Gabriela Vaz, acadêmica do 2° semestre de Relações Internacionais

O passaporte musical desta semana é sobre o DJ, produtor musical e um dos destaques da música eletrônica brasileira, Alok. O seu gênero principal é o eletrônico, no entanto, o DJ mescla outros estilos musicais com esse gênero, especialmente quando há parcerias com artistas nacionais e internacionais. Suas canções autorais abordam a importância de viver a vida intensamente, paixões, esperança e resiliência. O artista possui participações em projetos sociais, uma associação sem fins lucrativos, e é ativista das causas indígenas.

Alok Achkar Peres Petrillo nasceu em 26 de agosto de 1991, na cidade de Goiânia, Goiás. Durante uma viagem à Índia, os seus pais consultaram um guru que disse que um dos filhos do casal deveria chamar-se “Alok”, que, segundo a língua sânscrita, significa Luz. (Antena 1, 2019). O produtor musical tem um irmão gêmeo bivitelino, o DJ Bhaskar e uma irmã, Jaya, fruto de outro casamento do seu pai. Seus genitores são DJ’s conhecidos do psy trance – estilo de música eletrônica – e criadores do festival Universo Paralello.

Até os cinco anos, o artista viveu no Distrito Federal e após a separação dos seus pais, mudou-se para os Países Baixos com a mãe e o irmão. No continente europeu, Alok teve mais contato com a música eletrônica, pois sua mãe trabalhava como faxineira em uma boate e algumas vezes ele e o irmão não tinham com quem ficar e a acompanhavam no trabalho. Durante quatro anos esteve nos Países Baixos e depois retornou ao Brasil. Ele juntamente com Bhaskar, formaram uma dupla e faziam seus próprios remixes apenas por brincadeira. Porém, aos 14 anos, a dupla realizava apresentações e ganhava cachê. Em 2010, os irmãos decidiram cada um seguir a sua própria carreira. Alok fez sua estreia com o house music – estilo de música eletrônica – e em seguida instituiu um termo para o seu estilo musical: o Brazilian bass.

O primeiro sucesso solo do DJ foi um sample da música “Signs” do rapper Snoop Dogg, mas a música marcou o início das suas participações em vários festivais foi “We Are Underground” (2013). Em 2014 e 2015, ele foi eleito pela House Mag – revista brasileira especializada em música eletrônica – como o melhor DJ do Brasil. Desse momento em diante, o artista segue sendo classificado em diversas revistas de importância no cenário musical.

Alok gravou “Hear Me Now” (2016) juntamente com o DJ Bruno Martini e cantada por Zeeba; canção que alavancou mais o seu sucesso. Posteriormente, começou a lançar diversos remixes e músicas autorais com feats. Algumas de suas músicas mais conhecidas mundo afora são: “Fuego” (2016); “Never Let Me Go” (2017); “Big Jet Plane” (2017); “Ocean” (2018); “Vale Vale” (2019); “Alive” (2020); “Jungle” (2023); “Nossos dias” (2024) e “Summer Is Back” (2024).

Além disso, o artista participa de projetos sociais e fundou em 2020 uma instituição coma sua esposa, o Instituto Alok. Neste instituto, o objetivo é contribuir para o investimento social no Brasil, atuando nas áreas de Empreendedorismo, Gastronomia Social, Desenvolvimento Humano e Povos indígenas, e promovendo relações de intercâmbio de aprendizagem no desenvolvimento de tecnologias sociais na África e na Índia. (Instituto Alok, 2024). Em decorrência dessa obra social, o DJ no ano de 2023, foi condecorado com uma medalha: a Ordem do Mérito Judiciário Trabalhista, no grau de Grande Oficial.

No contexto dos povos indígenas, Alok é um ativista da causa que defende a sua importância, seus direitos, uma economia verde, entre outros. No ano de 2021, iniciou os trabalhos para uma colaboração musical com artistas indígenas do Brasil. Ele fez uma performance no “Global Citizen Live”, juntamente com os povos originários no Rio Amazonas e também dois shows na sede da ONU, em Nova York. Recentemente, Alok fez o lançamento do álbum “The Future Is Ancestral” (2024) que possui nove canções e têm a participação de mais de 50 músicos indígenas. Em virtude disso, o artista tornou-se o embaixador da COP30 e fará um show gratuito em novembro de 2024, em Belém (PA) para iniciar a contagem regressiva para o evento climático.

A relação entre Alok e o campo das relações internacionais, é estabelecida por meio da obra “A Identidade Cultural na Pós-modernidade” (1992), de Stuart Hall. Ao longo do livro, o autor discorre que a identidade é formada por histórias, tradições, linguagens, costumes, memória coletiva, entre outros. Hall também aborda, a maneira que a globalização acelerou o processo de conhecimento dos indivíduos sobre as identidades de cada país e o fato de como a mídia pode influenciar na propagação de determinadas identidades.

Sendo assim, Alok utiliza a sua visibilidade para proteger as identidades dos povos indígenas. O artista promove, junto a eles, a representatividade dos povos originários, apresentando algumas de suas identidades: a diversidade cultural, étnica e linguística, através da música e do seu instituto. Seu comprometimento com a divulgação das origens ancestrais é evidenciado não só pelos brasileiros, mas também por pessoas do mundo todo. Logo, percebe-se que o DJ está potencializando a importância da preservação da cultura ancestral indígena.

REFERÊNCIAS:

ANTENA 1. ALOK – BIOGRAFIA E DISCOGRAFIA. Disponível em: https://www.antena1.com.br/artistas/alok. Acesso em 8 jul. 2024.

GONCALVES, C. MÃE FAXINEIRA NA HOLANDA E NOME ESCOLHIDO POR GURU:
CURIOSIDADES DA VIDA DE ALOK.
MULHER. Disponível em: https://www.mulher.com.br/comportamento/poucos-conhecem-a-curiosa-historia-dealok-e-sua-familia-nome-escolhido-por-guru-e-mais-fatos. Acesso em 8 jul. 2024.

HALL, S. A IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE. 11° ed. Editora DP&A, 2006.

INSTITUTO ALOK. SOBRE O INSTITUTO ALOK. Disponível em:
https://institutoalok.org/sobre-o-instituto-alok/#missao-visao-valores. Acesso em 8 jul. 2024.

PACILIO, I. ALOK EXALTA POVOS INDÍGENAS EM ÁLBUM POLÍTICO: “MAIS IMPORTANTE DA CARREIRA”. BILLBOARD. Disponível em:
https://billboard.com.br/alok-exalta-povos-indigenas-em-album-especial-e-foge-depolarizacao/. Acesso em 8 jul. 2024.