Pedro Paes, acadêmico do 6° semestre de Relações Internacionais

Thiago de Ávila e Silva Oliveira nasceu no dia 26 de agosto de 1986, na capital federal, Brasília. Ainda bem novo, mostrou uma inclinação para causas que envolviam pessoas e a sociedade, o que o motivou a cursar Comunicação Social no Instituto de Educação Superior de Brasília. Enquanto estudava, engajou-se cada vez mais na política e em ações para a comunidade, sempre batalhando pelos direitos humanos e por um mundo mais justo.

Em 2009, criou a empresa Globalvisa, cujo objetivo era a prestação de focada em serviços para diplomatas e na facilitação de processos de vistos para estrangeiros, mas se afastou da empresa em 2020 para se dedicar totalmente ao ativismo humanitário em outros países (Exame, 2025). Seu trabalho como ativista começou a chamar atenção no Brasil e no mundo
quando ele participou de missões para ajudar pessoas em países como Cuba, Líbano e Bolívia.

Thiago obteve destaque midiático ao denunciar a violação de direitos humanos em cenários de conflitos armados e pelo suporte às vítimas dos referidos conflitos. Em 2022, ele concorreu a cargo de deputado federal pelo PSOL, mas em 2025 saiu do partido junto com o grupo Revolução Ecossocialista, mostrando que queria lutar de forma livre e sem amarras.

Um dos capítulos mais notáveis da vida de Thiago, foi sua colaboração com a Frota da Liberdade, um grupo global empenhado em desafiar o cerco israelense na Faixa de Gaza. Na ocasião, coordenou a equipe brasileira e integrou o conselho administrativo do grupo. Em junho de 2025, estava no navio Madleen, transportando ajuda médica e comida para os palestinos. A marinha de Israel parou o navio ilegalmente em águas internacionais, o prendeu e o expulsou do país.

O ativismo de Thiago Ávila em defesa da causa palestina vai além de atos isolados. Ele marcou presença no Encontro Internacional sobre Gaza, no Irã, e foi reconhecido pela Embaixada Iraniana no Brasil por seu trabalho de divulgação e apoio à causa. Sua ida ao velório de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, como cinegrafista, causou controvérsia, mas evidenciou sua dedicação em denunciar abusos de poder cometidos por nações em áreas de conflito (O Globo, 2025).

Em setembro de 2025, Thiago se juntou novamente à flotilha Global Sumud, uma expedição marítima que contava com ativistas como Greta Thunberg. Durante esta jornada, a embarcação foi alvo de um ataque de drones nas águas da Tunísia. Felizmente, apesar dos estragos, ninguém a bordo sofreu ferimentos. O incidente foi visto como uma forma de intimidação, mas Thiago e os outros ativistas permaneceram firmes no propósito de quebrar o bloqueio a Gaza e apoiar o povo palestino (Grigori, 2025).

Pode-se analisar a trajetória de Thiago Ávila sob a ótica da Teoria Crítica nas Relações Internacionais. Segundo Castro (2012), tal vertente surge como uma alternativa às abordagens tradicionais, como o realismo e o liberalismo, ao questionar não apenas a estrutura do sistema internacional, mas também as bases epistemológicas que sustentam estas teorias. Inspirada, principalmente, pela Escola de Frankfurt, a Teoria Crítica busca revelar como relações de poder, ideologias e estruturas sociais moldam a política mundial, enfatizando a necessidade de emancipação e transformação social.

De acordo com a visão de Robert W. Cox (1996), um dos nomes mais expoentes da Teoria Crítica, qualquer teoria beneficia alguém e visa um objetivo específico, ou seja, o conhecimento não é neutro, estando sempre atrelado a interesses e dinâmicas de poder. Ao distanciar-se de partidos convencionais e participar de iniciativas diretas, como a Flotilha da Liberdade, Thiago Ávila personifica essa contestação ao sistema internacional vigente, rejeitando a inércia das instituições e defendendo ações que promovam a emancipação dos indivíduos.

Portanto, seu ativismo internacional ao focar na solidariedade ao povo palestino e na denúncia de estruturas coloniais e imperialistas, demonstra o que Cox (1996) define como “Teoria Crítica voltada à transformação”, uma estratégia que não se limita a entender o mundo, porém inclui a busca por modificá-lo através de uma atuação política consciente e participativa.

REFERÊNCIAS:

GRIGORI, Pedro. Frota com Thiago Ávila e Greta Thunberg é atacada durante missão para Gaza. Correio Braziliense, Brasília, 9 set. 2025. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2025/09/7244301-frota-com-thiago-
avila-e-greta-thunberg-e-atacada-durante-missao-para-gaza.html. Acesso em: 20 set. 2025.

COX, Robert W. Forças sociais, estados e ordens mundiais: além da teoria das relações internacionais. In: GROOM, A. J. R.; LIGHT, Margot (Org.). Teoria das Relações Internacionais Contemporânea. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996. p. 51–82.

CASTRO, Thales. Teoria das relações internacionais. Brasília: FUNAG, 2012.

EXAME. Quem é Thiago Ávila, brasileiro preso por Israel a caminho de Gaza. Exame, São Paulo, 10 jun. 2025. Disponível em: https://exame.com/esg/quem-e-thiago-avila-brasileiro-preso-por-israel-a-caminho-de-gaza/amp/. Acesso em: 20 set. 2025.

O GLOBO. Brasileiro que levava ajuda humanitária a Gaza foi ao funeral de líder do Hezbollah e falou em evento pró-Palestina no Irã. O Globo, Rio de Janeiro, 9 jun. 2025. Disponível em: https://oglobo.globo.com/google/amp/brasil/noticia/2025/06/09/brasileiro-que-levava-ajuda-humanitaria-a-gaza-foi-ao-funeral-de-lider-do-hezbollah-e-falou-em-evento-
pro-palestina-no-ira.ghtml. Acesso em: 20 set. 2025.