
Por Marcelo Andrade de Freitas, acadêmico do 4º semestre de Relações Internacionais na Unama.
Os atentados ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001 marcaram um novo capítulo nas relações internacionais, com repercussões globais. A partir desse momento, os Estados Unidos da América passaram a reorientar suas políticas e estratégias de segurança nacional com um foco central no combate ao terrorismo (CLARKE, 2004). Esse evento também justificou uma resposta direta dos EUA em países estrangeiros, especialmente na região do Oriente Médio, com o objetivo de desmantelar grupos terroristas e reconfigurar as dinâmicas de poder na região.
As respostas armadas ao atentado de 11 de setembro, exemplificadas por operações como a invasão do Iraque e do Afeganistão, evidenciaram as dificuldades enfrentadas pelos Estados Unidos em lidar com o terrorismo e com as crescentes tensões no Oriente Médio. A perseguição a grupos extremistas como Al-Qaeda e Talibã resultou em violações dos direitos humanos e na constante desestabilização dos países da região. Segundo Cretella Neto (2008), a dificuldade em definir o terrorismo de forma precisa e unânime reflete a complexidade e delicadeza ao se lidar com o fenômeno, que não se limita apenas a atos de violência física ou a estados nacionais bem definidos. O terrorismo também envolve a manipulação de informações, a disseminação do medo e a busca por objetivos políticos.
Nesse viés, ao analisar os conflitos que sucederam o 11 de setembro, percebe-se que eles também foram guiados por uma visão orientalista dos países árabes (SAID, 2007). Essa perspectiva foi crucial para construir uma percepção distorcida e estereotipada, que sugeria que pessoas de etnia árabe ou de religião muçulmana tinham uma tendência inerente a realizar atos terroristas. Como consequência, essa visão abriu margem para a violência e discriminação contra esses grupos, o que também foi determinante durante as operações americanas após os atentados.
Paralelamente, esses conflitos também representaram uma tentativa e oportunidade para os Estados Unidos assegurarem um domínio econômico na região. De acordo com Gilpin (2004), célebre autor de Relações Internacionais, é essencial que haja uma relação entre o poder político e os recursos naturais econômicos para que um determinado Estado nacional mantenha uma hegemonia dominante em uma região específica. Nesse contexto, o interesse norte-americano em desestabilizar países do Oriente Médio pode ser interpretado como uma estratégia para reafirmar sua hegemonia e garantir o acesso a recursos naturais abundantes na região, como o petróleo e o gás natural.
Assim, ao analisar o trabalho de Gilpin (2004), conclui-se que os atentados às Torres Gêmeas, embora tenham sido um evento trágico e traumatizante para os cidadãos norte-americanos, também foram instrumentalizados pelos Estados Unidos como justificativa para intervir diretamente e desestabilizar nações, visando suprir seus próprios interesses.
Referências:
CLARKE, Richard. Against All Enemies: Inside America’s War on Terror. Nova Iorque: Free Press, 2004.
GILPIN, Robert. O Desafio do Capitalismo Global. Capa comum. Rio de Janeiro: Record, 2004.
NETO, José Cretella. Terrorismo Internacional. Capa comum. 1. ed. São Paulo: Millennium, 2008.SAID, Edward W. Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente. Tradução de Rosaura Eichenberg. Capa comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
