
Gabriela Vaz,
acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
O passaporte musical desta semana é sobre o cantor, compositor, multiinstrumentista brasileiro, Milton Nascimento. Seu gênero musical é a música popular brasileira (MPB), cujas letras de suas composições abordam sobre amores, amizade, esperança, liberdade, justiça social e exaltação das mulheres.
Milton Silva Campos do Nascimento, nasceu no dia 26 de outubro de 1942, no Rio de Janeiro. Foi filho de uma diarista chamada Maria, que infelizmente faleceu quando ele ainda tinha dois anos (Nova Brasil, 2022). A partir daquele momento, o menino foi adotado e mudou-se para Três Pontas, em Minas Gerais. Sua mãe adotiva era professora de música e seu pai era dono de uma rádio. Diante disso, desde pequeno foi permeado pelo mundo musical (Nova Brasil, 2022).
Durante a infância, ganhou uma gaita e uma sanfona. Aos 18 anos, juntamente com Wagner Tiso e outros amigos, formou o grupo W’s Boys. Eles tiveram tanto sucesso, que foram convidados a participar do grupo Conjunto Holliday em Belo Horizonte (BH), local onde Milton gravou a canção “Barulho de Trem” (1960). Na época, ele formou com Lô Borges, Beto Guedes, Márcio Borges e Fernando Brant, o Clube da Esquina (Nova Brasil, 2022).
Passou-se um tempo e Milton Nascimento mudou-se para São Paulo em 1966, onde participou do 2º Festival da Música Popular Brasileira e conheceu Elis Regina, que gravou Canção do Sal, sua primeira música de grande repercussão nacional. Em 1967, teve três canções solos classificadas no Festival Internacional da Canção, entre elas Travessia, que lhe garantiu o segundo lugar e o prêmio de melhor intérprete (Nova Brasil, 2023). No ano seguinte, lançou Courage nos Estados Unidos, o que deu início a sua carreira internacional.
Na virada da década, consolidou-se com discos como Milton (1970) e, Clube da Esquina (1972), em parceria com Lô Borges, que se tornou um dos movimentos mais importantes da MPB. Nesse período, demonstrando resistência à ditadura militar, Milton fez canções como: “Coração de estudante”, “Menestrel de Alagoas” e “Nada será como antes”. Sua participação durante a ditadura foi ato de resistência cultural, demonstrando o papel da música como voz. Além disso a canção “O álbum “Milagre dos Peixes” (1973), foi censurado e proibiu grande parte das letras, transformando o álbum em obra instrumental (Memorias da Ditadura, 2025).
No ano de 1974, sua projeção internacional cresceu ainda mais com o disco Native Dancer, gravado ao lado do saxofonista Wayne Shorter. Algumas de suas canções mais conhecidas são: “Morro Velho” (1967); “Maria, Maria” (1978); “Canção da América” (1980); “Caçador de Mim” (1981); “Nos Bailes da Vida” (1981) e “Certas Canções” (1991).
Sua carreira é marcada por premiações importantes. O cantor conquistou o grammy na categoria World Music (1998), e foi indicado ao grammy por mais 4 vezes além da que ganhou, sendo a última indicação ao Grammy de 2025, indicaçãoao melhor álbum vocal de jazz “Milton + Esperanza”. Possui também doutorado Honoris Causa pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFJVM) e pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O artista teve sua despedida dos palcos em 2022.
A trajetória musical de Milton Nascimento pode ser relacionada com a teoria póscolonial das Relações Internacionais, que mostra como relações de poder e dominação da colonização ainda persistem, especialmente por meio do conhecimento ocidental. De acordo com Leela Gandhi no livro “Postcolonial Theory: A Critical Introduction” (1998), a escritora apresenta as identidades culturais representam uma forma de resistência e revelam o potencial do Sul Global.
Diante disso, as canções de Milton são compostas por uma valorização da música popular brasileira, de seus ritmos e sentimentos, além de acrescentar ritmos africanos que foram historicamente marginalizadas, representando-se como uma maneira de resistir a imposições culturais.
Ademais, o seu engajamento social e político, durante a ditadura militar, quando suas canções abordavam sobre liberdade, justiça social e esperança, mostra como os artistas atuam como agentes de resistência e de voz para grupos silenciados, reforçando a perspectiva pós-colonial de que cultura e arte podem ser instrumentos de emancipação e de questionamento das estruturas de poder.
Assim, o mundialmente conhecido, Milton Nascimento, apresentou a potência do mundo musical como forma de valorização dos ritmos brasileiros e como símbolo resistência em um período de autoritarismo.
REFERÊNCIAS
GANDHI, Leela. Postcolonial theory: a critical introduction. New York:
Columbia University Press, 1998.
MEMÓRIAS DA DITADURA. Milton Nascimento. Disponível em:
https://memoriasdaditadura.org.br/cultura/milton-nascimento/. Acesso em: 23
set. 2025.
NOVABRASIL FM. 15 curiosidades sobre a vida e carreira de Milton
Nascimento. Disponível em: https://novabrasilfm.com.br/notas-musicais/15-curiosidades-sobre-a-vida-e-carreira-de-milton-nascimento. Acesso em: 23 set.
2025.
NOVABRASIL FM. Carreira e principais sucessos de Milton Nascimento.
Disponível em: https://novabrasilfm.com.br/notas-musicais/carreira-e-principaissucessos-de-milton-nascimento. Acesso em: 23 set. 2025.
