
Sofia Dias Santos, acadêmica do 2º semestre de Relações Internacionais
Ficha Técnica:
Ano: 2014
Direção: Wes Ball
Gênero: Ficção científica, ação, aventura
Distribuição: 20th Century Fox
País de Origem: Estados Unidos
Maze Runner – Correr ou Morrer, adaptação cinematográfica do romance futurista de James Dashner e dirigido por Wes Ball, acompanha Thomas, que desperta dentro de um escuro elevador metálico em movimento sem lembrar-se de nada além de seu próprio nome. Ao sair, ele descobre “A Clareira”, um espaço aberto habitado por outros jovens em situação semelhante, todos cercados por um gigantesco labirinto repleto de criaturas mortais. (DORNELAS, 2020)
Sem memória de seu passado, os personagens precisam organizar-se, estabelecer regras internas e buscar estratégias de sobrevivência diante de constantes ameaças externas, enquanto vivem sob a vigilância de misteriosos “Criadores” e enfrentam a regra de que, a cada noite, as portas do labirinto se fecham e, pela manhã, se abrem novamente. A cada 30 dias, um novo garoto é enviado, e há dois anos os chamados “corredores” exploram o labirinto em busca de uma saída, tarefa dificultada pelo fato de que suas paredes se movem constantemente, tornando a sobrevivência e a esperança ainda mais desafiadoras. (DORNELAS, 2020)
Ao longo da narrativa, os personagens disputam posições de liderança, enquanto decisões estratégicas — como explorar o labirinto, organizar turnos de vigilância ou manter a ordem interna — evidenciam a centralidade da segurança como objetivo primordial. Cada indivíduo ou grupo age de maneira racional e pragmática, avaliando constantemente os riscos e benefícios de suas ações para garantir a própria sobrevivência.
Nesse sentido, a narrativa do filme funciona como uma metáfora das dinâmicas centrais da teoria realista das Relações Internacionais. Assim como o sistema internacional é caracterizado pela anarquia — ausência de uma autoridade superior capaz de garantir ordem e segurança — os jovens no labirinto vivem em um contexto sem governo central legítimo. Eles são obrigados a criar suas próprias estruturas de autoridade, regras e mecanismos de cooperação para sobreviver, ilustrando como a busca por segurança e sobrevivência molda comportamentos e relações em um ambiente hostil e competitivo.
No contexto de Maze Runner, a Clareira pode ser interpretada como um exemplo do estado de natureza hobbesiano descrito por Thomas Hobbes, importante filósofo do pensamento político clássico e precursor do realismo, no qual, na ausência de autoridade central, a vida é marcada pela incerteza, pelo medo constante e pela necessidade de autopreservação. (HOBBES, 1978)
Sem um governo ou regras impostas externamente, os jovens precisam criar suas próprias estruturas de liderança, normas internas e estratégias de sobrevivência para enfrentar as ameaças do labirinto. A vigilância, a disciplina e a organização coletiva funcionam como um contrato social implícito, garantindo relativa ordem e segurança em um ambiente hostil, onde a falta de cooperação ou a quebra das regras poderia significar a morte.
Assim, Maze Runner funciona como uma metáfora cinematográfica das dinâmicas presentes nas Relações Internacionais sob a perspectiva realista. O filme evidencia de forma clara a anarquia do ambiente em que os personagens estão inseridos, a constante disputa por poder, a centralidade da segurança e a inevitabilidade dos conflitos, mostrando como, mesmo em um universo fictício, as lógicas de sobrevivência, hierarquia e competição refletem princípios fundamentais da teoria realista.
REFERÊNCIAS
DORNELAS, Lucas. Resenha: Maze Runner – Correr ou Morrer, de James Dashner. Contudo e Entretanto, 15 out. 2020. Disponível em: https://contudoeentretanto.com.br/resenha-maze-runner-correr-ou-morrer-james-dashner/.
HOBBES, Thomas. Leviatã. Tradução de Roberto Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
