
José Manoel Scerni Vieira – Acadêmico do 3° Semestre de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia – UNAMA
As civilizações nômades da Ásia, como os mongóis, turcos e hunos, possuíam uma estrutura política única baseada na conquista. Esses povos migratórios desenvolveram sociedades complexas e poderosas, muitas vezes lideradas por líderes habilidosos em estratégias militares. A conquista era um meio fundamental para a formação desses Estados, permitindo a expansão territorial, controle de rotas comerciais e subjugação de povos vizinhos.
A habilidade dessas civilizações nômades em se adaptar a diferentes ambientes e dominar técnicas de guerra a cavalo lhes conferiu uma vantagem significativa sobre as sociedades sedentárias. A mobilidade e rapidez de suas tropas permitiam superioridade nos seus ataques. Essa expertise militar foi essencial para a conquista e consolidação de seus territórios. (MAYER, 2019)
Além da força militar, os Estados nômades da Ásia também se destacavam pela sua capacidade de integração de diferentes grupos étnicos e culturais. Eles frequentemente adotavam práticas administrativas eficientes que garantiam a boa convivência entre os povos, o que os garantia um vasto conhecimento. (MASON, 2017)
Genghis Khan, o icônico líder mongol do século XIII, desempenhou um papel fundamental na consolidação e expansão do Império Mongol. Sua liderança e habilidades militares excepcionais foram essenciais para unificar as tribos nômades da Mongólia e estabelecer um império vasto e poderoso. Além disso, Genghis Khan é reconhecido por ter introduzido o código de leis conhecido como Yasa, que regulava diversos aspectos da vida e cultura mongól. O Yasa, um conjunto abrangente de regras, foi essencial para manter a ordem e a coesão no império, promovendo a tolerância religiosa e a igualdade social. Essas diretrizes contribuíram para a paz entre os diversos povos que compunham o Império Mongol. (POCHEKAEV, 2016)
Thomas Hobbes, em sua obra “Leviatã” (1651), apresenta um pensamento político que pode ser relacionado à formação dos Estados nas civilizações nômades da Ásia. Hobbes defendia a ideia de um contrato social no qual os indivíduos abdicavam de parte de sua liberdade em troca de segurança e ordem social, conceitos essenciais para a consolidação do poder estatal (RIBEIRO, 2010). Nas sociedades nômades, a conquista e formação dos Estados muitas vezes envolviam a imposição de uma autoridade central forte, refletindo a necessidade de ordem e controle para garantir a coesão e estabilidade desses territórios.
Hans Morgenthau, em sua obra “A Política entre as Nações” (1948), também aborda aspectos interessantes na análise do tema. Morgenthau enfatiza em sua obra a importância do poder e da busca pela segurança como elementos centrais na política internacional. Nas sociedades nômades, o papel do líder muitas vezes envolvia a necessidade de garantir a segurança e a estabilidade interna, refletindo a preocupação com a manutenção do controle e da ordem.
Ambos teóricos Realistas, demonstram um ponto importante em tais civilizações: o uso da força para a garantia de sua soberania e formação do império. Sendo, dessa forma, ‘poder” e “conquista” sinônimos de tais civilizações.
A formação dos Estados nômades na Ásia representou um marco na história mundial, influenciando não apenas as regiões onde estavam estabelecidos, mas também as relações internacionais e o desenvolvimento cultural. Suas conquistas deixaram um legado duradouro que moldou o curso da história e demonstrou o poder transformador das civilizações nômades na formação do mundo moderno.
Referências:
MASON, Colin. Uma Breve História da Ásia. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.
MAYER, Tomás. A história do Império Mongol: da origem à queda. Revista Galileu, 13 Nov 2019. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2019/11/historia-do-imperio-mongol-da-origem-queda.html
Acesso em: 10 Mar 2024.
MORGUENTHAU, Hanz. A Política entre as Nações. São Paulo: Editora UnB, 2003.
POCHEKAEV, Roman. Chinggis Khan’s Great Yasa in the Mongol Empire. National Research University Higher School of Economics, 2016.
RIBEIRO, Gabriel. As Relações Intermacionais no pensamento de Thomas Hobbes. UNICAMP, 2010.
