Gabriela Vaz,
acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais

O passaporte musical desta semana é sobre o rapper, cantor, produtor e ator porto-riquenho, Bad Bunny. O estilo musical do artista é o trap latino, reggaeton, pop, mas também apresenta uma mesclagem de gêneros. Suas canções abordam sucesso pessoal, amores, desigualdade social, desapego das opiniões alheias, celebração da identidade latina e da vida. O artista canta somente em língua espanhola e exalta e apoia a sua cultura, com a fundação de uma agência de gestão esportiva para apoiar talentos da região e também com a criação da Good Bunny Foundation (organização que visa no desenvolvimento de crianças e jovens nas habilidades em música, artes e esportes).

Benito Antonio Martinez Ocasio, nasceu em 10 de março de 1994, na cidade de San Juan, Porto Rico. Seu nome artístico “Bad Bunny” veio de um apelido que recebeu por tirar uma foto vestido de coelho e fazendo careta. (Letras, 2021). Durante a infância, ganhou um disco do rapper Vico C no natal e, na sua vivência familiar, Benito escutava vários ritmos musicais, dentre eles: salsa, merengue, bolero e bohemia. Participou de um coral da igreja e, depois de um período, se interessou por músicas das rádios, com inspiração as canções dos cantores Daddy Yankee e Hector Lavoe.

Após finalizar os estudos, ingressou no curso de Comunicação audiovisual na Universidade de Porto Rico. (Letras, 2021). No entanto, abandonou o curso e foi trabalhar em um supermercado. Enquanto trabalhava, Bad Bunny compunha suas canções e postava no SoundClound. Foi então notado por uma gravadora, dando início a sua carreira fora de solo porto-riquenho. Em 2016, estreou com o seu primeiro single “Soy Peor”, um trap latino e no ano de 2018, participou do single “I like it” de Cardi B e lançou o álbum “X 100PRE”, o qual foi premiado com um grammy de Latino de Melhor Álbum de Música Urbana, com o hit “Mía”. (Last Fm, 2025).

Suas músicas mais conhecidas são: “Solo de Mi” (2018), denunciando a violência de gênero; “Callaíta” (2019); “La Noche de anoche” (2020); “Dákiti” (2020); “Where She Goes” (2023); “Monaco” (2023); “DtMF” (2025); NuevaYol” (2025). Seu último álbum “Debí Tirar Más Fotos” (2025), alcançou o topo global do Apple Music e foi produzido apenas com músicos porto-riquenhos, mesclou ritmos tradicionais do país e alcançou o topo da Billboard 200. Bad Bunny colocou o título do álbum com base no que viveu e vive em Porto Rico e aconselha as pessoas a tirarem mais fotos dos momentos. O artista segue “colecionando” prêmios como, Grammys Awards, Billboard Music Awards, ASCAP Latin Awards, MTV Video Music Awards, entre outros.

Em 2018, Benito começou a participar de filmes e séries como: “Narcos” (2018); “Velozes e Furiosos 9” (2021) e “Cassandro” (2023). Além disso, fez aparições no World Wrestling Enternainment (WWE).

Portanto, Bad Bunny e as Relações Internacionais são analisados por meio da Teoria do Sistema-Mundo de Immanuel Wallestein. Essa teoria defende que os Estados são divididos entre centro, semiperiferia e periferia. Centro corresponde aos países que controlam o sistema econômico, a periferia são os exportadores de matéria-prima e produtores de itens de baixo valor e a semiperiferia são os que possuem características tanto da periferia quanto do centro.

O subdesenvolvimento dos países periféricos é decorrente da expansão capitalista e do estabelecimento de uma divisão internacional do trabalho. (ESRI, 2024). Os países centrais são ricos não porque gastam pouco, mas porque se beneficiam da exploração das regiões periféricas, acumulando riqueza por meio de comércio desigual, fluxos financeiros e exploração da mão de obra.

Embora Wallerstein tenha desenvolvido essa classificação no campo econômico, é possível traçar uma inter-relação com Bad Bunny, pois a divisão centroperiferia pode ser vista também na indústria cultural e midiática global, onde países centrais dominam o mercado musical e reforçam a utilização do inglês como língua hegemônica.

Sendo assim, Benito Antonio Martinez Ocasio, nascido em Porto Rico (território que pode ser considerado semiperiférico), demonstra que não é necessário pertencer a um país do centro para alcançar a fama e ter reconhecimento mundial. O artista utiliza a sua identidade como forma de resistência, alavancando o reggaeton e o trap – antes marginalizados pela sociedade -, ao cantar apenas em espanhol e rompendo com a hegemonia linguística dos Estados Unidos. Logo, Bad Bunny desafia a influência dos países centrais e se mostra como um verdadeiro protagonista da música latina na contemporaneidade.

REFERÊNCIAS

CNN BRASIL. Bad Bunny mergulha em suas raízes no álbum mais “portoriquenho” de todos. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/bad-bunny-mergulha-em-suasraizes-no-album-mais-porto-riquenho detodos/#:~:text=O%20cantor%20Bad%20Bunny%2C%2030,global%20da%20pl
ataforma%20de%20streaming. Acesso em: 15 de fev. 2025.

ESRI. Teoria dos sistemas-mundo. Disponível em: https://esri.net.br/teoriados-sistemas-mundo/. Acesso em: 16 de fev. 2025.

GOOD BUNNY FOUNDATION. Disponível em: https://www.goodbunnyfoundation.org/. Acesso em: 15 de fev. 2025.

INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA. Pensamentos internacionalistas: Wallerstein e a teoria do sistema-mundo. Disponível em: https://internacionaldaamazoniacoms.com/2022/02/15/pensamentosinternacionalistas wallerstein-e-a-teoria-do-sistema-mundo/. Acesso em: 15 de fev. 2025.

LAST FM. Bad Bunny. Disponível em: https://www.last.fm/pt/music/Bad+Bunny/+wiki#:~:text=Nascido%20e%20criado %20no%20munic%C3%ADpio,de%20Porto%20Rico%2C%20em%20Arecibo. Acesso em: 15 de fev. 2025.

LETRAS. Quem é o cantor Bad Bunny? Saiba tudo sobre o astro do reggaeton. Disponível em: https://www.letras.mus.br/blog/cantor-bad-bunny/. Acesso em: 15 de fev. 2025.