
Pedro Paes – Acadêmico do 5º semestre de RI da UNAMA.
José Pedro Balmaceda Pascal, conhecido, mundialmente, como Pedro Pascal, nasceu em Santiago, no Chile, em 2 de abril de 1975. Sua juventude foi complexa, permeada por questões políticas e dilemas familiares. Seus pais, engajados em movimentos de oposição à ditadura militar chilena de Augusto Pinochet, buscaram refúgio político, levando a família para a Dinamarca e depois para os Estados Unidos.
Desde muito jovem, Pedro mostrou uma inclinação pelas artes. Na adolescência, estudou Artes Cênicas na Orange County School of the Arts e, posteriormente, graduou-se na Tisch School of the Arts da Universidade de Nova York. Contudo, sua caminhada rumo à fama não foi simples (Enciclopédia Britânica, 2025).
Quanto a sua experiência como imigrante nos Estados Unidos, Pedro enfrentou desafios significativos. Sua família precisou adaptar-se a uma nova cultura, enfrentando barreiras financeiras e sociais. Como descendente de refugiados políticos, Pedro sentiu dificuldades de integração, principalmente em razão do idioma e do sentimento de ser diferente dos outros. Exemplo disto, era o sotaque marcante de seu pai que fazia com que ele se sentisse deslocado naquele novo ambiente.
Além disso, o início de sua carreira foi difícil. Conseguiu papéis pequenos em séries como Buffy: A Caça-Vampiros, Law & Order e The Good Wife, mas sua carreira não avançava. Para sobreviver, chegou a trabalhar como garçom, sendo demitido várias vezes (Cia dos Livros, 2023).
Um dos momentos mais dolorosos foi a perda de sua mãe, Verónica Pascal, em 1999. Em sua homenagem, Pedro optou por adotar o sobrenome Pascal, de sua mãe, em vez de Balmaceda, de seu pai. Apesar dos percalços, Pedro encontrou amparo na arte. Sua paixão por filmes e teatro o ajudou a superar os desafios da imigração e a construir sua identidade como artista. Sua grande oportunidade surgiu em 2013, quando sua amiga Sarah Paulson o indicou para Game of Thrones. Ele foi escolhido para viver Oberyn Martell, um dos personagens mais impactantes da quarta temporada (Cia dos Livros, 2023).
Após o sucesso em Game of Thrones, Pascal obteve papéis importantes em produções como Narcos, onde interpretou o agente da DEA Javier Peña, e The Mandalorian, no qual encarna o icônico Din Djarin, protagonista da primeira série live-actiondo universo Star Wars. Pedro Pascal se tornou um dos atores mais aclamados de Hollywood, atraindo fãs em todo o mundo com seu talento e carisma. Sua história é um exemplo de persistência e amor à arte, mostrando como sua experiência como imigrante influenciou sua carreira e sua visão de mundo.
Pedro Pascal tornou-se uma figura notável no apoio à comunidade trans. Com sua influência, ele tem defendido a causa e dado mais visibilidade a quem é frequentemente deixado de lado. É comum vê-lo manifestando apoio nas suas redes, a partir da divulgação de ações que protegem os direitos trans. A forma como ele se posiciona publicamente realça como a representatividade e o respeito são importantes, estimulando debates cruciais sobre a inclusão e a justiça social, tanto no mundo da arte como em outras áreas (VEJA, 2025).
Portanto, a jornada de Pedro Pascal como ator e imigrante pode ser analisada sob a perspectiva das ideias de Aníbal Quijano, sobretudo seu conceito de colonialidade do poder. Este autor, defendia que o colonialismo não findou com a independência oficial dos países latino-americanos, mas que continua existindo por meio de classificações raciais, culturais e de saber que organizam o sistema mundial contemporâneo (Quijano, 2005).
As ideias de Quijano (2005) demonstram como a presença de Pascal em Hollywood pode ser interpretada como uma forma de dar novo sentido à colonialidade. Sua chegada a papéis principais – como em The Mandalorian e The Last of Us – representa uma quebra com o pensamento comum que limita atores latino-americanos a papéis coadjuvantes ou estereotipados. Ao ocupar espaços de destaque, Pascal confronta o sistema que sempre marginalizou vozes não dominantes, incentivando maior pluralidade e valorização da identidade latino-americana em um cenário mundial (Quijano, 2005).
Sua jornada, por outro lado, espelha uma nova maneira de encarar a presença latina no cinema e na TV. Ao dar vida a papéis marcantes, Pascal questiona o que se esperava, ao mesmo tempo que destaca a força da diversidade nas histórias que o mundo todo acompanha. Ele motiva jovens artistas latinos a buscarem lugares que antes pareciam impossíveis, dando mais destaque a estas vozes na cultura mundial. Assim, sua trajetória mostra como a arte pode mudar ideias preconcebidas e criar um mundo mais aberto e diverso. (Quijano, 2005).
REFERÊNCIAS:
CIA DOS LIVROS. A trajetória de Pedro Pascal: de Game of Thrones, Narcos e The Last of Us. Disponível em: https://ciadoslivros.com.br/a-trajetoria-de-pedro-pascal-de-game-of-thrones-narcos-e-the-last-of-us/. Acesso em: 10 maio 2025.
DROPS DE JOGOS. Pedro Pascal: ator chileno conta como sua família fugiu da ditadura de Pinochet. Disponível em:
https://dropsdejogos.uai.com.br/noticias/cultura/pedro-pascal-ator-chileno-conta-como-sua-familia-fugiu-da-ditadura-de-pinochet/. Acesso em: 10 maio 2025.
ENCICLOPÉDIA BRITANNICA. Pedro Pascal. Disponível em: <https://www.britannica.com/biography/Pedro-Pascal>. Acesso em: 10 maio 2025.
VEJA. Como Pedro Pascal virou aliado da causa trans e inimigo de J.K. Rowling. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/tela-plana/como-pedro-pascal-virou-aliado-da-causa-trans-e-inimigo-de-j-k-rowling/. Acesso em: 10 maio 2025.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 227-278.
