
Por Stefany Louise Campolungo Rodrigues – acadêmica do 8º semestre de Relações Internacionais da Unama.
Desde o ano de 2023, Belém tem ganhado grande destaque por ter sido escolhida para sediar a COP 30 (30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas). Estima-se que a cidade receba cerca de 40 mil visitantes no ano de 2025 durante os principais dias da Conferência. Com isso, Belém está passando por diversas mudanças urbanas e políticas para se aprimorar e comportar o alto número de turistas e diplomatas participantes do evento. (GOV.BR)
O arquiteto e urbanista Lucas Nassar, exemplifica que as melhorias estão acontecendo desde agora, porém é um problema de anos que não vai se resolver a tempo de um evento de escala internacional. Segundo ele, a abordagem superficial dos problemas enfrentados na cidade é uma das principais causas para a falha de projetos e até mesmo da má gestão de recursos que ocorre na capital. Além desses problemas já existentes, é inegável que a COP 30 se tornou uma moeda política no Estado do Pará, utilizada como token na campanha dos principais políticos que concorrem às eleições de 2024, com muitas propostas, mas com dificuldades intensas de detalhamento em suas resoluções. (APUBLICA.ORG)
Mas afinal, ainda com problemas existentes na cidade, qual a importância de Belém ter sido a capital escolhida para sediar a COP 30? Desde cooperação internacional até questões climáticas, a Amazônia se tornou o centro de discussões a nível global quando tratamos de preservação, mudanças climáticas e até mesmo questões fronteiriças. Segundo Violeta Loureiro, a história da Amazônia brasileira exclui amplas camadas, como os próprios povos originários que ainda vivem na região, sendo a política que envolve a Amazônia elitista, patrimonialista e voltada para o acúmulo de capitais sem preocupação com a vida da população local (LOUREIRO, 2009). Com isso, a importância do evento se dá em grande parte de ouvir a voz da população que mais sofre diariamente por conta das mudanças climáticas e do alto nível de garimpo ilegal que desola terras, matas e animais que são de extrema importância para o balanceamento do meio ambiente, assim como seres próximos e parte da vida da população da região.
Além destes, não podemos ignorar o destaque da cooperação internacional, que volta os olhos para o Estado do Pará e sua riqueza cultural e gastronômica. Com os amplos atores vindo em grande escala para Belém, podemos ver uma cooperação entre a população local, entidades governamentais e imprensa local e internacional. Para James Rosenau (1992), o mundo está em constante mudança e adaptações, sendo paradigmas antigos questionados e desafiados, sendo um deles a mudança climática, onde vemos não mais discussões voltadas para questões superficiais, porém se alinhando com refugiados climáticos, desenvolvimento sustentável, hegemonias capitalistas e justiça social.
Ainda nesta lógica, podemos intercalar o pensamento da interdependência complexa de Robert Keohane e Joseph Nye (1970) para aprimorar questões de bem-estar social e aprimoramento de desafios climáticos, visto que muitos países do Sul Global ainda sofrem com escaladas climáticas intensas derivado de países do Norte Global e sua hegemonia de poder profunda, sendo necessário uma abordagem que integre ambos países para que haja um questionamento intenso do modo do como dependem de outros países para realizarem suas emissões poluentes.
Diante do exposto, o estabelecimento da Conferência das partes em Belém mostra a importância não só do Brasil, sendo um país do Sul Global envolvido nas discussões ativas, mas também da capital Amazônica de se reerguer e mostrar o seu poder com diversos atores presentes no ano de 2025 para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas tornando-se assim palco de debates de extrema importância em um momento crítico de intensificação da crise climática.
REFERÊNCIAS:
COP 30 no Brasil. Disponível em: <https://www.gov.br/planalto/pt-br/agenda-internacional/missoes-internacionais/cop28/cop-30-no-brasil>.
KEOHANE, R. O.; NYE, J. S. Power and Interdependence: World Politics in Transition. Boston: Little, Brown, 1977.
LOUREIRO, V. A Amazônia no século XXI, 2009]
MARTINS, A. COP30: Belém vê pouco clima nos planos dos candidatos a prefeito. Disponível em: <https://apublica.org/2024/09/cop-30-belem-ve-pouco-clima-nos-planos-dos-candidatos-a-prefeito/>. Acesso em: 4 out. 2024.
ROSENAU, J. Governance without government: order and change in world politics, 1992.
