Cecília Leal, acadêmica do 1° semestre de Relaçõs Internacinais

Renata Oliveira, acadêmica do 1º semestre de Relações Internacionais

A Revolta dos Comuneros foi uma revolta armada que ocorreu na região histórica de Castela, na Espanha, entre 1520 e 1522. Foi liderada pelos cidadãos castelhanos, que estavam insatisfeitos com a governança política do Rei Carlos I. Entre os principais líderes, destacam-se Juan de Padilla, Juan Bravo e Francisco Maldonado, os quais reuniram a população em torno de sua causa e ajudaram a organizar o movimento.

Após a recente posse de Carlos I, suas novas medidas políticas foram desaprovadas pela população. Antes de sua ascensão ao trono, existiam cortes e assembleias que eram formadas pelos cidadãos, tanto da nobreza como do clero. Estes órgãos tinham o poder de aprovar ou não decisões impostas pelo rei sobre o aumento de impostos, o que limitava o poder absoluto da monarquia (Fernández, 2023).

As cortes castelhanas eram extremamente fortes e possuíam grande influência. Entretanto, o aumento dos tributos foi decretado sem a aprovação dessas assembleias, o que gerou descontentamento. Além disto, o aumento de impostos para custear os interesses imperiais, aliado à centralização do poder nas mãos da monarquia e à ocupação de cargos de governo por estrangeiros, resultou na indignação dos cidadãos, que não se sentiam representados e temiam a perda de sua autonomia.

Diante desse cenário, foi organizada uma reunião em Ávila, reunindo representantes das cidades com voto nas cortes. A partir deste encontro, foi criado um conselho, cujos membros se chamavam de comuneros (Fernández, 2023). Eles se posicionaram contra o governo e se recusaram a pagar os novos impostos. Desse modo, lutaram por maior liberdade e por uma representação mais justa dos castelhanos na corte.

O levante popular foi uma resposta ao atroz governo de Carlos I, que centralizava o poder e aumentava os impostos sem a aprovação dos demais contribuintes da direção, que tradicionalmente, limitavam o poder real (Fernández, 2023). Seus principais líderes buscavam representação e autonomia diante das cortes, visto a progressiva insatisfação com a influência estrangeira no governo e desdém diante aos interesses castelhanos.

A rebelião pode ser considerada um reflexo à transição de um modelo político mais descentralizado para um modelo absolutista, no qual o rei tem o poder supremo. As mudanças feitas no governo sem o consentimento das cortes e a participação de estrangeiros em cargos importantes, gerou descontentamento na população, que, a partir disto, formou um conselho de comuneros em Ávila. Os revoltosos visavam sair de um modelo político considerado injusto e defender seus direitos (Pérez, 2022).

Em conclusão, a revolta dos comuneros simboliza um momento crucial na história da Espanha, enfatizando a tensão entre a defesa das autonomias locais e a centralização do poder monárquico. Embora tenha sido contida militarmente, a revolta deixou um legado de luta por representação política e resistência, tendo existido movimentos posteriores e formando a identidade castelhana. A procura por justiça social e maior liberdade, que motivou os comuneros, persiste na contemporaneidade, sendo um tema de relevância tanto política quanto historicamente (García, 2021).

REFERÊNCIAS

BRITANNICA. Comunero movement. Encyclopaedia Britannica, 2025. Disponível em: https://www.britannica.com/topic/comunero-movement. Acesso em: 30 abr. 2025.

CREWS, Daniel A. Comunero Revolt. EBSCO. 2022. Disponível em: https://www.ebsco.com/research-starters/history/comunero-revolt. Acesso em: 30 abr. 2025.

FERNÁNDEZ, Juan. Os comuneros, a derrota da liberdade. Revista A Mente é Maravilhosa. Publicado em: 17 de maio de 2023. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/os-comuneros-a-derrota-da-liberdade/. Acesso em: 30 abr. 2025.

FERNÁNDEZ, Juan. A Revolta dos Comuneros. Madri: Editorial Síntesis, 2023.

GARCÍA, Miguel. Os Comuneros: História e Legado. Valladolid: Ediciones Castilla, 2021.

PÉREZ, Laura. Carlos I e a Revolta dos Comuneros. Salamanca: Universidad de Salamanca, 2022.