Daiany Lima – acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da Unama.

A região do Oriente Médio quase sempre foi marcada por diversas guerras, conflitos, tensões étnicas e rivalidades geográficas ao longo de sua história, destacando o genocidio que ocorre na Palestina cometido por Israel desde 1948. Desde então, uma escalada conflituosa vem se desencadeando a níveis alarmantes. Um exemplo foi Israel iniciar o mês de Outubro de 2024 bombardeando Líbano, Gaza, Síria e Iêmen, e em um dos ataques, ceifar a vida do chefe do Hezbollah Hassan Nasrallah, Isso mostra um poderio militar israelense imbatível – ou supostamente imbatível.(Brasil de Fato, 2023)

Na realidade, todos esses conflitos ajudam a mover um mercado que lucra com a dor, sangue e desespero de civis. A indústria bélica é, sem dúvidas, uma das maiores, lucrativas e potentes que existem no mundo. A diferença é que poucas pessoas – no caso, Estados – conseguem manter e fazer desta o seu pilar econômico. A representação mais eficiente que existe no Sistema Internacional são os Estados Unidos.

Desde 2001, os Estados Unidos gastaram 8 trilhões de dólares (cerca de 40,4 trilhões de reais) em financiamento, ações militares e/ou participação direta em guerras – sendo quando parte no Oriente Médio (Brasil de Fato, 2022). Só para Israel, os Estados Unidos liberaram um “Pacote de ajuda” para as forças israelenses atacarem o Líbano.No total, foram enviados US$3,5 bilhões (cerca de R$19,2 bilhões) (CNN, 2024).

Foram graças a esses financiamentos e “pacotes de ajuda” que fizeram com que Israel pudesse transformar-se em uma máquina de destruição com seus Domos de Ferro, seus mísseis e todo um aparato bélico que fosse grande o suficiente para detonar e apagar do mapa uma região e, consequentemente, um povo.

Nessa perspectiva, podemos trazer a esse debate Adam Smith quando este escreve em sua obra Riqueza das Nações a teoria da vantagem absoluta. Para ele, o poder econômico está atrelado ao aumento da produtividade e, consequentemente, ao comércio, pois quando um Estado especializa-se em um bem, ali há a vantagem absoluta. Logo, pode-se afirmar que a Indústria bélica seria o bem que traz a vantagem absoluta aos Estados Unidos, uma vez que quando ele apoia e financia Israel que trabalha dia e noite para exterminar o povo palestino, isso cria a ele um comércio lucrativo. Para mensurar o mais alto nível deste comércio, em 2017 havia um temor de recessão em solo estadunidense, o que levou a realizarem uma ofensiva de vendas, juntamente com os países da OTAN, com catálogos com 650 produtos categoricamente detalhados e que chamasse a atenção dos Senhores da Guerra. Nos últimos cinco anos, esse mercado atraiu novos compradores, fazendo com que a venda de armamentos chegasse a 107 países (OUTRASPALAVRAS, 2024).

Esse comércio é fervoroso não somente pelo fato de haver um poder de compra sedento que o quer a todo custo, mas também pela sua produção, ela gera lucro mas também gera trabalho. As grandes indústrias como Lockheed Martin (indústria armamentista norte américa que vendem 60 bilhões por ano) geram emprego e renda (Folha de S. Paulo, 2023). Em certos momentos, a ignorância é muito mais que uma bênção, mas como diz Karl Marx: “A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas”.

Por fim, nota-se que no capitalismo é lucro sobre lucro até que não haja mais o que matar e explorar. Mesmo com sua hegemonia em estado de putrefação, os EUA ainda permanecem fortes em um mercado que gera riqueza através dos mais fracos.

REFERÊNCIAS

EUA liberam R$19,2 bilhões para Israel gastar em armas e equipamento militar americano. 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/eua-liberam-r-192-bilhoes-para-israel-gastar-em-armas-e-equipamento-militar-americano/. Acesso em: 04 de Outubro de 2024

Em “nome da paz”, EUA gastaram mais de US$ 8 trilhões em invasões militares desde 2001. 2022. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2022/03/05/em-nome-da-paz-eua-gastaram-mais-de-us-8-trilhoes-em-invasoes-militares-desde-2001#:~:text=A%20cifra%20%C3%A9%20superior%20ao,segundo%20o%20Departamento%20do%20Tesouro.&text=Apenas%20na%20S%C3%ADria%2C%20em%20mais,b%C3%A9licos%20superam%20US%24%202%20trilh%C3%B5es. Acesso em 3 de Outubro de 2024.

EUA: como funciona o motor das guerras globais. 2024. Disponível em: https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/eua-como-funciona-o-motor-das-guerras-globais/. Acesso em 5 de Outubro de 2024.

Fábricas de armas e munições lucram alto com Guerra da Ucrânia. 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/amp/mercado/2023/03/fabricas-de-armas-e-municoes-lucram-alto-com-guerra-da-ucrania.shtml. Acesso em: 04 de Outubro de 2024.