
Joelma Costa e Marcelo Freitas – Acadêmicos do 5° semestre de Relações Internacionais da Unama.
Organizado pelo curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia (UNAMA), sob a coordenação da Prof.ª Sabrina Sena, o IV Fórum de Comércio Exterior será realizado nos dias 11 e 12 de junho. Promovido anualmente pelos acadêmicos do 5º semestre, o evento chega à sua quarta edição com o tema: “Diplomacia Verde e Comércio Exterior na Amazônia: Desafios e Oportunidades pós-COP30”. A proposta deste ano busca refletir sobre os impactos das novas diretrizes ambientais internacionais e suas implicações para a inserção da Amazônia no comércio global.
O Fórum contará com a presença de especialistas, representantes do setor empresarial e acadêmico, que discutirão os caminhos para promover um comércio exterior sustentável na região amazônica, especialmente diante das recentes pautas ambientais definidas durante a COP30. A programação abordará as potencialidades e os desafios da Amazônia no cenário internacional, destacando o papel estratégico da região na construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável.
A abertura oficial do evento será marcada pela Palestra Magna, no dia 11, com a participação do Prof. Dr. Mário Tito Almeida, docente do curso de Relações Internacionais da UNAMA, entre outros convidados. Esta conferência terá um enfoque abrangente e prospectivo, fomentando o debate sobre as oportunidades que a COP30 pode proporcionar para a região, ao estabelecer uma ponte entre as demandas globais e os produtos amazônicos com potencial de inserção internacional.
No segundo dia, os debates se aprofundam em torno de temas centrais para o futuro da Amazônia no comércio exterior. O Painel 1 tratará dos efeitos das legislações ambientais mais rigorosas, discutindo como tais normas podem tanto representar obstáculos quanto oportunidades para o comércio regional. Nesse contexto, serão exploradas estratégias como a adoção de certificações sustentáveis e selos de qualidade (como ISOs e certificações de origem), que agregam valor aos produtos amazônicos e ampliam seu acesso a mercados exigentes.
O Painel 2 abordará a bioeconomia como vetor de inovação e competitividade, com foco nos bioativos da floresta — como óleos essenciais, frutas nativas e plantas medicinais — e nas possibilidades de estruturá-los em cadeias produtivas sustentáveis, intensivas em tecnologia e conhecimento. Serão destacados o papel da ciência, das startups e a valorização dos saberes tradicionais como elementos centrais para o fortalecimento da presença amazônica no comércio global.
Já o Painel 3 discutirá a formação de parcerias internacionais a partir dos ativos estratégicos da Amazônia. O objetivo é refletir sobre mecanismos que possam garantir maior segurança jurídica e comercial, promovendo a região como um território confiável e atrativo para investimentos sustentáveis. Pretende-se, assim, consolidar a imagem da Amazônia como protagonista global de um modelo de desenvolvimento que alia crescimento econômico à preservação ambiental.
Sob a perspectiva do Construtivismo Social de Alexander Wendt, segundo o qual “a estrutura internacional é socialmente construída”, o IV Fórum de Comércio Exterior propõe uma leitura crítica das transformações em curso. Em A Teoria Social da Política Internacional (1999), Wendt argumenta que as estruturas do sistema internacional não são definidas apenas por capacidades materiais, mas principalmente por ideias compartilhadas, normas e práticas sociais. Como o autor afirma, “a estrutura só existe, tem efeitos e evolui porque há agentes e suas práticas” (WENDT, 1999, p. 184).
Nesse sentido, o Fórum evidencia que as novas normas ambientais e a crescente valorização da bioeconomia amazônica não se configuram apenas como respostas a interesses econômicos, mas como resultado de processos sociais que moldam identidades e comportamentos dos atores internacionais. Ao discutir os desafios e oportunidades pós-COP30, o evento reconhece que o futuro do comércio exterior na Amazônia dependerá não apenas de sua base de recursos naturais, mas sobretudo da capacidade da região de se adaptar, influenciar e incorporar essas novas normas globais.
Assim, as propostas de certificações sustentáveis, o fortalecimento da bioeconomia e a articulação de parcerias estratégicas refletem a construção de uma nova identidade da Amazônia: uma região que se posiciona como protagonista de um modelo de desenvolvimento econômico sustentável, inovador e socialmente responsável, em consonância com os princípios do Construtivismo Social e a redefinição dos interesses e comportamentos dos atores globais.
Dessa forma, o IV Fórum de Comércio Exterior da UNAMA se consolida como um espaço essencial para o debate crítico e propositivo sobre o papel da Amazônia nas dinâmicas do comércio internacional contemporâneo. Ao reunir acadêmicos, profissionais e representantes de diferentes setores, o evento não apenas amplia o conhecimento sobre os desafios e oportunidades da região, como também estimula a construção de soluções inovadoras e sustentáveis. Mais do que discutir caminhos, o Fórum busca formar uma nova geração de internacionalistas comprometidos com a transformação da Amazônia em um polo de desenvolvimento que respeite suas riquezas naturais, culturais e sociais, alinhando-se às agendas globais e contribuindo ativamente para um futuro mais justo, verde e integrado.
Referência:
WENDT, Alexander. Social Theory of International Politics. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. p. 184.
