Pedro Paes, acadêmico do 5° semestre de Relações Internacionais

Nascida em 21 de dezembro de 1937, na cidade de Nova York, Jane Seymour Fonda cresceu em um ambiente familiar imerso no mundo das artes. Filha do renomado ator Henry Fonda e da socialite Frances Ford Seymour, sua infância foi marcada tanto pela fama quanto também por dramas familiares, incluindo o suicídio de sua mãe quando tinha apenas 12 anos.

Após estudar em colégios de renome e aprimorar suas habilidades teatrais no Actors Studio, além de vivenciar a cultura parisiense, Jane iniciou sua trajetória no cinema, demonstrando talento e sensibilidade. Durante as décadas de 1960 e 1970, ascendeu como um dos maiores nomes de Hollywood. Suas atuações intensas lhe garantiram duas estatuetas do Oscar de Melhor Atriz e firmaram sua imagem como uma artista versátil e dedicada (Ebiografia, 2021).

No entanto, Jane expandiu sua atuação para além das telas, abraçando causas políticas e sociais que desafiavam os padrões conservadores da época e mostrando sua força nos bastidores. O ativismo político se tornou uma característica marcante de sua identidade.

Durante a Guerra do Vietnã, sua oposição ao conflito atraiu atenção, gerando tanto apoio quanto controvérsia principalmente após sua visita ao Vietnã do Norte, que lhe rendeu o apelido polêmico de “Hanoi Jane”. Paralelamente, ela defendia o feminismo, os direitos civis e as questões ambientais, usando sua visibilidade para denunciar injustiças e dar voz aos marginalizados (BBC News Brasil, 2020).

Na década de 1980, Jane surpreendeu ao se tornar um ícone do mundo fitness com a série Jane Fonda’s Workout, popularizando os exercícios aeróbicos e desafiando estereótipos sobre o envelhecimento e o corpo feminino. Ao mesmo tempo, manteve sua carreira no cinema e começou a produzir filmes com temáticas focadas na crítica social.

Nos anos 2000, após um período de menor exposição, Jane retornou com destaque à vida pública em projetos como a série Grace and Frankie e inovou ao retratar mulheres mais velhas com profundidade e protagonismo. Seu ativismo ambiental se intensificou, especialmente através de protestos climáticos que resultaram em sua prisão diversas vezes, reafirmando seu compromisso contínuo com o ativismo.

Sua vida pessoal se entrelaça com sua imagem pública. Seus casamentos com personalidades como o cineasta Roger Vadim, o ativista Tom Hayden e o empresário Ted Turner revelam diferentes aspectos de sua história: da objetificação imposta à estrela de cinema à mulher engajada na política e nos negócios. Como mãe e avó, ela também reflete sobre os diversos papéis atribuídos às mulheres pelo patriarcado e como ela tem aprendido a desafiá-los ao longo do tempo.

Em uma recente entrevista para a Forbes Brasil, Jane Fonda abre o coração sobre como enxerga o envelhecimento. Afirma, mesmo não se consiga viver mais tempo, é possível fazer a vida ter mais significado. Aos 86 anos, Jane fala sobre tudo o que enfrentou, desde problemas com a família até questões emocionais e como essas experiências ajudaram a moldar quem ela é hoje. Ela valoriza o autoconhecimento que veio com o tempo e mostra que viver com propósito e se engajar em causas que importam pode transformar tudo (Forbes, 2024).

Considerando a perspectiva feminista nas Relações Internacionais e o pensamento de Cynthia Enloe (1989), a história de Jane Fonda revela as ligações entre a vida privada e a esfera política. A autora Cynthia Enloe (1989), incentiva a examinar as nuances da opressão masculina tanto no dia a dia quanto no cenário global.

Ao circular entre o trabalho, as manifestações e a vida familiar, Fonda evidencia essas influências maiores. Ela emprega sua fama para criticar não só os conflitos e a injustiça, mas também o modo como o gênero influencia a política mundial. Deste modo, sua vida está de acordo com o desafio proposto por Enloe (1989): transformar o comum em um campo válido de estudo internacional.

Suas decisões, tanto no âmbito público quanto no privado, não são meros reflexos de suas crenças pessoais, mas sim ferramentas de oposição e mudança na sociedade. Ao expor as desigualdades e oferecer seu corpo e sua voz em prol de causas conjuntas, Fonda se estabelece como um símbolo de participação cidadã que vai além das estruturas de poder convencionais. Desta forma, ela reforça que entender o papel das mulheres nas relações
internacionais requer ir além das instituições formais, valorizando a importância
das vivências diárias na formação das dinâmicas globais (Enloe, 1989).

REFERÊNCIAS:

BBC News. Jane Fonda, a atriz que protesta pelo planeta e pelo feminismo há mais de 50 anos. BBC NEWS BRASIL, 2 de dezembro, 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55167082. Acesso em: 23 jun. 2025.

ENLOE, Cynthia. Bananas, Beaches and Bases: Making Feminist Sense of International Politics. SÃO PAULO: Editora Rosa Dos Tempos, 1989.

ENLOE, Cynthia. Maneuvers: The International Politics of Militarizing Women’s Lives. BERKELEY: University of California Press, 2000.

EQUIPE eBiografia. Jane Fonda. 20 de dezembro, 2021. Disponível em: https://www.ebiografia.com/jane_fonda/#google_vignette. Acesso em: 22 jun.
2025.

FORBES. Jane Fonda: “Você Não Pode Prolongar Sua Vida, Mas Pode Torná- la Mais Profunda”. FORBES, 2024. Disponível em: https://forbes.com.br/forbes- mulher/2024/09/jane-fonda-voce-nao-pode-prolongar-sua-vida-mas-pode-torna- la-mais-profunda/?amp. Acesso em: 22 jun. 2025.