Caio Farias Martins – 3°

Rayana Yukari Fachinetti Inomato – Internacionalista

O Fundo Monetário Internacional (FMI) refere-se a uma organização internacional criada em 1944 na Conferência de Bretton Woods, que obtém como objetivo de sua criação auxiliar financeiramente Estados em crises e garantir a estabilidade do sistema monetário internacional. Além disso, ao decorrer de seus anos de vigência, o FMI possui um papel importante para a previsão para o desempenho da economia dos Estados e do Mundo na totalidade, considerando o PIB e outros indicadores econômicos.

Diante desse cenário, no início de 2024, a organização revisou a previsão, efetuada em janeiro, para o desempenho da economia do Brasil e do mundo e, conforme G1 (2024), “a projeção para o crescimento mundial subiu levemente de 3,1% para 3,2%”. Enquanto isso, sobre a questão brasileira, o FMI eleva a projeção de crescimento da economia do Brasil, presenciando um aumento de 0,5 ponto percentual em relação à previsão feita em janeiro (CNN, 2024). Desta forma, essas atualizações sugerem um cenário mais otimista para a recuperação econômica global e o potencial de crescimento do Brasil.

Destarte, é de suma importância discutir e explorar as recentes projeções do FMI para a economia brasileira em 2024, compreendendo os fatores que contribuíram e impulsionaram para o aumento dessa prospectiva, visando, assim, obter uma análise geral e ampla sobre o significado dessa previsão e importância econômica para o Estado brasileiro.

Segundo o relatório, lançado em abril de 2024, “World Economic Outlook, Steady but Slow: Resilience amid Divergence” do FMI, entre os anos de 2023 e 2025, o Brasil projeta um crescimento econômico moderado, mas com boas perspectivas, como pode ser observado na tabela abaixo:

Visão geral das projeções 

Fonte: FMI, 2024

As revisões positivas da tabela para o Brasil revelam essas perspectivas otimistas, apesar da diminuição da porcentagem de 2,9% em 2023 para 2,2% em 2024, apresentando uma expectativa maior do que o projetado no ano passado, com uma diferença de +0,5% em relação à atualização de janeiro de 2024 e uma diferença de +0,7% em relação à atualização de outubro de 2023. Isso pode ser observado no relatório para além da tabela, indicando uma previsão de crescimento para mercados emergentes e economias em desenvolvimento, com uma expectativa de que no Brasil “o crescimento modere para 2,2% em 2024, devido à consolidação fiscal, aos efeitos defasados ​​da política monetária ainda restritiva e a uma menor contribuição da agricultura” (FMI, 2024, p. 12, tradução livre).

Outrossim, o relatório abrange bases de informações como as taxas moderadas do Produto Interno Bruto (PIB) aumentando em marcas constantes, com um crescimento de 2,908% em 2023 e 2,154% em 2024. Além disso, o PIB em termos de moeda nacional e dólares e o PIB per capita aumentaram, refletindo um crescimento econômico contínuo e indicando um aumento do rendimento médio por pessoa.

Ademais, há uma perspectiva de redução gradual da inflação e um controle relativamente estável sobre o desemprego, além de que as exportações de bens e serviços e as importações apresentaram um aumento em comparação com 2023.

Esse crescimento, segundo o relatório, pode ser atribuído ao fortalecimento dos investimentos, ao consumo interno, a políticas fiscais e monetárias que, apesar de restritivas, estão se prospectando favoráveis, a investimentos em infraestrutura, a atração de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), ao aumento da demanda global por commodities, além do fortalecimento das relações externas e com novos mercados. 

Pode-se compreender que as medidas projetadas e aplicadas pelo governo estão resultando em “frutos” benéficos para a estabilização econômica e seu futuro crescimento, destacando-se as agendas econômicas, a recuperação das políticas públicas, a postura internacional cooperativa, a política ambiental e as políticas de fortalecimento da democracia.

Nesse sentido, a partir das ideias de Robert Keohane e Joseph Nye sobre a Teoria da Interdependência Complexa que apresenta a compreensão de que os Estados e os atores não Estatais estão conectados interdependentemente por múltiplas “teias” transnacionais econômicas, políticas e sociais que envolvem fatores comuns e reverberam em agendas e questões múltiplas, além da ideia de múltiplos canais de interação incluindo laços de cooperação entre governos “bem como acordos formais de relações exteriores; laços informais entre elites não-governamentais (presencialmente e através de telecomunicações); e organizações transnacionais (como bancos ou corporações multinacionais)” (KEOHANE; NYE, 1977, p. 25, tradução livre), compreende-se que as projeções do FMI refletem esse ambiente interconectado e que uma análise da política econômica interna de um país necessita da compreensão dos fatores externos que a abrangem e a influenciam.

No caso do Brasil, as perspectivas de crescimento são reflexo das políticas internas do governo, mas também de seu posicionamento internacional e de como o mercado global se comporta, destacando que o relatório indica a “dependência mútua” entre a economia brasileira e os mercados globais, além de que o crescimento econômico mundial impacta positivamente a demanda por exportações brasileiras, especialmente de commodities agrícolas e minerais. Além do mais, os múltiplos canais de interação, incluindo investimentos estrangeiros diretos, o comércio internacional e fluxos de capital, são evidentes na economia brasileira, demonstrando a interdependência econômica do Brasil para com os outros países.

Destarte, as novas projeções do FMI sobre a economia brasileira em 2024 apontam para um cenário de crescimento moderado, porém otimista, com uma revisão positiva da previsão de crescimento do PIB. Essa perspectiva reflete não apenas as políticas internas adotadas pelo governo, mas também as políticas externas marcadas pela interdependência econômica do Brasil com os mercados globais. Portanto, o aumento dos investimentos, o consumo interno, as políticas fiscais e monetárias favoráveis, juntamente com a demanda global por commodities, contribuem para impulsionar a economia brasileira em um contexto de recuperação econômica gradual.

 REFERÊNCIAS:

CNN. FMI eleva projeção de crescimento da economia do Brasil em 2024 a 2,2%. 16 abr. 2024. Disponível em:  https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/fmi-eleva-projecao-de-crescimento-da-economia-do-brasil-em-2024-a-22/#:~:text=A%20projeção%20do%20FMI%20para,ao%20menos%202%2C5%25 Acesso em: 13 maio 2024.

FMI. World Economic Outlook — Steady but Slow: Resilience amid Divergence. 2024.

G1. FMI eleva projeção para o desempenho da economia brasileira em 2024. 16 abr. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/04/16/fmi-eleva-projecao-para-o-desempenho-da-economia-brasileira-em-2024.ghtml Acesso em: 13 maio 2024.

KEOHANE, Robert O; NYE, Joseph S. Power and Interdependence: World Politics in Transition. Boston: Little, Brown and Company, 1977.