
Maysa Lisboa, acadêmica do 5° semestre de Relações Internacionais
O Passaporte Musical desta semana é sobre uma cantora, compositora e musicista nipo-americana, Mitski. Seu reconhecimento se deu por suas letras introspectivas e sua habilidade de mesclar uma variedade de estilos musicais, incluindo rock alternativo, indie e folk. Sua influência é profundamente sentida dentro da esfera da música, afetando seus fãs e a comunidade musical em geral. Sua capacidade de transmitir emoção e profundidade através de suas composições pode criar conexões entre pessoas de diferentes origens e nacionalidades, promovendo um entendimento mútuo e um senso de unidade.
Mitski Miyawaki nasceu no Japão em 27 de setembro de 1990. Filha de pai norte-americano e mãe japonesa, devido ao trabalho de seu pai, viveu em treze países antes de se fixar em Nova York, onde começou a estudar música. Durante os estudos, ela produziu seus dois primeiros álbuns como projetos estudantis – Lush (2012) e Retired from Sad, New Career in Business (2013), baseados em piano. O segundo contou com uma uma orquestra formada por mais de 60 estudantes de acordo com o site MUZPLA.
Ela começou a compor suas próprias músicas aos dezoito anos. Depois de se formar, tornou-se vocalista de uma banda de metal progressivo, Voice Coils. O grupo se desfez após uma breve carreira, e Mitski começou a trabalhar em um terceiro álbum de estúdio, Bury Me at Makeout Creek (2014), que chamou a atenção da crítica. Seu próximo álbum, Puberty 2 (2016), recebeu elogios generalizados dos críticos musicais, e seu single “Your Best American Girl” foi considerado uma das melhores canções daquele ano. Ela excursionou pelos Estados Unidos com os Pixies e abriu shows para Lorde.
Ao longo de sua carreira, Mitski lançou uma série de álbuns aclamados pela crítica, como “Bury Me at Makeout Creek” (2014) e “Puberty 2” (2016). Sua música é frequentemente elogiada por sua autenticidade emocional e sua capacidade de explorar temas como identidade, solidão e amor de maneiras inovadoras. Em 2018, lançou seu quinto álbum, “Be the Cowboy”, que recebeu aclamação universal e foi considerado o melhor álbum do ano por importantes publicações especializadas, como Consequence of Sound e Pitchfork. Após a conclusão da turnê de promoção do álbum, que culminou com um show no Central Park, anunciou uma pausa temporária na sua carreira musical.
Em 2020, ela fez seu retorno com o lançamento da música “Cop Car”. Mitski explicou que estava trabalhando em dois projetos: a trilha sonora de uma história em quadrinhos intitulada “This Is Where We Fall” e um novo álbum chamado “Laurel Hell”, que teve como primeiro single “Working for the Knife” de acordo com o site FNAC. Em 2022, Mitski alcançou outro marco em sua carreira ao colocar seu álbum “Laurel Hell” no topo das vendas físicas nos Estados Unidos.
Além disso, a cantora recebeu uma indicação ao Oscar pela música “This is a Life”, uma colaboração com Son Lux para a trilha sonora do filme “Tudo em Todo o Lugar Ao Mesmo Tempo” (2022), vencedor do Oscar de Melhor Filme. No mesmo ano, ela lançou “The Land Is Inhospital And So Are We”, onde experimentou uma mudança sonora, deixando de lado elementos eletrônicos em favor de arranjos orquestrais e inspirações do folk norte-americano.
Embora não rotulada explicitamente como uma artista feminista, Mitski aborda temas relacionados à identidade e independência feminina em suas letras, contribuindo para conversas sobre esses assuntos. Sua música alcança uma audiência global e promove diversidade e inclusão na cena musical indie.
Podemos correlacionar a cantora com a filósofa e teórica feminista Judith Butler, conhecida por seu trabalho sobre performatividade de gênero e desconstrução de normas sociais. Butler argumenta que o gênero não é inato, mas sim uma construção social, em sua obra “Gender Trouble”. Ao relacionar os conceitos de Butler com a música de Mitski, podemos apreciar sua música como uma forma de resistência cultural e uma voz poderosa para a diversidade e inclusão, refletindo uma expressão autêntica de identidade de gênero e sexualidade. Sua arte influencia não apenas o cenário musical, mas também a percepção e discussão das questões de gênero na sociedade.
Referências:
MUZPLAY. Mitski. Disponível em: https://www.muzplay.net/musica/mitski. Acesso em: 24 abril de 2024.
VALKÍRIAS. Mitski. Disponível em: https://valkirias.com.br/mitski/. Acesso em: 24 abril de 2024.
FNAC. Mitski: biografia. Disponível em: https://www.fnac.es/Mitski/ia540870/biografia. Acesso em: 24 abril de 2024.
MADSOUND. Mitski: 10 anos de “Lush”. Disponível em: https://www.madsound.com.br/mitski-10-anos-lush/. Acesso em: 24 abril de 2024.GONZÁLEZ, Laura.
BUTLER, Judith. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. Nova York: Routledge, 1990. Disponível em: https://lauragonzalez.com/TC/BUTLER_gender_trouble.pdf. Acesso em: 29 de abril de 2024.
