
DIA INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A SOCIEDADE CIVIL GLOBAL
Jhennyfer Gonçalves – Internacionalista formada na Universidade da Amazônia
Para Devetak (1995), a Teoria Crítica não se limita a fazer meras críticas; busca, em vez disso, transformar o que está sendo analisado para promover mudanças construtivas. Essa abordagem visa a emancipação, promovendo a liberdade universal entre os seres humanos. Os teóricos críticos, como Robert Cox (1986), enfatizam que a teoria deve ter um propósito e ser aplicada para beneficiar a sociedade no presente, especialmente considerando as questões sociais existentes.
Na área das Relações Internacionais, a Teoria Crítica desafia os paradigmas dominantes, procurando reconstruir os estudos em torno de agentes historicamente excluídos, como movimentos sociais, mulheres e grupos étnicos. Ela busca promover transformações sociais emancipatórias, defendendo a liberdade individual e os direitos humanos, enquanto se opõe às estruturas de poder hegemônicas que impedem a emancipação social.
O cosmopolitismo é o ponto mais importante para o caminho teórico abordado neste artigo, pois ele é fundamentado por dois autores de grande relevância para as Relações Internacionais, o iluminista Immanuel Kant e o crítico Andrew Linklater. O primeiro, abordava o argumento de que os cidadãos eram globais e por isso, cada um tem responsabilidade com os outros. O segundo autor, afirma que a humanidade só alancaria a paz quando todos tivessem a consciência do universalismo moral.
Partindo dessa premissa podemos destacar a importância do cosmopolitismo para as organizações internacionais, que traz o argumento de que os indivíduos devem se reconhecer não apenas como membros de suas comunidades particulares, mas também, como membros da humanidade (REIS, 2006).
A Cruz Vermelha, uma das principais organizações humanitárias globais, tem como missão primordial proteger a dignidade das vítimas, seja em conflitos internacionais ou em outras situações de violência. Com o envolvimento da sociedade, a instituição trabalha para alcançar um mínimo de igualdade e acesso à assistência. Guiada pelo Direito Internacional Humanitário e pelos Direitos Humanos, a organização busca a paz e conta com milhares de voluntários e colaboradores para suas operações em todo o mundo.
É a instituição mais importante para o viés cosmopolita, por conta da sua atuação na promoção do bem estar e dos direitos para o indivíduo. Com o seu trabalho ela tem a capacidade de mudar o cenário mundial, estando presente em todos os continentes, ela realiza o trabalho idealizado por Kant e aprofundado por Linklater, por uma sociedade mais justa.
As pessoas que trabalham e se voluntariam a Cruz Vermelha se identificam com seus princípios, missão e objetivos. A instituição busca proteger os indivíduos de todas as formas de violência, se um direito é violado para alguém, ele é violado para todas as pessoas, sem distinções. A ideia do cosmopolitismo de Linklater (1998) mostra que o seu objetivo é proteger os estrangeiros da tirania dos outros governos, que se impõe sobre essas pessoas, as excluindo de forma injusta.
É impossível imaginar um mundo sem a grande iniciativa que é a Cruz Vermelha. Isso nos faz pensar o quanto ela se fez importante e necessária no mundo, muitas operações humanitárias só ocorreram por que ela tomou a frente para ajudar as vítimas. A sua imagem hoje, reflete os anos de construção e experiência, e muitos casos e situações, refletem o comprometimento que a Cruz Vermelha tem com a sociedade e com a vida.
A Cruz Vermelha desempenha um papel vital na mitigação do sofrimento humano em todo o mundo, enfrentando desafios complexos e emergências em diversas frentes. Sua importância transcende fronteiras, pois atua como uma âncora de esperança e assistência para milhões de pessoas.
Em suma, a Cruz Vermelha desempenha um papel insubstituível na proteção e promoção dos direitos humanos fundamentais, na prestação de assistência humanitária imparcial e na construção de um mundo mais justo e solidário. Sua presença global e compromisso com os princípios de humanidade, imparcialidade, neutralidade, independência, voluntariado, unidade e universalidade fazem dela uma força incomparável na busca por aliviar o sofrimento humano e promover a paz duradoura.
DEVETAK, Richard. The Project of Modernity and International Relations Theory. Millennium – Journal of International Studies, 1995.
COX, Robert. Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations Theory.
LINKLATER, Andrew. Men and Citizens in the Theory of International Relations. London: Palgrave Macmillan, 1982.
LINKLATER, Andrew. The Transformation of Political Community: Foundations of the Post-Westphalian Era. Cambridge: Polity Press, 1998.
REIS, Rossana. O lugar da democracia: a sociedade civil global e a questão da cidadania cosmopolita. São Paulo: Revista Perspectiva, 2006.
