
Yasmin Garcia – Internacionalista formada pela UNAMA.
Localizada no polo sul do planeta terra, a Antártica, cujo nome deriva do termo “anti-ártico” – por ser do lado oposto à região que se situa no polo norte do planeta – é o segundo menor dos continentes, sendo o principal regulador térmico por ter o solo permanentemente congelado. A região possui as maiores reservas de água e gelo – 90% e 70%, respectivamente -, mas se encontra gravemente em risco nos últimos anos (BARBOSA, 2024).
Anualmente, pesquisadores de todo o mundo utilizam-se do território para estudar sobre a fauna e a flora do local, coletando sedimentos para analisar passado e futuro. Graças ao aumento das temperaturas, os cientistas identificaram fatores preocupantes: o Lago Boeckella, por exemplo, desapareceu, acarretando no surgimento de drenos que escorrem a água para o mar, que tem seu nível elevado (BARBOSA, 2024).
Segundo Di Lorenzo (2024), o maior perigo se encontra na geleira Pine Island, que possui a maior abertura para a água escorrer para o mar. Ademais, com as condições térmicas piorando aceleradamente, causando mais calor, estão surgindo vegetações rasteiras – sobretudo nas Ilhas Shetland do sul ao noroeste: isso pode gerar condições futuras de ocupação permanente, que podem ocasionar conflitos por causa do Tratado Antártico.
Em vigor desde 1959, o Tratado Antártico busca proteger a fauna e a flora da área em benefício de toda a humanidade. O Brasil assinou o tratado em 1975; no entanto, só entrou como membro consultivo em 1983, participando das várias convenções e reuniões que sucederam a criação do acordo. Uma das medidas tomadas foi o Protocolo de Madri, de 1991, que denomina a Antártica como uma reserva natural voltada à paz e à ciência, proibindo atividades de mineração ou coisas do gênero (MARINHA DO BRASIL, 2021).
Outrossim, é imprescindível mencionar o estudo de José Xavier, que analisou o “passado” como se estivesse em 2070, englobando os 50 últimos anos até lá, criando duas possíveis narrativas. A primeira tratava-se do cenário do aumento do efeito estufa sem políticas boas para melhorar: mudanças rápidas, como o degelo e a elevação do nível do mar, ocasionaram a degradação ambiental e introduziram novas pestes invasivas, afetando não só a região, mas todo o globo. A segunda, com políticas e ações suficientes para deter as alterações climáticas, abrandaram as mudanças, gerindo a pressão humana apropriadamente e mantendo as plataformas de gelo intactas (PINTO, 2018).
Para averiguar a conjuntura de forma mais completa, é necessário citar a tese de John Mearsheimer (2001), teórico neorrealista de Relações Internacionais. O autor explica que os Estados modernos estão constantemente buscando por hegemonia, fator que os fazem tomar atitudes para consegui-la, passando por cima de outros – nem que para isso precisem agir na ofensiva. As possíveis consequências drásticas na região Antártica, somado ao provável descumprimento do Tratado caso aconteçam, podem resultar em conflitos pequenos, e até mesmo guerras maiores por território.
Portanto, haja vista todos os fatores supramencionados, é vital que providências sejam tomadas para que a primeira narrativa do estudo de José Xavier (PINTO, 2018) não se concretize.
REFERÊNCIAS
[S.I.] Sistema do Tratado da Antártica. Brasil: Marinha do Brasil, 2021. Disponível em: https://www.marinha.mil.br/secirm/pt-br/proantar/tratado-antartica
BARBOSA, Francielly. Estudo sobre a Antártica análise alterações no continente. Rio de Janeiro: Defesa Aérea e Naval, 2024. Disponível em: https://www.defesaaereanaval.com.br/defesa-aerea-naval/estudo-sobre-a-antartica-analisa-as-alteracoes-no-continente
DI LORENZO, Alessandro. Ponto de “derretimento descontrolado” é localizado na Antártida. Olhar digital, 2024. Disponível em: https://olhardigital.com.br/2024/06/27/ciencia-e-espaco/ponto-de-derretimento-descontrolado-e-localizado-na-antartida/#:~:text=O%20derretimento%20de%20gelo%20na,impactos%20causados%20pelas%20mudanças%20climáticas.
MEARSHEIMER, John J. The Tragedy of Great Power Politics. New York City: W. W. Norton & Company, 2001.
PINTO, Cristina. Alterações climáticas: escolher o futuro da Antártida para evitar impactos globais irreversíveis. Portugal: Universidade de Coimbra, 2018. Disponível emhttps://noticias.uc.pt/artigos/alteracoes-climaticas-escolher-o-futuro-da-antartida-para-evitar-impactos-globais-irreversiveis/
