
Beatriz Gaby de Oliveira, acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
A segunda edição do DIPLAM– Diálogos sobre Paradiplomacia na Amazônia-que acontecerá nos dias 25 e 26 de abril de 2024 com a temática: “Os Caminhos para Cooperação Socioambiental”, é um evento bienal realizado pelo Curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia, com o intuito de promover debates assertivos que maximizem a atenção para atuação da Paradiplomacia no contexto que vivemos como amazônidas nas pautas globais.
Nesse viés, a Região Amazônica, com os “olhos do mundo” virados para ela, expõe a necessidade de um olhar que compreenda suas especificidades e seus habitantes, pois não há como falar da Amazônia ignorando aqueles que nela vivem e entendem suas dinâmicas de interação. Com base nessa perspectiva, o DIPLAM ocorre em um momento ideal para as dinâmicas internacionais da região, uma vez que, em meio aos eventos que antecedem a COP 30 (Conferência das Partes), o evento abre espaço acadêmico para discussões com especialistas que elucidam a importância de buscar caminhos para cooperação socioambiental com base na compreensão científica das Relações Internacionais e da Paradiplomacia, como uma forma de tornar protagonistas os entes subnacionais amazônidas.
Em sequência, ao pautar sobre Paradiplomacia, é relevante entender sobre o que se trata esse conceito. Segundo o professor William Monteiro Rocha (2011), a Paradiplomacia surge como um fenômeno político-econômico-social no cenário de ascensão de novos atores no campo internacional, em decorrência das mudanças vivenciadas no globo após o fim da Guerra Fria e a intensificação do processo de globalização. É nesse contexto de interdependência trazida pela globalização, que o vigente conceito Westphaliano do Estado, como único sujeito, começa a se instabilizar, e a Paradiplomacia a ganhar sua plena forma. Nesse sentido, a Paradiplomacia pode ser explicada como uma abreviação de “diplomacia paralela” e refere-se à participação de atores subnacionais no S.I para complementar ou desafiar as políticas centrais do Estado (Junqueira, 2017).
Esse fenômeno, pode ser explicado através do conceito de Soft Power, explicitado pelo teórico Joseph Nye (2004) como um poder pelo qual os países podem influenciar outros através do apelo de suas ideias, culturas, valores e políticas. Ou seja, o Soft Power atua como um método de encantamento que visa aumentar influências e atingir objetivos (Nye, 2004). Nessa perspectiva, a Paradiplomacia é uma estratégia de grande importância para estabelecer e fortalecer o Soft Power dos Estados e dos Entes Subnacionais, visto que proporciona melhor articulação entre o global e o local e maximiza a efetivação de uma Governança Global (Neves, 2010), fator que fortalece o alcance de interesses mútuos entre atores.
Outrossim, ao pensar a temática do evento “Os Caminhos para Cooperação Socioambiental”, é válido pontuar que questões ambientais, em um contexto complexo que o mundo vivencia com as mudanças climáticas, não são debates que devem ser feitos de maneira isolada ao âmbito interestatal. Desse modo, a ação paradiplomática se demonstra como necessária em um sistema internacional de caráter interdependente, que deve buscar soluções pensadas a partir de todos os atores que o englobam, e que por eles são atingidos. Nesse liame, Rosenau (2007) traça comentários sobre a importância da Governança Global em temas que um Estado não consegue resolver sozinho, tendo em vista que, somente por meio de um envolvimento entre as diversas partes de um sistema, é possível alcançar uma solução concertada (Rosenau, 2007).
Dessa forma, ao pensar Paradiplomacia na Amazônia, no contexto de buscar caminhos para cooperação socioambiental, pode-se observar que em meio aos desafios enfrentados pelo Estado Brasileiro com as especificidades de vida, política e costumes em cada área que compreende à Amazônia Legal, a Paradiplomacia pode ser colocada como uma agenda propulsora e paralela do desenvolvimento regional (Rocha, 2011), e fornecer trajetos para elevar os conhecimentos regionais a um patamar internacional.
Com isso em mente, a participação no “II Diálogos sobre Paradiplomacia na Amazônia: Os Caminhos para Cooperação Socioambiental” se demonstra extremamente urgente e necessária para compreender os desafios e os caminhos para cooperação socioambiental que serão pautados pelos palestrantes desse evento.
As inscrições podem ser feitas por meio do link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdnwAWjg3ombcmFiJNpBDB5j70wygkuzn_BbDQoir6DxInj-g/viewform
E para ficar por dentro de mais informações sobre o evento e os palestrantes siga @diplam.unama no Instagram
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
JUNQUEIRA, Cairo Gabriel Borges. Paradiplomacia: a transformação do conceito nas relações internacionais e no Brasil. São Paulo: BIB, 2017. Acesso em: 10 abr. 2024
NEVES, Miguel Santos. Paradiplomacia, regiões do conhecimento e a consolidação do soft Power. Lisboa: JanusNet, vol 1, n. 1, 2010.
NYE, Joseph S. Cooperação e conflito nas Relações Internacionais: leitura essencial para entender as principais questões da política mundial. 1 ed. São Paulo: Editora Gente, 2009.
NYE, Joseph S. Soft Power. New York: Public Affairs, 2004. Acesso em: 10 abr. 2024.
ROCHA, William Monteiro. Paradiplomacia, desenvolvimento e integração regional de cidades amazônicas: desafios e especificidades do estado do Pará. São Paulo: Associação Brasileira de Relações Internacionais, 2011. Acesso em: 9 abr. 2024.
ROSENAU, James N. Governing the ungovernable: The challenge of a global disaggregation of authority. Washington: Regulation & Governance, 2007.
