
Por Alice Ferreira- Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
A Cúpula de Líderes ou Cúpula do G20 (Grupo dos 20), evento que ocorreu no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de Novembro deste ano, representa a conclusão dos trabalhos conduzidos pelo país que ocupa a presidência rotativa do grupo. É o momento em que chefes de Estado e de Governo aprovam os acordos negociados ao longo do ano, e apontam caminhos para lidar com os desafios globais.
Além do G20, o Brasil se prepara para presidir outros dois fóruns internacionais estratégicos em 2025: os Brics e a COP 30. Discussões e consensos aprovados na Declaração de Líderes servirão de base para avanços futuros.
O evento no Brasil, foi de extrema importância por conseguir avanços significativos em temas cruciais para a sociedade internacional como ocombate à fome, mudanças climáticas e redução de desigualdades. Uma das principais conquistas foi o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que convoca todos os países a se unirem em um esforço coordenado para enfrentar um dos mais graves problemas globais. A proposta brasileira busca mobilizar recursos e estratégias para combater a insegurança alimentar, especialmente nos países em desenvolvimento, representando um marco na agenda internacional de solidariedade.
A Cúpula revelou avanços expressivos em múltiplas frentes, destaca-se o compromisso de acelerar transições energéticas sustentáveis, triplicar a capacidade de energia renovável até 2030 e duplicar a eficiência energética global. Vale a pena mencionar também o compromisso no combate ao racismo e promoção da igualdade racial, o que demonstra uma evolução importante na compreensão das desigualdades estruturais.
Dentre os diversos tópicos discutidos, também merece destaque o crescimento do uso da inteligência artificial, os líderes reconheceram simultaneamente seu potencial econômico e os riscos éticos, decidindo criar uma Instância de Alto Nível para governança da tecnologia. A decisão reflete a maturidade das discussões sobre inovação tecnológica e seus impactos sociais, posicionando o G20 como um fórum fundamental para regulação e cooperação internacional.
Em 2025, o Brasil assumirá a presidência dos BRICS, que contará com a participação de Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia (que se somam aos membros originários: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Na pauta, algumas das prioridades da presidência brasileira do G20, como reforma da governança global e transições energéticas. Seis anos após ter assumido pela última vez à presidência do Brics, o país retomará o comando do grupo a partir de 1º de janeiro do ano que vem e tentará pautar a discussão sobre os temas discutidos ao longo deste ano durante a presidência do G20.
Quanto ao tema transições energéticas, o Novo Banco de Desenvolvimento – NBD (Banco dos BRICS) terá um papel fundamental no financiamento deste processo em nações do Sul Global, direcionando recursos para infraestrutura voltada para a digitalização e descarbonização das matrizes energéticas e produtivas.
A partir do ano que vem o Brasil assume o grupo, sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.
Pelas regras de rotatividade, o Brasil deveria ter assumido a presidência do Brics neste ano. No entanto, como também assumiu a presidência do G20, que reúne as 20 principais economias do mundo, o país adiou em um ano o comando do Brics, o qual foi chefiado pela Rússia neste ano de 2024.
De acordo com o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo Paes Saboia, o governo já decidiu que, no ano que vem, vai concentrar as ações relacionadas ao Brics no primeiro semestre. Isso porque, no segundo semestre, o Brasil será sede da 30º edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém no estado do Pará.
Um dos anfitriões da COP-30, o governador do Pará Helder Barbalho (MDB) disse que espera a participação dos Estados Unidos, mesmo após a eleição de Donald Trump. O presidente eleito já havia retirado os Estados Unidos do Acordo de Paris em 2020, mas o país voltou a cumprir com o tratado no ano seguinte, quando Joe Biden assumiu a Presidência. Mesmo com os Estados Unidos permanecendo, o governo Lula acredita que é grande a chance de o republicano “boicotar” a definição de novas metas climáticas para 2035.
Sem uma nova meta dos Estados Unidos, que são os principais emissores globais junto com a China, o governo brasileiro antevê um grau de ambição bem mais limitado na conferência climática. Com frequência, cobram a liberação de US$ 100 bilhões anuais — promessa do Acordo de Paris — para o financiamento climático. Em uma gestão Trump, acredita-se que será praticamente impossível arrancar recursos financeiros dos Estados Unidos para isso.
A COP 30, será um evento com um enorme simbolismo por ser na Amazônia e servirá para discutir as urgências ambientais com um calendário especial, por acontecer dez anos após o Acordo de Paris ser firmado, em 2015.
Referências:
BRASIL assume presidência do BRICS a partir de 2025: saiba temas que serão debatidos. G1, 21 out. 2024. Disponível em: https://www.g1.globo.com/google/amp/politica/noticia/2024/10/21/brasil-assume-presidencia-do-brics-a-partir-de-2025-saiba-temas-que-serao-debatidos.ghtml. Acesso em: 22 nov. 2024.
Cúpula Rio 2024. G20, 2024. Disponível em: https://www.g20.org/pt-br/sobre-o-g20/cupula-rio-2024. Acesso em: 22 nov. 2024.
BRASIL na liderança global: rumo aos BRICS e à COP 30 em 2025. G20, 2024. Disponível em: https://www.g20.org/pt-br/noticias/brasil-na-lideranca-global-rumo-aos-brics-e-a-cop-30-em-2025. Acesso em: 22 nov. 2024.
CNN BRASIL. Não creio que Trump vai dar as costas para o clima, diz governador do Pará à CNN. CNN Brasil, 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/nao-creio-que-trump-vai-dar-as-costas-para-o-clima-diz-governador-do-para-a-cnn/. Acesso em: 22 nov. 2024
CNN BRASIL. Com Trump, governo Lula teme esvaziamento da COP30. CNN Brasil, 2024. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/com-trump-governo-lula-teme-esvaziamento-da-cop30/. Acesso em: 22 nov. 2024.
