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Em um ambiente internacional caracterizado pela alta competitividade, a inovação tecnológica representa uma das principais formas de se obter vantagens na disputa por mercados, perspectiva que tem se mostrado central para a inserção de fabricantes chinesas no comércio internacional de veículos. De acordo com o economista Michael Porter (1990), a inovação constante, tanto em termos de desenvolvimentos tecnológicos, aprimoramentos de processos produtivos ou mesmo a elaboração de novas estratégias para alcançar os consumidores, são essenciais para que uma empresa alcance e para que mantenha uma vantagem no mercado internacional sobre suas concorrentes. 

 Além disso, o autor destaca que os Estados podem contribuir para a criação de um contexto que incentive o desenvolvimento de vantagens competitivas por parte das empresas, especialmente através de políticas que estimulem o dinamismo e a inovação (PORTER,1990). Nesse âmbito, é de nota que o Estado chinês tem desempenhado um papel importante no fomento à competitividade e ao aprimoramento tecnológico de sua economia.

Primeiramente, é importante destacar que a China tem passado por mudanças profundas em seu setor produtivo. Segundo Jabbour e Gabriele (2021), a partir dos anos 2000, é possível perceber a realização de políticas voltadas para fomentar o desenvolvimento de setores de tecnologia de ponta na China. Sendo assim, atualmente o país se destaca no sistema internacional por ter não apenas alcançado o nível tecnológico dos países desenvolvidos, mas por estar em uma posição central para a próxima revolução técnico científica.

A indústria automotiva, especialmente a voltada para a produção de veículos elétricos (EVs), mostra-se um exemplo claro dos esforços chineses para a produção de tecnologia de ponta. A produção de EVs na China foi impulsionada por investimentos diretos de US$ 5,6 bilhões do governo somados a benefícios como a isenção de impostos para montadoras nacionais como a BYD, e até estrangeiras que se instalaram no país como a Tesla, tornando a China a maior produtora de EVs do mundo (INSIDEEVS BRASIL, 2024).

Ademais, o avanço automobilístico chinês consta em uns dos grandes planejamentos econômicos chines: “Made In China 2025”, no qual tal plano econômico visava modernização e inovação ressaltou e priorizou, conforme Pedro Silva (2024), “uma das áreas prioritárias para a inovação tecnológica foi a transição de veículos com motor a combustão para veículos com motores elétricos”.

Destarte, essa estratégia também demonstra uma forma de ampliar seus parceiros econômicos e expandir suas áreas de influência comercial e política. Paralelamente, a China está exportando tecnologia de alto valor agregado e estimulando sua indústria automobilística com veículos elétricos (EVs), como evidenciado pelas marcas BYD e Great Wall Motors (GWM). Nessa perspectiva, é perceptível o avanço significativo dessas marcas no mercado de EVs, e a China tem se tornado a maior produtora de veículos eletrificados, conforme mostrado na tabela:

Desta forma, por meio deste plano econômico, China almeja desvincular-se da associação de suas mercadorias serem de baixo qualidade, contendo pouca tecnologia e longevidade, e redefinir para produtos de uma alta qualidade, altíssima tecnologia, preços acessíveis e comparados com as mercadorias dos Estados desenvolvidos (SILVA, 2024). Assim, esta alternância de percepção internacional expressa o poder de “soft-power” econômico, por trás desse mercado automobilístico chines, ao ampliar a sua área de influência e parceiros econômicos e políticos, não só por intermédio da indústria automobilística, mas também da energia solar e baterias de Lítio (EURONEWS, 2024).

De maneira análoga, de acordo com a Teoria do Soft Power, desenvolvida por Joseph Nye, a influência de uma nação não se baseia apenas no poder econômico ou militar, mas também em sua capacidade de atrair e persuadir outros países através de cultura, política e economia (NYE, 2004). Com isso, tal conceito pode ser utilizado pelo Estado não apenas para expandir sua área de influência, mas também para transformar sua reputação internacional, como exemplificado pelo setor automotivo da China.

Sendo assim, os últimos anos representaram uma mudança profunda no setor produtivo chinês, corroborando para o cumprimento de medidas estipuladas com o objetivo de fortificar o Soft Power do estado e ampliar sua influência política e econômica frente a outros atores internacionais. Portanto, com os incentivos financeiros dado as montadoras a China emerge como referência tecnológica internacional e segue com suas políticas econômicas que visam além da corrida automobilística mundial.

Referências:

EURONEWS. China dominating soaring global clean tech industry. 2024. Disponível em: https://www.euronews.com/green/2024/05/06/china-dominating-soaring-global-clean-tech-industry. Acesso em: 22 ago. 2024.

INSIDEEVS BRASIL. China oferece mais subsídios a montadoras para sustentar indústria de carros elétricos. INSIDEEVS BRASIL, 16 abr. 2024 Disponível em: https://insideevs.uol.com.br/news/716307/china-subsidios-montadoras-carros-eletricos/. Acesso em: 21 ago. 2024.

JABBOUR, Elias; GABRIELE, Alberto. China: o socialismo do século XXI. Boitempo Editorial, 2021.

NYE Jr., J. S. The benefits of soft power. 2004. Disponível em: http://hbswk.hbs.edu/ archive/4290.html. Acessado em 22 de ago. de 2024.

SILVA, Pedro. Perspectivas do Mercado de Veículos Elétricos no Brasil. 2024. Disponível em: https://www.observachina.org/zh/articles/perspectivas-do-mercado-de-veiculos-eletricos-no-brasil. Acesso em: 22 ago. 2024.