
Caio Farias- 4° Semestre
Heitor Sena- 8° Semestre
Marcelo Alves- 4° Semestre
A Conferência das Partes (COP) é uma reunião anual dos Estados signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que tem como objetivo discutir estratégias e ações para enfrentar as mudanças climáticas e promover uma economia mais sustentável. Este mês, a COP 29 foi realizada em Azerbaijão, mas a edição do próximo ano, a COP 30, em Belém do Pará, será particularmente relevante para o Brasil.
Ademais, a economia paraense que haverá diversas movimentações, com investimentos, “aquecimento” da economia local e entre outros aspectos econômicos. Sendo assim, a COP 30 será uma oportunidade de não apenas fortalecer as discussões climáticas, mas também de criar novas oportunidades econômicas e sociais para o estado do Pará.
A escolha de Belém como sede da COP 30 foi alvo de críticas relacionadas à falta de estrutura da cidade para receber o evento, especialmente em comparação com outras cidades brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo. Entretanto, a escolha foi defendida pelo Presidente Lula, que destacou a importância de realizar investimentos na cidade e de trazer a vida das pessoas da Amazônia a mostra como fatores decisivos para a escolha da cidade sede (G1,2024).
Desde então, recursos vêm sendo mobilizados para preparar a cidade para o evento, totalizando 4,7 bilhões de Reais no aprimoramento de setores como mobilidade, desenvolvimento urbano e saneamento, com o intuito de trazer melhorias para a população local após a realização do evento (BRASIL, 2024). Ademais, o governo também vem realizando programas de capacitação de mão de obra, com previsão de preparar 22 mil paraenses até o evento (IBIDEM).
Dentre as obras em andamento para a COP 30, cabe destacar a construção do Parque da Cidade, do Porto Futuro II, assim como as reformas de pontos como o Hangar, Ver-o-Peso e o Mercado de São Brás (Exame, 2024). Quando concluídas, as obras devem impulsionar as receitas de setores da economia local como turismo, economia criativa, comércio e gastronomia em um futuro pós COP 30.
Segundo a teoria crítica de Robert Cox (1987), a hegemonia no sistema internacional se manifesta não só através do poder econômico ou da força, mas também por meio da capacidade de estabelecer normas, ideias e percepções, tornando as estruturas de poder existentes aparentemente naturais e imutáveis. Não obstante, há sempre forças sociais e políticas que procuram transformar ou subverter a ordem hegemônica.
A resistência contra a hegemonia desempenha o papel de articular demandas por justiça, igualdade e autonomia, podendo se manifestar de maneiras sutis e simbólicas, como a produção de narrativas contra-hegemônicas ou a valorização de identidades marginalizadas, desafiando os sistemas de ideias e valores que sustentam a dominação (COX, 1987).
Nesse sentido, é importante destacar que instituições internacionais frequentemente refletem os interesses das elites globais e dos países centrais, desconsiderando as necessidades das populações locais. Sendo assim, embora as conferências climáticas promovam a conscientização sobre o meio ambiente, elas também podem ser instrumentalizadas para reforçar modelos econômicos dominantes em detrimento de comunidades locais e economias periféricas.
Entretanto, estes eventos também podem ser utilizados em prol da transformação, podendo abrir espaço para a promoção de políticas que priorizem justiça climática e o bem-estar das populações locais. Dessa forma, a realização da COP 30 na Amazônia tem o potencial de dar visibilidade às vozes da sociedade civil que têm sido historicamente marginalizadas em debates climáticos globais.
Portanto, a realização da COP 30, em Belém do Pará, reflete não apenas a necessidade de discussão de assuntos relacionados a mudanças climáticas, justiça social, desenvolvimento sustentável e Bioeconomia no maior centro de interesses atual, a Amazônia, mas evidência a essencialidade da participação da sociedade civil como protagonista em deliberações desta proporção e importância.
Ademais, as políticas elaboradas para a Conferência das Partes como a revitalização de espaços emblemáticos, reestruturação de serviços públicos e capacitação da sociedade civil, representam investimentos essenciais para o desenvolvimento da capital paraense que servirão não apenas para suportar este evento, mas para a esperança de elaboração de planos e ações que contribuam para o alcance da dignidade e bem-estar da população belenense.
Referência:
BRASIL. Infraestrutura, mobilidade e emprego: os impactos positivos da COP30 em Belém. Portal do Planalto, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2024/11/infraestrutura-mobilidade-e-emprego-os-impactos-positivos-da-cop30-em-belem. Acesso em: 15 nov. 2024.
COX, Robert. Production, power, and world order: social forces in the making of history. New York: Columbia University Press, 1987.
EXAME. Já nos preparativos para a COP30, Belém recebe investimento de R$ 4,7 bilhões. Exame, 11 nov. 2024. Disponível em: https://exame.com/esg/ja-nos-preparativos-para-a-cop30-belem-recebe-investimento-de-r-47-bilhoes/. Acesso em: 15 nov. 2024.
G1. LULA reconhece dificuldades com infraestrutura em Belém para a COP30: ‘A gente pode ter problemas’. G1, 23 jul. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2024/07/23/lula-reconhece-dificuldades-com-infraestrutura-em-belem-para-a-cop-30-a-gente-pode-ter-problemas.ghtml. Acesso em: 15 nov. 2024.
