Caio Farias Marcelo Alves

Diante de um processo de independência conturbado e apoiado pelos Estados Unidos, o Panamá assume sua soberania sobre pressões internacionais que se voltavam para um interesse em comum, a construção de uma linha hidroviária capaz de suportar as demandas de produção e transporte de mercadorias em um mundo moldado pelos interesses liberais de Adam Smith (1776).
O canal de Panamá possui importância histórica para o comércio internacional, por intermédio das vias marítimas. Nessa perspectiva, paralelamente com o processo de independência do Panamá, havia a necessidade de aprimora a dinamização dos escoamentos hidroviário no Sistema Internacional, principalmente ligado à América do Norte e América Central, na busca de encurtar o caminho logo para atravessar toda a América do Sul, conforme visto na imagem abaixo:

Rota posterior e anterior ao Canal do Panamá.

Fonte: Inova Civil(2020).

O mapa acima demonstra a diferença de rota que precisava contornar a América do Sul com cerca de 20,9 km duraria, em média, dois meses, já com a abertura do canal do Panamá em 1914, a distância foi reduzida para 9,5 km, com uma duração de 3 semanas. Assim, a sua criação é um bom exemplo na dinamização do escoamento hidroviário (FAZCOMEX, 2024).
Posto isso, os anos que sucederam sua construção foram marcados por disputas de soberania, conflitos sociais, tensões internacionais e, acima de tudo, por intensas movimentações de capital. Logo, a harmonia do fluxo comercial mundial depende, em certo nível, desta pequena linha marítima que liga a Europa, Ásia e as Américas, sendo a principal rota de 14 mil navios anualmente, além de ser importante via comercial para
170 países, representando 6% do comércio marítimo global (VALOR ECONÔMICO, 2025).
De maneira análoga ao que ocorreu com a Inglaterra, cujo domínio marítimo foi fundamental para sua ascensão econômica, Adam Smith, em A Riqueza das Nações (1996), destaca a importância do comércio marítimo como motor do crescimento econômico e do fortalecimento nacional.
Para Smith, o transporte marítimo não apenas reduzia custos e ampliava mercados, mas também garantia uma posição estratégica para os países que controlavam as rotas comerciais (NUNES, 2005). Essa visão ressalta como o domínio das águas, aliado a uma marinha forte, foi determinante para a prosperidade inglesa e para o sucesso das nações que souberam explorar essa vantagem competitiva.
Portanto, o canal do Panamá não é apenas um marco da engenharia, mas um reflexo vivo da dinâmica do poder internacional e da interconexão econômica global, sua construção e atuação evidenciam como a geopolítica, os interesses comerciais e a soberania nacional estão constantemente em disputa. Com isso, esta linha marítima carrega consigo relevância e interesses internacionais constantes que desafiam, não somente, a soberania do estado panamenho, mas a estabilidade das relações comerciais globais.

Referências:

FAZCOMEX. Canal do Panamá: o que é, importância e como funciona. 2024. Disponível em: https://www.fazcomex.com.br/comex/canal-do-panama/. Acesso em: 7 mar. 2025.

NUNES, Antônio José Avelãs. A filosofia social de Adam Smith. 2005. Disponível em: https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8 &ved=2ahUKEwjhjMHAyviLAxW2p5UCHXK-OmwQFnoECA0QAQ&url=https%3A%2F
%2Fperiodicos.ufpb.br%2Findex.php%2Fprimafacie%2Farticle%2Fdownload%2F4503
%2F3389%2F8005&usg=AOvVaw0YgE9nYF-c0pwR_vDPN1jp&opi=89978449. Acesso em: 7 mar. 2025.

SMITH, Adam. A riqueza das nações. Trad. Luiz João Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção Os Economistas).

VALOR ECONÔMICO. O que é o Canal do Panamá, como funciona e por que ele é tão importante. São Paulo. 23 jan. 2025. Disponível em: https://valor.globo.com/empresas/artigo/o-que-e-o-canal-do-panama-como-funciona-e-p or-que-ele-e-tao-importante.ghtml. Acesso em: 4 mar. 2025.

INOVA CIVIL.. Tudo sobre o Canal do Panamá. 22 jan. 2020. Disponível em: https://inovacivil.com.br/tudo-sobre-canal-do-panama/#:~:text=As%20novas%20eclusas%20do%20canal,largura%20e%2015%20de%20profundidade.. Acesso em: 10 mar. 2025.