
Ana Gabriela de Souza e Silva – 3° semestre de R.I.
A Guerra Onin (1467 – 1477) foi um conflito por sucessão, famílias poderosas do Japão, na época, entraram em desacordo para ver quem seria o novo chefe. Uma guerra complexa que marcou o início da Era Sengoku, envolveu bem mais do que apenas a família do Shogun, mas várias famílias e clãs que detinham algum poder na região.
O Shogun, era o líder do país; os Kanrei eram os assistentes do Shogun, semelhante ao primeiro-ministro; os Shishoku eram samurais chefes de escritório; os daimyos ou shugo daimyos eram os senhores feudais e chefes militares (KURIMOTO, 2024). Os conflitos começam dentro das famílias e depois se expandem para um conflito geral, sendo o motivo praticamente o mesmo em todas elas, a briga por sucessão.
Antes de começarem as desavenças que desencadearam a Guerra Onin, Katsumoto Hosokawa e Sozen Yamana, que mantinham uma relação familiar e até cooperavam politicamente, por Katsumoto ser casado com a filha de Sozen, se desentenderam por Hosokawa não concordar com o renascimento do clã Akamatsu que era da mesma hierarquia que a família Yamana, levando eles gradualmente a tornarem-se inimigos (ibid).
O Shogun Yoshimasa Ashikaga não tinha um sucessor, seu filho havia morrido ainda criança, portanto, chamou seu irmão para sucedê-lo, porém este recusou, mas Yoshimasa Ashikaga insistiu e garantiu que seria ele o próximo Shogun, fazendo Yoshimi Ashikaga aceitar sua proposta. Algum tempo depois, Tomiko Hino, esposa do Shogun, engravidou e deu à luz a um menino, Yoshihisa Ashikaga, com isso ela passou a querer que seu filho fosse o novo Shogun recebendo o apoio de Sozen Yamana (KURIMOTO, 2024).
O chefe da família Hatakeyama, Mochikuni Hatakeyama, indicou seu sobrinho, Masanaga Hatakeyama, para ser seu sucessor por acreditar não ter tido filhos, entretanto desconhecia Yoshinari, seu filho fora do casamento mas ao conhecer o rapaz não conseguiu negar a semelhança e o reconheceu como filho, portanto seu sucessor. Masanaga não aceitou e estava disposto a brigar pelo posto. Quando o chefe da família morreu, Yoshinari assumiu a liderança, porém o Shogun reconhecia Masanaga, o sobrinho, como sucessor (ibid).
Assim como as outras, a família Shiba teve problemas de sucessão. Yoshitaki Shiba, shugo daimyo de várias províncias, não pode colocar seu filho adotivo, Yoshitoshi Shiba, como sucessor por ele ter entrado em conflito com vassalos, por essa razão, Yoshikazu Shiba, que antes pertencia a outro clã dentro da família Shiba, foi nomeado sucessor, desagradando Yoshitoshi que pediu ajuda a seu sogro, Sozen Yamana (KURIMOTO, 2024).
Esses conflitos internos fragmentaram as famílias que se aliaram a outras, formando dois exércitos, o Exército Ocidental e o Exército Oriental. Todos estavam tão empenhados em ter o controle de tudo, ser o chefe de suas famílias, que não houve a fase de conversas para tentar chegar a um acordo, os interesses estavam bem divididos. Junto com Katsumoto Hosokawa no Exército Oriental estavam, Yoshimi Ashikaga, Yoshimasa Ashikaga, Masanaga Hatakeyama, Yoshikazu Shiba e outros clãs; ao lado de Sozen Yamana no Exército Ocidental estavam, Yoshihisa Ashikaga (Tomiko Hino), Yoshinari Hatakeyama, Yoshitoshi Shiba e outros clãs.
Na primeira grande batalha, não houve vencedor, mas o Exército Oriental levou vantagem. O shugo daimyo Masahiro Ouchi, que governava sete províncias, foi para Kyoto, onde estavam acontecendo as batalhas e juntou-se ao Exército Ocidental, levando mais homens e navios. Em 1467, aconteceu a “Batalha do Templo Shokokuji”, uma das mais fortes batalhas da Guerra Onin, o Exército Ocidental atacou o Oriental com foco no Palácio das Flores, no Templo Shokokuji que foi totalmente queimado e em Dairi, depois da batalha os dois exércitos ficaram incapazes de continuar com lutas fortes, concentrando-se em pequenos conflitos (ibid).
Com o passar do tempo e diversas batalhas, a cidade de Kyoto ficou destruída, fazendo com que as vantagens de controlar a cidade fossem desaparecendo e gradualmente a intensidade das batalhas diminuíssem. Em 1472, começaram as negociações de paz e a Guerra Onin estava perdendo o sentido, ao mesmo tempo, cansados e mais velhos, Katsumoto Hosokawa e Sozen Yamana os verdadeiros líderes dos exércitos, se aposentam e seus filhos ficam em suas posições, no ano seguinte os dois falecem (KURIMOTO, 2024).
Yoshimasa Ashikaga aposenta-se em 1474, colocando seu filho Yoshihisa como Shogun e após 2 anos de brigas fez as pazes com seu irmão. Com os novos comandantes e governante, a paz foi finalmente possível, entretanto Masahiro Ouchi, o shugo daimyo que governava sete cidades, ainda tinha interesses financeiros na guerra, já que Yoshinari e Masanaga ainda não tinham chegado a um acordo, o que acontecerá anos mais tarde (ibid).
Tomiko Hino, que é conhecida como uma das causadoras da Guerra Onin, por querer e incentivar que seu filho, Yoshihisa, seja o novo Shogun, com isso aliando-se a Sozen Yamana contra a vontade de Yoshimasa Ashikaga. Praticou agiotagem durante esse período, ganhando muito dinheiro com cobrança de juros e impostos, deu a Masahiro um alto posto na corte imperial e terras, fazendo o daimyo parar de guerrear (NIPPOBRASIL, 2004).
Dessa forma, pode-se concluir que a Guerra Onin, motivada pela ambição de poder, no que diz respeito a sucessão do chefe, entre famílias preponderantes no Japão foi uma guerra no qual nenhum lado venceu, uma década de batalhas que causou a destruição da cidade de Kyoto e templos, com perdas significativas em uma batalha que trouxe apenas destruição e desgaste, terminando com seus líderes velhos e cansados sem a vitória esperada.
Referências:
Era Muromachi (parte 2): A era dos países em guerra. NippoBrasil. 2004. Disponível em: https://www.nippo.com.br/historiadojapao/n288a.php Acessado em: 27/01/2025
KURIMOTO, Naoko. Guerra Onin. Nihon Tabisamurai. 2024. Disponível em: https://www.tabi-samurai-japan.com/pt/story/event/634/ Acessado em: 27/01/2025
