Gabriela Vaz, acadêmica do 1º semestre de Relações Internacionais
O passaporte musical desta semana é sobre um cantor, músico, compositor, chamado como o “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga. Foi criador do gênero fonográfico da música brasileira, o baião, e o seu reconhecimento se deu também por elevar o forró e outros ritmos do nordeste a níveis nacional e internacional. Suas canções abordam questões sociais da época, paixões, a esperança por uma vida melhor, a seca e exaltam a cultura nordestina.
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em Exu, no Pernambuco, em 13 de dezembro de 1912. Seu pai tocava sanfona e aos poucos ele foi aprendendo e acabou ajudando a animar festas da localidade. No início da adolescência, comprou a sua primeira sanfona, tocou em um casamento e foi neste momento que decidiu seguir a carreira musical. No entanto, após desavenças amorosas e familiares, Gonzaga aos 17 anos saiu de casa, vendeu a sanfona e alistou-se ao exército no Ceará. Durante o período alistado, ele não conseguiu entrar na orquestra do quartel, sendo assim, comprou uma sanfona e teve aulas particulares com um sanfoneiro famoso.
Deixando o exército em 1939, Gonzaga, no Rio de Janeiro, enquanto esperava o seu navio para retornar à Pernambuco, foi aconselhado a tocar pelas ruas da cidade com o intuito de ganhar dinheiro. Seguiu tal conselho e logo começou a tocar em bares e cabarés, possuindo um repertório pré-estabelecido pelos donos. Com a entrada no âmbito musical, ele decidiu participar de um programa de rádio, o qual não obteve êxito (EBIOGRAFIA, 1939). Novamente, o músico recebeu conselhos e desta vez para tocar músicas dos sanfoneiros do sertão nordestino. Esteve em outro programa de rádio e obteve a nota máxima e o primeiro lugar (EBIOGRAFIA, 1940).
A partir daquele momento, o músico ganhou destaque e gravou dois discos como solista de sanfona, sendo em um deles a música de sua autoria “Vira e Mexe” (1941). Iniciando sua carreira em rádios, começou a cantar e lançar músicas nordestinas com a utilização de três instrumentos musicais: o triângulo, a sanfona e zabumba. Passou-se um tempo, Gonzaga aderiu a um sistema simbólico de vestimenta que representava a sua região. Ele adotou roupas de vaqueiro sertanejo e o chapéu de cangaceiro. Além disso, a variedade linguística
da população do Nordeste também foi apresentada em várias de suas canções.
Ao longo da vida, ele gravou 627 músicas, sendo 53 de sua autoria e 243 juntamente com parceiros. Seus maiores sucessos são: “Pagode Russo” (1946); “Asa Branca” (1947), que aborda a questão da migração do povo do nordeste, devido à seca nordestina; “Olha pro Céu” (1951); “O Xote das Meninas” (1953) e “Numa Sala de Reboco” (1964). O rei do Baião lutou durante seis anos contra um câncer de próstata e sua morte foi ocasionada por uma parada cardíaca em 2 de agosto de 1989.
A relação entre Luiz Gonzaga e o campo das relações internacionais, é estabelecida por meio da obra “Fenomenologia do Espírito” (1807) de George Hegel, em um trecho que diz “O falar tem a natureza divina de inverter imediatamente o visar”. Isso manifesta vontades, saberes e desejos que antes estavam presentes apenas no inconsciente da mente humana e agora são externalizados e, algumas vezes, concretizados no mundo real. Portanto, nota-se que Hegel considera o “falar”, como uma ação que tem o poder de criar e mudar comportamentos e hábitos ao seu redor.
Sendo assim, Gonzaga utiliza tal poder linguístico para expressar em suas canções, dentre outros, a situação da sociedade da época, suas dificuldades e para valorizar a cultura nordestina, dando visibilidade à região que era esquecida pelo resto do país. Logo, devido à sua importância no cenário brasileiro, ele continua a ser representado até os dias atuais com um museu, festas e homenagens de artistas nacionais.
REFERÊNCIAS:
FRAZAO, D. Luiz Gonzaga. EBIOGRAFIA. Disponível em:
https://www.ebiografia.com/luiz_gonzaga/. Acesso em 15 jun. 2024.
GONZAGAO ONLINE. DISCOGRAFIA DE LUIZ GONZAGA . Disponível em:
https://gonzagao.com/discografia-de-luiz-gonzaga. Acesso em: 15 jun. 2024.
HEGEL, G. FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO. 2°ed. Editora Vozes, 2003.
