
Marcela Além, acadêmica do 1° semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Lula, nasceu no dia 27 de outubro de 1945 em Garanhuns, município do interior de Pernambuco. Veio de uma família composta por oito irmãos, dos quais ele era o sétimo. Seus pais são Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Mello, ambos lavradores (Frazão, 2023).
No ano de 1952, sua família se mudou para São Paulo, fugindo da seca e da fome. Lula conseguiu seu primeiro emprego de carteira assinada aos 14 anos de idade, nesta época iniciou o curso de torneiro mecânico, tornando-se metalúrgico. Anos depois, ingressou em uma das maiores metalúrgicas do país, a Indústria Villares, onde teve seu primeiro contato com o movimento sindical por intermédio de seu irmão, José Ferreira da Silva, mais conhecido como “Frei Chico” (Frazão, 2023).
Ao longo de sua jornada já como membro do movimento sindical, “Lula”, como ficou conhecido entre os operários, chegou à presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo em 1975, quando passou a ser uma importante liderança operária, e esta representação lhe favoreceu para ser reeleito em 1978. Como presidente, comandou duas grandes greves operárias que paralisaram o ABC paulista. Em 1978, quando começaram a surgir novos partidos políticos, Lula aproveitou a influência obtida como presidente sindical e comandou a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) (Frazão, 2023).
Em 1982, se lançou como candidato ao governo de São Paulo, mas não conseguiu se eleger. Disputou sua primeira eleição para presidência da república no ano de 1989, porém só foi eleito em 2002, aos 57 anos de idade. Lula foi o primeiro presidente da república a não ter um diploma universitário. Em seu primeiro mandato, o Brasil começou a ter grandes avanços sociais, pois políticas que priorizaram as classes sociais mais pobres começaram a ser implementadas por seu governo (Frazão, 2023).
A partir de sua chegada à presidência, Lula também passou a imprimir uma nova identidade à política externa brasileira. É notório que seus dois primeiros mandatos (2003 – 2010) foram fundamentais para moldar a imagem internacional do Brasil frente a outros países. Assim, pode-se observar o impacto que ele teve no âmbito internacional quando a revista britânica The Economist separou 14 páginas para descrever como o país, repentinamente, passou a ter um papel de destaque no cenário internacional (BBC, 2022).
Em seu terceiro mandato, iniciado em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem direcionado a política externa brasileira para o fortalecimento do multilateralismo, a defesa da soberania nacional e a promoção de uma ordem internacional mais justa e equilibrada.
Dessa forma, o Brasil tem consolidado sua posição como um dos atores centrais no fortalecimento do BRICS, e priorizado a cooperação com países do Sul Global. Ademais, tem enfatizado a importância da colaboração internacional em áreas estratégicas como meio ambiente, segurança alimentar, transição energética e inovação tecnológica. Entre inúmeros feitos em sua política externa, a escolha de Belém como sede da COP30 é uma conquista recente que destaca o compromisso do Brasil com a agenda ambiental global (CEBRI, 2023).
A política externa adotada por Lula dialoga com os princípios da teoria decolonial das Relações Internacionais, formulada pelo sociólogo Aníbal Quijano. Esta teoria, fundamentada na crítica à “colonialidade do poder”, denuncia a permanência de estruturas de dominação herdadas do colonialismo. Segundo Quijano (2005, p. 124), “a colonialidade do poder consiste em um padrão de dominação que se sustenta na imposição do conhecimento europeu como universal”.
Nesse sentido, Lula critica a hegemonia do eurocentrismo e direciona sua diplomacia para o Sul Global, fortalecendo a cooperação entre países periféricos e buscando valorizar o hemisfério Sul, frequentemente invisibilizado nas estruturas internacionais.
Por fim, a atuação brasileira em fóruns como os BRICS e a realização da COP30 na Amazônia apontam para um saber que reconhece as marcas da colonialidade e propõe sua superação por meio da revalorização das identidades e dos saberes subalternizados (QUIJANO, 2005).
REFERÊNCIAS:
BBC News Brasil. O que esperar da política externa do governo Lula. BBC, 2022. Disponível em: O que esperar da política externa do governo Lula – BBC News Brasil Acesso em: 30 mai. 2025.
CEBRI. Perspectivas da diplomacia no terceiro governo Lula,2023-2026. Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), 2023. Disponível em: https://cebri.org/revista/br/artigo/73/perspectivas-da-diplomacia-no-terceiro-governo-lula-2023-2026. Acesso em: 31 mai. 2025.
FRAZÃO, Dilva. Lula (Luiz Inácio Lula da Silva). Ebiografia, 2023. Disponível em: Biografia de Luiz Inácio Lula da Silva – eBiografia. Acesso em: 30 mai. 2025.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. A Colonialidade do saber, eurocentrismo e Ciências sociais. Buenos Aires. CLACSO. 2005.
