
Stefany Louise Campolungo Rodrigues – acadêmica do 7º semestre de Relações Internacionais da Unama
O dia do Orgulho LGBT+ nasce em meados de 1969, fruto de lutas organizadas por pessoas da comunidade em busca de direitos que os protegessem da violência e perseguição sofrida na época. A Revolta de Stonewall, como ficou conhecida, foi um levante contra a polícia de Nova York, que covardemente invadia bares e baladas gays para prender os mesmos sem terem infringido a lei. A principal liderança do movimento na época foi a ativista transexual e drag queen Marsha P. Johnson, levando uma passeata até o Central Park, sendo a primeira vez que a comunidade LGBT+ ocupava um espaço público com gritos em busca de direitos básicos, assim nascendo a primeira a Parada do Orgulho LGBT (CORREIO BRAZILIENSE).
No Brasil, o movimento em busca de direitos foi semelhante ao liderado por Marsha P. Johnson, entretanto, durante a Ditadura Militar, entre 1964 e 1985, aconteceu uma perseguição específica à comunidade LGBT+, Operações como “Sapatão” e “Tarântula”, visavam a prisão arbitrária de lésbicas e travestis com violações aos direitos humanos no período. Com isso, membros da comunidade se organizaram através de publicações como o Lampião da Esquina e o ChanacomChana, vendidos de modo clandestino em bancas de jornal e bares, com a finalidade de denunciar as operações policiais contra gays, lésbicas e travestis (CORREIO BRAZILIENSE).
O movimento LGBT+ ainda enfrentou um período de reorganização devido a pandemia da AIDS. A primeira marcha ocorreu em 1995, em Copacabana, após a conferência da ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex), reunindo poucas dezenas de pessoas, sendo a primeira Parada do Orgulho LGBT+ em 1997, inspirada nas marchas de Marsha P. Johnson, e ocorreu na Avenida Paulista, São Paulo, reunindo cerca de duas mil pessoas, crescendo a cada ano (CORREIO BRAZILIENSE).
Para Jasbir K. Puar (2007), A heteronormatividade é indispensável para a promoção de um nacionalismo agressivo, militarista, masculinista, racial e especificamente de classe. Segundo a autora, o pós-ataque no 11 de setembro expressou preocupações em terapeutas sexuais nos Estados Unidos sobre comportamentos sexuais não-normativos, como sexo fora de relacionamentos íntimos primários, sugerindo que poderiam prejudicar o processo de cura nacional.
Enquanto isso, o ex-Presidente George W. Bush utilizou os eventos como justificativa para promover sua agenda pró-família através de programas federais para promover “casamentos saudáveis”. Parceiros sobreviventes do mesmo sexo buscaram fundos de luto, porém enfrentaram exigências para que as famílias dos parceiros falecidos validassem seus relacionamentos. Além disso, homens gays e bissexuais enfrentaram restrições na doação de sangue. Apesar da reativação das normas heterossexuais como parte do patriotismo pós-11 de setembro, os EUA foram simultaneamente vistos como defensores de uma sexualidade progressista, em contraste com as políticas do Oriente Médio, sendo considerados “seguros”. (PUAR, 2007)
A luta para direitos para a comunidade LGBT+ não terminou. Direitos básicos ainda são negados e violências sexuais, físicas, psicológicas e até mesmo hospitalares ainda acontecem em diversos lugares do mundo, muita das vezes com a vítima sendo impossibilitada de vir a público por vergonha ou medo de ser desacreditada. Com isso, personalidades como as deputadas Erika Hilton e Duda Salabert são necessárias, travando uma luta em um ambiente heteronormativo, racista e homofóbico para a garantia de direitos, não só da comunidade LGBT+, mas também de minorias que sofrem diariamente com a rejeição e violência da sociedade atual.
REFERÊNCIAS
ESTADO’, A. Por que o Orgulho LGBT+ é comemorado mundialmente em junho? Entenda. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2022/06/5012447-por-que-o-orgulho-lgbt-e-comemorado-mundialmente-em-junho-entenda.html>. Acesso em: 25 jun. 2024.
PUAR, J. K. Terrorist assemblages : homonationalism in queer times. Durham: Duke University Press, 2017.
