bem sucedida (UNIVERSITY OF OREGON, 2016), com isso, pagar para divulgar conteúdo online têm se tornado uma prática cada vez realizada, tornando as redes sociais em um palco de disputa acirrada.
Outrossim, evidenciando a participação das grandes mídias dentro do cenário eleitoral do Estados Unidos da América, é possível notar de que forma o apoio das grandes empresas de comunicação podem afetar a eleição de um candidato, como em 2016. Neste ano, Donald Trump concorria à presidência com Hillary Clinton, dentre os fatores que auxiliaram o candidato, foi a utilização das mídias digitais e alternativas, não só favorecendo a conquistar o apoio público, mas também radicalizando-os (LEVITSKY, 2018).
Partindo para uma perspectiva macro, embora sejam um evento nacional, possui, também, relevância no globo em diversos aspectos, enfoque ao comércio global, desde investimentos externos até a Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
De maneira análoga, a teoria da “Interdependência Complexa”, desenvolvida em 1977, por Robert Keohane e Joseph Nye, ressalta como as políticas econômicas dos países influentes, no caso EUA, influenciam as relações comerciais e financeiras internacionais, afetando, diretamente ou indiretamente, a economia de diversos países, por isso o apoio de atores internacionais a determinados candidatos torna-se uma estratégia política.
Destarte, tal teoria oferece uma análise significativa para compreender como as eleições internas de determinado país é capaz de possuir diversas ramificações além das fronteiras nacionais, moldando dinâmicas econômicas globais.
Nesse sentido, é visível como as dinâmicas econômicas e midiáticas em torno de uma eleição são fundadas e podem ser moldadas a partir de interesses. Outrossim, compreende-se que como interdependentes, as dinâmicas econômicas, políticas e sociais são ferramentas de poder e nem sempre as informações passadas entre elas são verídicas e confiáveis, pois derivam das vontades do maior doador.
REFERÊNCIAS:
OPEN SECRETS. Most expensive ever: 2020 election cost $14.4 billion. OPEN SECRETS, 11 fev 2021. Disponível em: https://www.opensecrets.org/news/2021/02/2020-cycle-cost-14p4-billion-doubling-16/. Acesso em: 16 fev 2024
UNIVERSITY OF OREGON. Six ways the media influence elections. UNIVERSITY OF OREGON, 8 nov 2016. Disponível em: https://journalism.uoregon.edu/news/six-ways-media-influences-elections. Acesso em: 16 fev 2024
LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Rio de Janeiro: Zahar, 2018
KEOHANE, R. O; NYE, J. Power and Interdependence: World Politics in Transition. Boston: Little Brown, 1977.
