Por Ana Beatriz Moreira Pinheiro (acadêmica do 3º semestre de Relações Internacionais)

A imposição de tarifas comerciais por Donald Trump durante seu mandato como presidente dos Estados Unidos gerou um panorama consternador no cenário econômico global – especialmente para países asiáticos como China, Japão e Coreia do Sul – visto que tais medidas afetaram diretamente o comércio internacional. Tais tarifas, foram justificadas, pelo presidente Donald Trump, a partir do argumento de que há uma necessidade de proteção da economia norte-americana contra práticas comerciais desleais e desequilíbrios na balança comercial, acabaram por desencadear respostas significativas por parte de outras potências econômicas da Ásia Oriental (VEJA, 2025).

Na última semana, Trump denominou esse movimento tarifário como “Liberation Day” – justificando as medidas como uma libertação da dependência econômica de produtos estrangeiros (BBC, 2025). Diante disso, China, Japão e Coreia do Sul, recentemente, firmaram um acordo para promover o comércio regional, reagindo de maneira conjunta à pressão das tarifas estadunidenses (REUTERS, 2025). Essa cooperação econômica asiática surge em um contexto no qual as tarifas impostas continuam a ameaçar exportações, levando os países a buscarem estratégias que mitiguem os efeitos negativos dessas políticas protecionistas.

O cenário global atual, marcado por disputas econômicas e políticas entre grandes potências, é análogo ao conceito de realismo ofensivo proposto por John Mearsheimer, que aponta para a inevitabilidade de conflitos quando potências buscam consolidar sua hegemonia. Segundo Mearsheimer, a ascensão de uma potência desafiante – como é o caso da China – inevitavelmente provoca uma resposta defensiva da potência estabelecida, neste caso, os Estados Unidos. Essa lógica ajuda a compreender como a busca por manter a primazia econômica leva a ações que podem desencadear tensões e reações contrárias de outras nações (MEARSHEIMER, 2014).

Sob a ótica do realismo ofensivo, a política tarifária de Trump pode ser vista como uma tentativa de manter a supremacia econômica americana frente ao avanço chinês. Contudo, ao adotar essa postura protecionista, os Estados Unidos acabaram impulsionando um movimento de integração comercial na Ásia Oriental, que, por sua vez, pode minar sua influência econômica global ao longo prazo. A articulação entre China, Japão e Coreia do Sul não é apenas uma resposta econômica, mas também uma estratégia geopolítica que fortalece o poder regional e reafirma a relevância desses países em um cenário marcado por tensões comerciais e rearranjos políticos globais.

Dessa forma, ao analisar as respostas de China, Japão e Coreia do Sul às tarifas impostas por Donald Trump, observa-se uma articulação estratégica que busca fortalecer o comércio regional diante de políticas isolacionistas dos EUA. O movimento de integração asiática pode representar um contraponto significativo à hegemonia econômica dos Estados Unidos, promovendo uma nova dinâmica comercial no cenário global.

REFERÊNCIAS:

MEARSHEIMER, John. Can China rise peacefully?. The national interest, 2014. Disponível em: https://nationalinterest.org/feature/can-china-rise-peacefully-10204. Acesso em: 04 de março de 2025.

MEARSHEIMER, John. The tragedy of great power politics. W. W. Norton & Company em 2001. Disponível em: https://www.academia.edu/4200527/The_Tragedy_of_Great_Power_Politics_The_Tragedy_of_Great_Power_Politics.

China, Japão e Coreia do Sul concordam em resposta conjunta a tarifaço de Trump. Veja, 2025. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/china-japao-e-coreia-do-sul-concordam-em-resposta-conjunta-a-tarifaco-de-trump. Acesso em: 04 de março de 2025.

South Korea, China, Japan agree to promote regional trade as Trump tariffs loom. Reuters, 2025. Disponível em: https://www.reuters.com/world/asia-pacific/south-korea-china-japan-agree-promote-regional-trade-trump-tariffs-loom-2025-03-30/. Acesso em: 04 de março de 2025.

What to expect from Trump’s ‘Liberation Day’ tariffs announcement. BBC, 2025. Disponível em: https://www.bbc.com/news/videos/crrz5y9vwgzo. Acesso em: 04 de março de 2025.