
Ana Gabriela Silva – Acadêmica do 4º semestre de RI da UNAMA
A Guerra do Chaco foi um conflito territorial entre Bolívia e Paraguai que aconteceu entre 1932 e 1935. Esta região, apesar de seu clima muito difícil no verão, por ser muito quente, também continha estepes áridas e ricos pantanais no Norte e no Sul, já foi um local onde os espanhóis exploraram muita madeira, carnes e peles. Foi, praticamente, o território inicial da colonização espanhola, passando pelos rios Paraguai, Pilcomayo, Otuquis e Parapeti que se localizam no Paraguai, Argentina e Bolívia (Carvalho, 2025).
Na época do Vice-Reino do Rio da Prata (1776 – 1816), nome da administração do império espanhol na América, seu território abrangia o Paraguai, Argentina, Uruguai e Bolívia, ou seja, a região do Chaco estava inserida nesse domínio e era como se fossem um só território e a região de alguma forma, comum a todos. Foi no século XIX, quando esta entidade se desfez, que começaram as brigas pelo Chaco, exceto pelo Uruguai, que por questões de localização não tinha muito interesse na região, os outros queriam anexar o Chaco ao seu país (ibidem).
A Argentina e o Paraguai haviam firmado um acordo para dividir a região do Chaco entre si, coisa que desagradou muito a Bolívia, que ficou com o sentimento de violação a sua soberania e emitiu uma nota de protesto, já que os dois países haviam dividido toda região entre si sem levar em consideração que parte do território também “pertencia” à Bolívia. Não demorou muito para o Paraguai emitir uma resposta a nota dizendo que a região do Chaco era propriedade dos paraguaios, ficando esta tensão e desacordo entre os países por muito tempo (ibidem).
Nos anos seguintes, a disputa territorial entre Paraguai e Bolívia pelo Chaco permaneceu e não diminuiu, mesmo o Paraguai tendo se envolvido na guerra da Tríplice Aliança e Bolívia com demandas internas que a desestabilizou. As duas nações assinaram vários acordos ao longo de muitos anos para tentar chegar a um consenso, entretanto sempre tinha uma cláusula ou outra que não aceitavam e tudo foi culminando para o que aconteceu em 1932. A Bolívia tinha se tornado uma das maiores exportadoras de estanho, contudo perdeu o litoral para o Chile e o acesso ao rio Amazonas, depois que perdeu o território do Acre, prejudicando a economia do país (Carvalho, 2025).
Com a perda do acesso ao mar, perceberam que era possível navegar pelo rio Paraguai, porém precisavam conquistar toda região do Chaco, diante disto, em 1932 estourou o conflito entre Paraguai e Bolívia. Com aparente vantagem, a Bolívia possuía um exército maior e mais equipado; por conta da mineração, sua economia avançou mais do que a do Paraguai, e apesar de ter mais recursos sua estratégia de batalha era muito ruim, tinham um número maior de soldados, mas que chegavam à prestação no local da batalha, o que dava vantagem ao adversário (Neto, 2020).
O clima no local era muito quente, tinha pouca água e muitos dias de caminhada, os 700 soldados mal comandados não tinham chance contra os 2.000 soldados inexperientes do Paraguai, sendo que a Bolívia tinha mais de 5.000 homens para a guerra. No final, por conta de estratégias de batalha ruins, mal posicionamento e direcionamento do exército, o Paraguai venceu a batalha e expulsou o exército da Bolívia ficando com o território do Chaco (ibidem).
Pode-se concluir que não basta ter recursos e quantidade dentro de um exército, é necessário ter estratégia de batalha e planejamento. Foram anos de discussões, de acordos diplomáticos, de tentativas de chegar a um consenso para o território, porém não estavam de acordo, ou não era o suficiente, culminando na guerra, onde ocorreram várias perdas.
Referências:
CARVALHO, Gustavo Eberle. O Brasil e a Geopolítica da Guerra do Chaco. Brasília: FUNAG, 2025. https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1302. Disponível em Acesso em: 28 de set. 2025
NETO, Ricardo Bonalume. “Inferno verde”: Há 85 anos, terminava a Guerra do Chaco. Aventuras na História. 2020. Disponível em: https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/historia-guerra-chaco-inferno-verde.phtml. Acesso em: 28 de set. 2025
