Marcelo Eduardo Alves de Brito – acadêmico do 4° Semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

Em um contexto econômico internacional dinâmico e volátil, os estados buscam se tornar mais atrativos e competitivos sobre o panorama econômico externo, isso conduz o estado ao estabelecimento de políticas estratégicas que contribuam para alcançar o deslumbre de investimentos estrangeiros em um cenário marcado pela globalização neoliberal. O recente reposicionamento de uma grande economia sul-americana, como o Brasil, no cenário global de investimentos, através de políticas que visam maior estabilidade econômica, tornam este estado mais atrativo à inserção de capital.   

Logo, o reconhecimento desse status deu-se após as agências norte-americana de classificação de investimentos Moody´s e Fitch, categorizar recentemente o Estado brasileiro como B1 no ranking de crédito, elevando o país a posição de nação economicamente estável, e consequentemente, tornando-a atrativa a aplicações de capital financeiro internacional. Esta categorização, ocorreu após a aplicação de políticas estruturais no âmbito econômico, como a reforma tributária e a diminuição gradual da dívida pública. (CNN, 2024)

Ademais, os reflexos da atratividade gerada pela estabilização são expostos através dos recentes anúncios de investimentos, somente neste ano foram 188 anúncios de investimento estrangeiro direto (IED), somando o valor de US$ 28,5 bilhões, evidenciando o acréscimo médio de 29% a cada semestre e representando 74% dos anúncios de investimentos em 2023, apenas no primeiro semestre deste ano. Além disso, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), sendo um dos destinos preferenciais a aplicação de recursos financeiros internacionais em 2024. (APEX BRASIL, 2024)

Outrossim, dentre os principais setores que receberam anúncio em 2024, estão: O setor automotivo (US$ 14,2 bi), fabricação de papel (US$ 4,57 bi), geração de energia elétrica por biomassa (US$ 1,4 bi) e serviços de processamento e hospedagem de dados (US$ 1,25 bi). Contudo, os recentes investimentos também evidenciaram um acréscimo puxado para o processo de descarbonização, considerando a produção de energia elétrica majoritariamente sustentável em território brasileiro, oferecendo um caminho simplificado para empresas que buscam alcançar suas metas de emissão de gases poluentes. (APEX BRASIL, 2024)

Por Conseguinte, a visão de Joseph Nye a respeito da camada intermediária do xadrez tridimensional (econômica), serve como base analítica para o aumento da nota brasileira no ranking de investimentos internacionais, haja vista, a multipolaridade no âmbito econômico global e a interdependência entre as grandes potências econômicas mundiais, no qual gera a adoção de políticas que visam o fortalecimento da influência econômica dos estados no Sistema Internacional. (MARTINELLI, 2016)

Entretanto, embora o reposicionamento do Brasil no cenário global de investimentos seja motivo de otimismo, não se pode ignorar os desafios inerentes a ascensão de recursos financeiros estrangeiros a economia brasileira, como por exemplo a exposição da economia nacional a volatilidade do mercado internacional e os compromissos derivados da possível dependência de capital externo.

 Além disso, por mais que a dívida pública tenha diminuído consideravelmente, ela ainda representa 62% do PIB nacional, totalizando aproximadamente R$ 7 bilhões (BANCO CENTRAL, 2024). Esse cenário descreve um desafio complexo para a gestão econômica, uma vez que a redução da dívida, embora crucial, ainda exige políticas fiscais rigorosas e estratégias de crescimento sustentável. Com isso, a manutenção de um equilíbrio entre a necessidade de atrair investimentos externos e a capacidade de gerir a dívida pública será fundamental para garantir a estabilidade a longo prazo, evitando que o peso dessa dívida limite o potencial de desenvolvimento do Estado brasileiro, descrevendo um desafio complexo a gestão econômica nacional e ao futuro do estado brasileiro.

Referências:

APEX BRASIL. O Brasil é o destino preferencial de investimentos estrangeiros. Apex brasil. 8/ 7/2024, Brasília. Disponível em: https://apexbrasil.com.br/br/pt/conteudo/noticias/Investimentos-Estrangeiros-Direitos-os-dados-mais-atualizados.html#:~:text=Investimentos%20greenfield,investindo%20na%20eletrificação%20dos%20veículos. Acesso em: 19/10/2024.

BANCO CENTRAL.Estatísticas Fiscais. Banco Central do Brasil. 30/9/2024, Brasília. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/estatisticas/estatisticasfiscais  Acesso em: 21/10/2024.

NAKAMURA, João. Moody’s eleva nota de crédito do Brasil e país se aproxima de grau de investimento. CNN, 01/10/2024, São Paulo. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/moodys-eleva-nota-de-credito-do-brasil-e-pais-se-aproxima-de-grau-de-investimento/ Acesso em: 19/10/2024.

MARTINELLI, Caio Barbosa. O Jogo Tridimensional: o Hard Power, o Soft Power e a Interdependência Complexa, segundo Joseph Nye. Conjuntura Global, vol. 5 n. 1, jan./abr., 2016, p. 65-80.