Arthur de Araújo, acadêmico do 2º semestre Relações Internacionais

Ficha Técnica

Gênero: Animação, Comédia, Ação, Musical

Duração: 1h 36min

Ano: 2011

Diretor (a): Carlos Saudanha

Distribuição: Fox Film

País de origem: EUA

Rio (2011) dirigido pelo Carlos Saudanha, conta a história de Blue uma arara azul que por conta de traumas emocionais decorrentes da exploração selvagem e ilegalizada da região não consegue voar. Vivendo em Minessota (USA) e sendo criado por Linda, uma humana apaixonada pelo pássaro, mas por conta de um encontro com um  pesquisador de pássaros do Brasil chamado Tulio decide ir para viajar ao Rio de Janeiro com a esperança de salvar a espécie de Blue que está prestes a entrar em extinção.

Já no começo da trama pode se notar uma preocupação não somente material, mas também um valor simbólico para manter a espécie das Araras Azuis vivas. Podemos ver sob a ótica da teoria Construtivista, que o ato de preservação cultural está intimamente ligado a construção de identidade coletiva Estatal e os interesses coletivos desse grupo fazem do bem-estar um fim em si mesmo, o que ajuda a superar problemas de ação coletiva que afligem os egoístas ((WENDT _in_ BUENO, 1999).

Diferentes das teorias liberais e realistas, que foca em aspectos unicamente materiais como poder e instituições, o Construtivismo surge na segunda metade do século XX, como uma teoria que pode abarcar as mudanças sociais ocorrendo na época. Uma de suas propôs é a interação dos Estados surgem das suas ideais e identidades nacionais e que, em grande parte, construída socialmente e não é condicionada, inerte e imutável (BUENO, 2024)

No Brasil, o Blue conhece Jawel com a esperança que eles tenham um relacionamento conjugal assim ajudando a perpetuar a espécie, mas o que acontece é um furto das araras azuis por contrabandistas de aves silvestres, levados a um cativeiro e presos em uma gaiola um dos vilões da trama chamado Nigel, um Cacatua-de-crista-amarela, em um musical se apresenta como o “matador de pássaros” e “ex-galanteador” que por conta de seu fracasso na TV fará todas as outras espécies de pássaros se tornarem “feios também”.  

Uma coisa que pode ser notada é a divisão de duas organizações e de dois grupos de indivíduos lidando um contra o outro constantemente durante o filme, a relação entre a organização Estatual e Organização Não – regulamentada vindas de diferentes contextos e de diferentes realidades vinda do mesmo Estado. Isso pode ser levado para Barnnet, como uma experiencia de atores em relação a uma relação social compartilhada, na qual pelo menos uma das partes, incluindo terceiros, é um indivíduo ou organização (BARNNET _in_ BUENO, 1998).

Ao fugirem do cativeiro, é apresentado três pessoas que serão importantes para o decorrer da história Rafael, um tucano; Pedro, um cardeal e Nico, um canário amarelo. Juntos vão em busca de Luiz, que mais tarde descobre-se ser um buldogue, para libertar os pássaros azuis presos em uma corrente pelos seus membros posteriores. Durante o caminho, eles entram em uma espécie de festa de samba de aves de todas as espécies e orientados pela trindade dos pássaros recém apresentados.

Uma coisa importante de se mencionar no filme é seu soundtrank. Com clássicos do MPB e do samba como “Garota de Ipanema”, “Mas que nada”, “Samba de Only” entre outras tornando o disco do filme de Carlos Saldanha se tornar mais do que uma junção de uma boa medida. (Jornal Do Brasil, 2025)

Ao final do filme, pode-se notar uma forte representação de identidade cultural, quando após toda a trama do longa-metragem aparece os protagonistas em frente do santuário “Blu Bird Sanctury”, para Bueno as normas e ideais presentes na consciência coletiva de uma nação estão intimamente ligadas à sua identidade nacional, que por sua vez molda suas políticas externas (Bueno, 2024).

Portanto, a obra de animação digital pode ser vista como uma ótima sintaxe das ideias de teóricos do Construtivismo como a noção de identidade política, nacional e coletiva para poder assim ir em prol de um interesse coletivo e da preservação cultural. Combinando elementos musicais e cômicos, “Rio” demonstra assuntos como exploração ilegal e conscientização ambiental de uma forma bem humorada e leve.

Referencias:

BUENO, Guilherme. Construtivismo: a Teoria Construtivista e as Identidades Disponível: https://esri.net.br/construtivismo-teoria-construtivista-e-as-identidades/ Revista: ESRI. Acesso em 15/01/2024.

JORNAL DO BRASIL. Trilha sonora da animação ‘Rio’ cria a apoteose do filme. Disponível: https://www.jb.com.br/cultura/noticias/2011/04/06/trilha-sonora-da-animacao-rio-cria-a-apoteose-do-filme/. Acesso em 15/01/2024