
Arthur de Araújo, acadêmico do 2° semestre de Relações Internacionais
Ficha Técnica:
Ano: 1986
Autor: Art Spielgeman
País de origem: Estados Unidos
Maus é uma obra biográfica de um sobrevivente do holocausto, Vladek Spielgeman um judeu-polonês (1906-1982), pai do escritor. Sendo trabalhado numa ótica entre a história de Vladek antes da guerra, contando do caso que teve antes de conhecer a mãe do autor; até a história de como a conheceu e até seus terríveis momentos durante a guerra e principalmente dentro de Auschwitz teve que se separar de sua esposa só voltando a ver no final da guerra e alternando para a perspectiva de Art Spielgeman ouvindo seu pai para poder escrever a obra e consequentemente descrevendo sua relação e evidenciando suas frustações de ter que lidar com alguém tão difícil e traumatizado, “ele nunca aprendeu a relaxar” relatou Spielgeman (1991).
Na teoria realista, Thomas Hobbes disse que “O homem é lobo do homem” e o homem está inclinado a competição, a desconfiança e a gloria quando estar no seu mais puro “Estado de Natureza”(SILVA, 2011), diversos seres humanos se submeteram a eventos terríveis que não afetaram somente aquele momento histórico, mas como marcou (e está marcando) gerações de pessoas descendentes dessa traumatização coletiva. (LACRAPA, 2016)
Durante o pré-guerra, depois de ter casado com Anna Zylberberg, Vladek contou a história de como “Anja” (apelido de Vladek) se envolveu em uma conspiração comunista em que ela traduzia obras e a passava adiante, e para se livrar das provas que a envolvia ela guardou dentro de uma alfaiataria de uma amiga da família, deixando a costureira pegar a culpa pela obra e até sendo presa e solta meses depois, Vladek disse que até pensou em deixar o matrimonio mas quando disse que não aceitaria mais esses atos comunistas disse com exatas palavras “ela era um bom garota, claro que parou com aquelas coisas.” (1991, SPIEGELMAN)
Em cenas como essa pode-se notar não só o domínio do Estado de Natureza entre as relações interpessoais, mas uma desumanização das partes tanto de grupos que cometem e cometeram atrocidades extremamente violentas (Guerras), mas também uma desumanização por partes ideológicas metalinguística que trazem a negação do outro como afirmação da sua própria identidade.
A obra “Maus” é extremamente completa trazendo debates que podem ser vistos e debatidos por diversos pontos de vistas e de diversas áreas diferentes mas, ao relatar a vivencia de um sobrevivente do holocausto, esse sendo firme e convicto aos seus pré-conceitos, é interessante observar que a desumanização no “Estado de Natureza” tanto em micro e macro escala possa ser vista tanto em um Estado Moderno dos anos 30 e até mesmo em grupos sociais que sofreram uma represaria inimaginável para grande parte da população.
Referências:
SPIEGELMAN, Art. Maus: A história de um sobrevivente. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
LACAPRA, Domick. TRAUMA, HISTORY, MEMORY, IDENTITY: WHAT REMAINS? . Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4070012/mod_resource/content/1/LACAPRA-2016-History_and_Theory.pdf . Acesso: 20 de novembro de 2024
SILVA, Marcos. O LEVIATÃ DE THOMAS HOBBES COMO BASE PARA O ENTENDIMENTO DO PARADIGMA REALISTA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Disponível em: http://revistailuminart.ti.srt.ifsp.edu.br/index.php/iluminart/article/view/112: Revista Iluminart, Acesso: 20 de novembro de 2024
