Caio Farias Martins – 4° 

Marcelo Eduardo Alves de Brito – 4°

Com a Revolução Industrial em 1760, origina-se um novo sistema econômico que moldaria o âmbito social drasticamente, através de uma ideologia baseada na venda do tempo e exploração da mão de obra de um indivíduo em troca de uma recompensação fixa mensal. Contudo, esse sistema econômico sofreu diversas mudanças estruturais com o decorrer dos anos, encaminhando-o a uma estrutura na qual a menos interferência estatal na economia moderna, gerando crises em diversos países ao redor do mundo.  

Por consequência, nos últimos anos houve um crescimento exponencial da extrema direita, principalmente em países europeus, na qual adotam a democracia liberal como forma de organização social, possibilitando a extrema direita europeia se utilizar de crises neoliberais para expandir sua influência na sociedade, como evidenciado no gráfico a seguir:  

Desta forma, é perceptível como a ascensão da extrema-direita na Europa está intimamente ligada às crises econômicas que o continente tem enfrentado nas últimas décadas. Sendo assim, a crise econômica de 2008 e suas consequências prolongadas serviram como um terreno fértil para o crescimento de movimentos políticos de extrema-direita, que capitalizaram o descontentamento popular e as insatisfações econômicas, contexto pré-Segunda Guerra Mundial, quando o movimento fascista emergiu em vários estados em resposta à crise econômica de 1929, ressalta o Daniel Melo (2020): 

“O intervencionismo estatal na economia fascista esteve presente de forma mais pronunciada após a crise de 1929, e era resultado de concepções corporativistas que animaram intelectuais como Ugo Spirito na crítica ao laissez-faire.” (Melo, 2020, p. 15). 

Com isso, de acordo com a Teoria da Dependência, desenvolvida por teóricos como Andre Gunder Frank e Immanuel Wallerstein, as economias periféricas e semiperiféricas estão frequentemente em uma posição de dependência econômica em relação aos países centrais. Essa teoria argumenta que a desigualdade econômica global e as crises econômicas locais são interconectadas através de relações de dependência desigual que perpetuam o subdesenvolvimento e a marginalização (FRANK, 1966). 

De maneira análoga, a crise econômica pode ser vista como um fator que exacerba as divisões sociais e políticas, fornecendo uma base para que a extrema-direita ofereça soluções simplistas e nacionalistas para problemas complexos. Assim, analisando a ascensão da extrema-direita na Europa à luz da Teoria da Dependência, podemos observar que os partidos de extrema-direita frequentemente exploram a narrativa de que a crise econômica é uma consequência de políticas externas e de uma ordem econômica global “injusta”. 

Isso se reflete nas retóricas anti-imigração e eurocéticas de muitos desses partidos, que prometem restaurar a soberania e o poder econômico nacional em oposição a uma ordem global desigual. Tal, como, por exemplo, a ascensão de Giorgia Meloni, do partido de extrema direita Irmãos da Itália Nacional, o qual conforme BBC (2024) “tem suas raízes políticas no Movimento Social Italiano (MSI), que surgiu das cinzas do fascismo do ditador Benito Mussolini.”, adotando em sua campanha eleitoral e em seu mandato, política e discursos anti-imigração dos “não-europeus”, que reflete até em certas decisões na União Europeia, como reformas e entre outros (BBC, 2004). 

 Com isso, torna-se perceptível a relação direta entre a crise do capitalismo neoliberal e a ascensão da extrema direita europeia, sendo as crises econômicas bases para a argumentação de discursos nacionalistas que fortalecem partidos conservadores por todo o continente europeu, alimentando a insatisfação popular e as divisões sociais, oferecendo um terreno fértil para movimentos políticos que prometem soluções simplistas para questões complexas. 

Referências: 

BBC. Como Giorgia Meloni está se tornando ‘locomotiva’ da direita radical na Europa. 04 jul. 2024. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/crgg52gl62zo. Acesso em: 24 jul. 2024. 

FRANK, Andre Gunder. Capitalism and Underdevelopment in Latin America. New York: Monthly Review Press, 1966. 

MORAES , Alisson. In: Ascensão da extrema-direita na Europa e ameaças ao Estado democrático no Brasil. [S. l.], 29 jun. 2024. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2024-jun-29/a-ascensao-da-extrema-direita-na-europa-e-as-ameacas-ao-estado-democratico-de-direito-no-brasil/. Acesso em: 22 jul. 2024. 

MELO, Daniel. O BOLSONARISMO COMO FASCISMO DO SÉCULO XXI1. 2020. Disponível em: https://www.academia.edu/download/65172570/Livro_final.pdf#page=12. Acesso em: 24 jul. 2024.